12 anos de trabalho ao serviço dos limianos
Victor Mendes cumpre o terceiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima. Olhando para trás, o autarca garante que, apesar de consciência tranquila em relação a todo o trabalho realizado, não conseguiu concretizar todos os projetos que tinha definidos para o concelho, nomeadamente a construção dos novos Paços do Concelho e a criação de um parque temático sobre a indústria da pedra e a floresta. Apesar disso, Victor Mendes assegura que estes foram “12 anos de trabalho ao serviço dos limianos”.
Depois de 20 anos de vida autárquica e apesar de estar a terminar o seu terceiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Victor Mendes garante que muito ficou por fazer. “Conseguimos concretizar muitos projetos, alguns deles verdadeiros sonhos que nunca pensamos possível materializar, mas que conseguimos tornar reais dentro daquilo que eram os nossos objetivos. Ainda assim, claro que muito fica por fazer e é isso que nos anima e nos faz continuar na vida autárquica. Ainda que possamos pensar que 12 anos para um presidente da câmara é muito tempo, a verdade é que, para alguns projetos, é pouco, sobretudo se falarmos de planos que envolvem recursos financeiros significativos. A verdade é que vão surgindo outras prioridades, como a atual pandemia, e esses projetos têm que ser relegados para segundo plano”.
O autarca advoga que a materialização de outros projetos não se revelou viável pelo caráter volátil da mensagem transmitida ao público, que se tornou aberta a interpretações equívocas, o que fez com que a população não tivesse percebido a dimensão e a importância do projeto. Como exemplo, o edil recorda o projeto para a construção dos novos Paços do Concelho, num espaço construído de raiz para esse efeito. “No projeto que tínhamos desenhado, o edifício camarário atual tornar-se-ia num Centro de
Conhecimento, com biblioteca, ludoteca, espaço internet, pelo que não perderia a sua utilidade e dignidade. Iriamos continuar a valorizar o edifício e a sua arquitetura”. De acordo com Victor
Mendes, a atual biblioteca seria reconvertida numa galeria de arte, solução que Ponte de Lima não dispõe neste momento. Por sua vez, o espaço que, atualmente, alberga o espaço internet e a ludoteca passaria a funcionar como Junta de Freguesia da Vila de Ponte de Lima.
O edil considera que esta mudança era necessária porque “a geometria dos atuais Paços do Concelho não se coaduna com o que se espera, hoje em dia, de um serviço público moderno e eficaz, pelo que tentamos que as pessoas percebessem que era necessária a construção de um novo edifício mais funcional, que desse uma resposta efetiva às necessidades dos serviços que dispomos, ao mesmo tempo que responda, condignamente, às necessidades dos nossos concidadãos”.
O autarca assegura que conhece os limianos e que se encontrava consciente da possibilidade de esta proposta de alteração encontrar resistência. “Apesar disso, no fundo, fui principalmente eu que não consegui passar a mensagem da melhor forma e convencer os limianos da pertinência de uma obra como esta e de todas as mais-valias que lhe estariam associadas. Claro que também houve aproveitamento político desta questão por parte da oposição e o projeto não ganhou a dinâmica que seria expetável. Apesar das contrariedades,
Victor Mendes está convicto de que as sementes estão lançadas e que, mais tarde ou mais cedo, este será um projeto concretizado por um futuro presidente e que terá o apoio de todos os limianos.
O Parque Temático
O autarca lamentou ainda não ter concretizado um outro projeto: a construção de um parque temático sobre a indústria da pedra e a floresta, que teria como objetivo sensibilizar todos os visitantes para a importância e riqueza da geologia e da floresta locais, abordando ainda a necessidade da preservação ambiental em prol das gerações futuras. “Este era um projeto único no País e de grande dimensão, sendo que este espaço constituir-se-ia como um importante polo turístico na região”, explica o edil.
De acordo com Victor Mendes, a não concretização desta ideia esteve relacionada com o facto de não ter sido possível assegurar a sua viabilidade do ponto de vista financeiro, uma vez que significaria um investimento na ordem dos sete milhões de euros. “Não consegui o seu enquadramento no âmbito
do Quadro Comunitário de Apoio que agora terminou. Ainda assim, estou convicto de que, mais tarde ou mais cedo, este projeto também será uma realidade na freguesia de Arcozelo, onde existe um conjunto de pedreiras desativadas, num enquadramento paisagístico e ambiental perfeito para um projeto como este”.
Apesar da frustração advinda do facto de não ter conseguido concretizar estes projetos, o autarca reconhece que é positivo que assim seja, “uma vez que é essa frustração que nos faz ter ambição para querer sempre ir mais além. Quando termina um mandato, a nossa primeira sensação é a de que fizemos tudo o que havia a fazer. Contudo, quando damos início a um novo ciclo autárquico, rapidamente percebemos que ainda existe muito a fazer. Assim, o facto de termos concretizado tantos projetos importantes para Ponte de Lima, deixando outros permanecer no papel, sem se terem tornado realidade, apenas mostra que fomos ambiciosos e que demos sempre o nosso melhor por este concelho”.
Obras marcantes
Olhando para trás, o edil afiança que foram imensas as obras realizadas ao longo dos últimos 12 anos. Questionado sobre aquelas que mais o marcaram,
Victor Mendes garante que as mais marcantes nem sempre são aquelas que significam um maior volume financeiro. “Muitas vezes marcam-nos as obras que mais demoramos a concluir e que mais nos obrigaram a lutar”.
Para o autarca, a demorada concretização de vários projetos muitas vezes não teve a ver com o volume financeiro em causa. “Falo, por exemplo, da reconstrução que acabou por ser uma construção quase nova de raiz, do açude no rio Lima, que permitiu aos nossos atletas do Clube Náutico voltarem a praticar canoagem no rio Lima. Não podemos esquecer que estão, em Ponte de Lima, os campeões nacionais e internacionais da modalidade, pelo que é importante que lhes continuemos a dar as condições necessárias para que levem o nome de Portugal e de Ponte de Lima a todo o Mundo. Com o novo açude já conseguimos organizar um Campeonato da Europa de Canoagem na Vila, sendo que vamos organizar o Campeonato do Mundo, em 2023”.
De acordo com o edil, outro projeto que demorou tempo em demasia a concretizar foi o da construção do Polo Empresarial do Granito, “resposta única no País e que vai permitir reconverter toda a área de transformação do granito em empresas sólidas e sustentáveis do ponto de vista ambiental e económico, ganhando escala para que possam ser competitivas a nível nacional e internacional. Este projeto já recebeu algumas menções nacionais e internacionais e foi apresentado como um bom exemplo de eficiência, complementaridade e de criação de sinergias entre os setores público e privado”.
Uma Autarquia de contas certas
“É importante que os autarcas façam sempre uma boa gestão entre os recursos disponíveis na Autarquia e aqueles que são os investimentos de importância para as populações nas mais diversas áreas, ponderando sempre todas as decisões, tudo para que estas nunca claudiquem o futuro. Nunca podemos hipotecar a sustentabilidade financeira de uma autarquia, sendo esse o grande desafio. Em 12 anos apenas recorremos a um único empréstimo, realizado recentemente e ao abrigo de uma linha bonificada, com taxa de juro de zero por cento, no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2020, que serviu apenas para uma maior robustez orçamental e para um melhor aproveitamento atempado de todos os fundos comunitários. Esta foi realmente uma situação excecional”, explica Victor Mendes que revela que a capacidade de endividamento do Município seja de 42 milhões de euros.
O autarca garante que, todos os anos, a Autarquia abdica de impostos na ordem dos 2.9 milhões de euros em prol dos limianos, uma vez que aplica as taxas mínimas em todos os impostos que resultam em receitas municipais. Apesar disso, o Município terminou o ano de 2020 como um saldo positivo superior a sete milhões de euros, “o que é significativo. Se, há 12 anos, esta era uma Autarquia sólida do ponto de vista financeiro, 12 anos depois, deixo-a numa posição consolidada, preparada para todos os desafios que possam surgir no futuro. Também nesta área fomos um bom exemplo para todos ao longo destes três mandatos”, completa Victor Mendes.
O autarca lamenta que a atual pandemia tenha afetado quase metade do seu último mandato. “Diria mesmo que este é o momento mais delicado e difícil de toda a minha carreira autárquica, ainda que também me tenha feito aprender muito e adquirir competências que nunca pensei ter. Devido à Covid tivemos que reformular, em tempo recorde, a forma de funcionamento desta Autarquia, reconvertendo, acima de tudo, a nossa estratégia, redirecionando-a para aquela que era já uma preocupação e aposta nossa: a componente social. Tivemos que nos reorganizar para que a Autarquia adquirisse uma maior folga orçamental que lhe permitisse ajudar todas as instituições de cariz social que laboram no concelho, ao mesmo tempo que prestávamos todo o apoio ao nosso tecido empresarial e, direta ou indiretamente, às próprias famílias que se viram privadas de parte do seu rendimento, em alguns casos, ou da sua totalidade em outros. Todos aqueles que atravessam dificuldades merecem a nossa atenção e disponibilidade para os ajudar”.
De acordo com o edil, a Autarquia de Ponte de Lima tem atribuído subsídios extraordinários às mais diversas instituições e entidades que atuam junto dos limianos. Adotou ainda uma maior redução e isenção de pagamento das mais diversas tarifas tanto para as famílias, como para as empresas. Também tem estado atenta à questão do isolamento de muitas famílias, sem qualquer tipo de retaguarda, prestando todo o apoio. O Município apoia ainda pessoas mais carenciadas através da distribuição mensal de cerca de 329 cabazes, cerca de 17 toneladas de alimentos. “Não queremos que ninguém passe fome em Ponte de Lima, até porque não existe essa necessidade, ainda que reconheçamos que os níveis de desemprego aumentaram na região, neste que era o concelho com uma das mais baixas taxas de todo o País. Claro que esta nova realidade nos levou a uma maior contenção do ponto de vista dos investimentos, contudo primeiro estão as pessoas. E porque primeiro estão as pessoas e a sua segurança também cancelamos dezenas de eventos que são já uma referência nacional e internacional, mas não poderia ter sido de outra forma. Neste momento, o nosso principal objetivo deve ser a saúde de todos os limianos, contrariando os impactos negativos que esta doença está a ter do ponto de vista económico e, acima de tudo, social”, conclui Victor Mendes.