A Contaminar a zona centro do país

Juntamente com Joel Esperança e Ruben Vaz, fundadores da Contaminar, são sócios Eurico Sousa e Joaquim Duarte. Os quatro arquitetos, saídos da ARCA-EUAC, têm contaminado a zona Centro do país com um estilo arquitetónico reconhecido, desde 2005.
Joel Esperança decidiu passar pouco mais de um ano no departamento de arquitetura da Escola Universitária das Artes de Coimbra, antes de criar a sua própria empresa. A primeira obra que realizou foi juntamente com o arquiteto Joaquim Duarte para a habitação do próprio irmão. “Sempre achei que a arquitetura deve ser um momento de partilha entre pessoas”, afirma.
Ruben Vaz começou o seu percurso na Figueira da Foz, onde estagiou num gabinete de arquitetura.
Após o primeiro projeto, surgiram novas oportunidades que levaram Joel a convidar o seu colega de curso a participar.
“O Joel, quando lança a primeira pedra, já tem todo o castelo visualizado na cabeça. Eu seguia mais inocentemente”, confessa o arquiteto Ruben.
O mais novo, “reservado e observador” dos quatro sócios, é Eurico Sousa que conheceu os futuros sócios através de seu pai, aquando a execução das carpintarias de duas obras dos arquitetos da Contaminar. Para a sua tese de mestrado, escolheu o arquiteto Joel Esperança como tutor e, em seguida, foi convidado a estagiar na Contaminar. Após a conclusão do estágio, em 2014, Eurico foi convidado a ficar na empresa.
Joaquim Duarte foi o último a ingressar na Contaminar, no ano de 2016. Uma vez terminados os estudos, começou por trabalhar com alguns professores em Coimbra, em seguida, ingressou numa entidade pública em Leiria, onde trabalhou durante dois anos. Não sendo este o objetivo de carreira do arquiteto, foi executando projetos sozinho ou com colegas, inclusive com o arquiteto Joel
Esperança, até este lhe propor trabalhar na Contaminar.
A contaminação tornou-se viral
Fundada em 2005, a Contaminar conta com quatro sócios, inicialmente apenas com Joel Esperança e Ruben Vaz e, mais tarde, com Eurico Sousa e Joaquim Duarte. “Contaminar porque nós queríamos que o nome fosse forte e desconcertante ao mesmo tempo. O mais importante é que se tornou num prefixo, ‘Contaminar’ aparece antes de qualquer um de nós, e depois queríamos que se tornasse viral”, afirma Joel Esperança, explicando a origem do nome da marca. Os arquitetos realizam projetos, maioritariamente, na zona Centro do país, ou seja, Leiria, Coimbra, Santarém e Lisboa, isto para 70% de clientes finais e 30% de clientes empresariais.
Quase todos os clientes são desconhecidos para os arquitetos, desta forma, criaram um questionário para compreender melhor quais os gostos, expetativas e traços de personalidade de cada um dos clientes, no âmbito de realizar um projeto totalmente à medida para cada cliente. Cada obra tem o seu conceito, tem que contar uma história, sendo esta o mais sensorial possível. Toda a equipa da Contaminar é completamente diferente, mas complementar.
A pegada ecológica da Contaminar
Os arquitetos utilizam, sempre que possível, materiais provenientes de fornecedores locais e nacionais, em último recurso serão importados materiais do estrangeiro. Quando é pedido para explicar como é feita a escolha dos materiais para cada construção, Joel Esperança afirma:
“Muitas vezes, a materialidade da obra vai acontecendo naturalmente, não forçamos as coisas, são horas e horas a discutir entre nós e com o cliente”. O mesmo acontece em relação ao método de construção onde “o próprio projeto determina o sistema construtivo”.
Muitos fatores estão envolvidos na parte ecológica de uma construção, tais como a localização, o terreno e o orçamento que o cliente dispõe. No que diz respeito a medidas ecológicas que possam ser tomadas pelos arquitetos, Joel Esperança explica: “Quando falamos sobre o aspeto ecológico, não se trata apenas de colocar um painel solar. Se formos encontrar os materiais locais, o impacto ambiental será mais reduzido, do que se importarmos uma pedra de África”. “Por norma, nas nossas obras, o terreno é pouco modelado, tentamos sempre deixá-lo no seu estado natural, reduzindo a pegada ecológica”, complementa o arquiteto Ruben Vaz.
Projetos com impacto
Quando questionados sobre quais os projetos que tiveram maior impacto na empresa, de forma unânime, os arquitetos Joel e Ruben falam da Casa da Codiceira, como sendo a origem da Contaminar. “Aquela obra fez-nos acreditar que não devemos obrigatoriamente esquecer o que fazíamos na universidade, ‘Têm de fazer casinhas para clientes, normalizadas’, e não, afinal aquilo que é utopia na universidade é possível na realidade”, confessa Ruben Vaz.
O futuro do atelier
O primeiro passo que os arquitetos estão a dar para o crescimento da Contaminar, é a mudança de instalações.
Na medida em que o gabinete comporta mais três colaboradores, para além dos quatro sócios, o espaço atual tornou-se reduzido. Os arquitetos confessam, ainda, que “algo que a Contaminar ambiciona é contaminar”.
“O primeiro traço que nós vamos fazer, vai-nos traçar a vida”
“O que se torna cada vez mais difícil para um português é dizer ‘não’, e muitas das vezes é necessário dizer que não. Essa poderá ser das maiores dificuldades”, explica o arquiteto Joel Esperança. “O primeiro traço que nós vamos fazer, vai nos traçar a vida”, continua o arquiteto Ruben Vaz.
“É uma constante aprendizagem”, finaliza o arquiteto Joaquim Duarte.