A quebrar barreiras desde 1990

A empresa Aníbal Oliveira Cristina, base do atual grupo AOC, tem demonstrado, ao longo dos tempos, diversas vantagens competitivas que determinaram a sua diferenciação progressiva no mercado. Contando com uma experiência significativa na implementação de projetos de engenharia e elevada competência técnica e de gestão na área de construção civil, soluções sempre focadas num serviço de qualidade aos clientes, a Aníbal Oliveira Cristina tem promovido o seu crescimento no mercado com uma imagem cada vez mais sólida no panorama mundial.
O Grupo AOC – Aníbal Oliveira Cristina nasceu em 1990 vocacionado para o setor da engenharia e da construção civil. Hoje em dia, esta área de negócio ainda representa o maior volume de faturação da empresa e continua a ser aquela pela qual a Aníbal Oliveira Cristina é mais conhecida no mercado. Mais tarde, em 2006, a empresa apostou na área da metalomecânica, com a produção de serralharias. Evoluindo para o fabrico de estrutura metálica, em 2014 certificou a sua produção com a marcação CE.
Direcionada para a prestação de serviços na área da construção civil e obras públicas, quase sempre como empreiteiro geral, a Aníbal Oliveira Cristina tem vindo a exportar a sua marca ao longo dos últimos anos, tendo iniciado o seu percurso em Espanha e na Suécia. Contudo, rapidamente a atuação do Grupo estendeu-se a outros continentes e, em 2019, a empresa tem no seu portefólio diversas obras realizadas em países como Moçambique, Cabo Verde, França ou Alemanha, disponibilizando sempre uma equipa técnica altamente qualificada, pronta para a resolução de qualquer desafio, garantindo sempre elevados índices de qualidade. Apresentando soluções que passam desde projetos de menor escala até às grandes estruturas metálicas complexas, a empresa também apresenta um vasto currículo de obras em território português, de norte a sul do país. Atualmente, o mercado português representa 95% da faturação anual da empresa. “A nossa atividade, em Portugal, desenvolve-se ao nível do comércio, na área dos supermercados, na área da logística e, claro, na indústria”, salienta Aníbal Cristina, proprietário do Grupo.
Acompanhamento do cliente até final da obra
No que concerne ao mercado externo, o empresário salienta que a empresa explora o mercado de “mãos dadas” com os seus clientes, pois são eles, “através de uma relação próxima de qualidade e de confiança, que nos levam a entrar em novos territórios, uma vez que realizamos um acompanhamento constante da obra”. Aníbal Cristina acrescenta: “Muito do nosso ADN passa por irmos atrás do cliente. Isto faz com que nos desloquemos ao estrangeiro, já que o nosso cliente tem uma obra lá. Assim, deslocamo-nos, realizamos o acompanhamento técnico e voltamos. Nem sempre estes trajetos implicam que nos mantenhamos lá. Apesar das nossas filiais em França, Moçambique e Cabo verde, a nossa base ainda passa pelo acompanhamento total do cliente até ao final da obra. Só depois de concluídos todos os trabalhos é que regressamos”. O Grupo AOC conta atualmente com uma equipa de 200 pessoas nos quadros. Contudo, apesar da vasta equipa, o empresário confessa que, ao longo dos anos, já perdeu alguns colaboradores, que não podem regressar a Portugal, por responsabilidades que assumem durante os projectos no estrangeiro. “Como operamos a partir de Portugal, não podemos comparar a realidade económica e a segurança financeira que as pessoas conseguem quando emigram. Esta diferença faz com que alguns trabalhadores optem por permanecer nesses mercados”.
Olhando para a crise que afetou o setor em meados de 2010 e que levou ao abandono do mercado por parte de muitas empresas, Aníbal Cristina confessa: “Muita gente saiu do setor. Mais de 80% das pequenas e médias empresas desapareceram do mapa, pura e simplesmente. Os serralheiros, os pintores, os obreiros, todos eles ou emigraram ou mudaram de área profissional. Atualmente existem muito menos empresas no setor em Portugal, e as que existem estão, obviamente, cheias de trabalho. Se quisermos crescer um pouco mais, infelizmente, temos que recrutar pessoal no estrangeiro”. O empresário explica como o processo de recrutamento foi sendo invertido ao longo dos últimos anos: “O que se passou na última década foi que enviamos a nossa mão de obra para fora, para agora termos que recrutar mão de obra estrangeira. Além disso, acabámos com as empresas existentes, bem estruturadas, e agora o mercado é inundado por empresas internacionais. Infelizmente este é o resultado de uma má política. Há mais de uma década que as associações de construção alertaram para este cenário e nada se fez. O Governo nada fez para ajudar as empresas bem estruturadas que existiam no mercado”. Para Aníbal Cristina se, no seu devido tempo, estas questões tivessem sido acauteladas, a economia portuguesa teria sido compensada no futuro, nomeadamente através da exportação de todos os bens associados ao sector da construção. “Creio que o plano correto teria sido procurar conhecimentos no estrangeiro, recrutar projetos financiados e, a partir daí, as empresas só precisariam da porta aberta e de seguros para poder operar. Além disso, quando uma empresa de construção vai para fora de Portugal, leva muita mercadoria consigo, como as torneiras, as sanitas, os tijolos, ou seja, uma panóplia de empresas que iam atrás da obra e não faliam, o que significava que essas mesmas empresas estariam a exportar para nós, e ajudariam a equilibrar a balança. Contudo, como nada disto foi feito, alguns de nós fomos para o estrangeiro, mas por nossa conta e risco. Ninguém nos ajudou. Alguns deram-se bem mas, infelizmente, nem todos tiveram essa sorte”, conclui o empresário, que faturou mais de 30 milhões de euros em 2018.
“As escolas profissionais não existem. Acabaram com todas”
Olhando para o futuro, Aníbal Cristina reconhece que o mercado português sentirá um abrandamento, o que fará com que o Grupo AOC equacione a presença em novos mercados, sem abdicar necessariamente dos já existentes. Seja como for, o empresário alega que a maior dificuldade para a empresa será recrutar e formar mão de obra especializada na área de construção. Para Aníbal Cristina o Estado deveria ter um papel mais interventivo de forma a equilibrar as saídas profissionais no futuro. “As escolas profissionais, hoje em dia, em Portugal, não existem. Existem muitas agora só que não têm o ensino para as profissões de pedreiro, eletricista, canalizador, serralheiro, etc. O Estado devia tentar levar outras pessoas para as chamadas atividades de «saber fazer». Devia-se recrutar tudo que é obreiros, eletricistas e outros agentes da área, e criar escolas de formação nestas áreas. Já tentámos criar essa ponte, mas colocam-nos uma data de barreiras e burocracias que impedem qualquer celeridade no processo”, explica Aníbal Cristina, que completa: “Há jovens com capacidades enormes, mas que não têm aptidão para continuar os estudos. Assim, deviam recrutar esses jovens nessa fase, dar-lhes acompanhamento e as escolas podem trabalhar connosco. Eu crio as instalações se for preciso. Não devem forçar um jovem a uma escolaridade que ele não quer e não reconhece. Deviam prepará-lo para uma integração efetiva no mercado de trabalho, se é essa a sua escolha”.
Segundo Aníbal Cristina, a forma como os trabalhadores do setor são encarados também não ajuda: “Ainda há um certo estigma em desvalorizar este tipo de trabalho, o que para mim não faz sentido. Há que ter noção de que a construção, hoje, já não é um trabalho tão duro como era há 20 ou 30 anos atrás. Além disso, falamos de profissionais bem remunerados. Atualmente existem pedreiros a ganhar mais do que engenheiros. E não se trata da questão de ser justo ou não. O que dita o preço é a lei da oferta e da procura e a procura não foi regulada na última década”, conclui o empresário.