Afirmar a marca Belmonte

António Dias Rocha, presidente da Câmara Municipal de Belmonte, acredita que apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia os projetos que planeados para o presente mandato, poderão vir a ser uma realidade a curto prazo, de forma “a potenciar o desenvolvimento e progresso concelhios, até porque as populações bem o merecem. Queremos promover e afirmar cada vez mais a marca Belmonte, tornando-a um símbolo de turismo diferenciado e de qualidade”.
“A atual pandemia causou consequências devastadoras no mundo inteiro. No caso de Portugal, a realidade também foi complexa, pelo que Belmonte não poderia ser exceção. Estes foram dois anos de paragem total, até mesmo ao nível do investimento, uma vez que o nosso grande foco foi o combate a esta pandemia.
O Município investiu milhares de euros no auxílio à população, empresas e instituições particulares de solidariedade social, instituições da área da saúde, do ensino e da proteção civil. Este foi um esforço financeiro e humano muito grande que tivemos que realizar. Felizmente, os nossos esforços parecem estar a resultar.
O autarca reconhece que a pandemia alterou significativamente a vida de todos os belmontenses e sobretudo quanto às apostas na área do turismo. O Covid-19 fez com que o esforço não pudesse ser compensado.
O Município de Belmonte possui uma localização geográfica magnífica é dotado de bons acessos, o que se torna numa mais-valia, a que se junta a sua história e passado. Em Belmonte nasceu Pedro Álvares Cabral. Aqui existe uma importante comunidade judaica que apresenta características únicas na Península Ibérica, assim como, a rede de museus temáticos que também deve ser motivo de visita. Para além isso temos paisagens magnificas e a proximidade à Serra da Estrela.
Estavam assim reunidas as condições para que o turismo se tornasse um importante setor da economia local. Já tinha sido atingida a marca dos 120 mil visitantes, valor muito significativo para o concelho e as projeções mostravam-se muito animadores para 2020, realidade que não se concretizou, uma vez que o setor do turismo ficou completamente estagnado. Os restaurantes e as unidades hoteleiras tiveram que fechar devido às regras do estado de emergência vivido por todo o país. O pequeno comércio local também foi muito penalizado”.
Apesar de todas as contrariedades, António Rocha assevera que a esperança tem que continuar a ser forte e “temos que acreditar que o pior já passou e que, a partir de agora, tudo irá melhorar. A verdade é que temos todas as condições para a retoma que virá e estamos confiantes de que será possível avançar com os projetos que ficaram adiados”.
Passado frustrante, presente promissor
“Claro que termino este mandato com alguma frustração em consequência de todos os projetos que não pude realizar e das consequências que a pandemia trouxe ao concelho, sem que o pudéssemos evitar. Apesar disso, estamos agora a retomar a nossa atividade e a reativar todos os projetos, acreditando que o Programa de Recuperação e Resiliência no âmbito da União Europeia também possa contemplar o Interior do País, particularmente a Belmonte. “Assim vamos continuar a apostar em projetos que julgamos serem da máxima importância para o Município, potenciando o seu desenvolvimento e progresso, até porque as populações bem o merecem. Além disso queremos promover cada vez mais e afirmar a marca Belmonte, tornando-a um símbolo de turismo diferenciado e de qualidade”, afirma o autarca.
Assim, de acordo com António Rocha, a estratégia do Executivo para 2021, “ano de muitas exigências e rigor, mas que esperamos todos que seja também de esperança e de libertação das amarras criadas durante este nefasto ano de 2020”, está assente em dois vetores estratégicos: a estabilidade económica e financeira do Município e a concretização de um plano de investimento, constituído por um conjunto de obras públicas e também de índole privada. “Esperamos que seja possível correr atrás do tempo perdido e conseguir a recuperação”. Assim, o primeiro vetor passa por concretizar a “consolidação do passivo a curto e médio prazo da Autarquia, através da formalização e utilização de empréstimo bancário inerente à implementação do plano de saneamento financeiro”. Já no plano dos investimentos está prevista a execução de diversas obras financiadas por fundos europeus.
Neste âmbito, o autarca destaca projeto museológico a concretizar no interior do Castelo de Belmonte, “um dos nossos ex-líbris”, e que prevê a requalificação da Torre de Menagem do mesmo. A recuperação da Torre de Centum Cellas e a criação de um Centro Interpretativo daquele espaço enigmático “sonho que tínhamos e que vamos agora concretizar. Existem várias teorias que explicam a existência desse monumento histórico, sendo que todas elas estarão descritas no novo centro, dando a possibilidade ao visitante de conhecer a história do sítio arqueológico.
Acredita que esta obra magnífica possa começar brevemente, até porque a recuperação deste equipamento trará valor acrescentado à promoção e desenvolvimento deste concelho, ao mesmo tempo que continuaremos a acreditar nas suas potencialidades.”. A obra está orçada em cerca de 600 mil euros e contempla ainda melhorias na iluminação e em toda a zona envolvente.
António Rocha revela que o Município também assinou protocolo com a Universidade Lusófona, no sentido de conseguir abrir um novo polo de ensino superior em Belmonte, “o que será uma importante mais-valia, uma vez que, para além de atrairmos jovens que viriam para o concelho estudar, estaríamos a potenciar a fixação das pessoas, combatendo a desertificação”.
Como, de acordo com o autarca, a criação de emprego é outro fator preponderante para a fixação das pessoas, o Município também vai apostar na criação de uma nova área de acolhimento empresarial, sendo que já apresentou a candidatura para a obtenção de comparticipação para este projeto através de fundos europeus. “O nosso parque empresarial está completamente cheio. Este é um projeto de futuro até porque somos um concelho conhecido pelas suas empresas que laboram na confeção de roupa para homem e essa é uma aposta que queremos manter, até porque ainda existem algumas empresas localizadas em Belmonte que se dedicam a este setor e que empregam centenas de pessoas. Apesar disso, por outro lado, também queremos diversificar o tipo de empesas que existem, por forma a que não estejamos dependentes apenas de um setor”. O presidente acrescenta ainda que vários projetos hoteleiros na região que estiveram parados devido à pandemia, vocacionados para Turismo Sénior de Alta Qualidade, poderão agora ser retomados, “tudo para que possamos receber com toda a qualidade um número ainda maior de pessoas”.
António Rocha esclarece também que o Município quer contribuir para a concretização de um projeto existente que prevê a criação de um equipamento especialmente vocacionado para a área da demência que promova “a equidade e qualidade de vida de pessoas com demência, familiares e cuidadores”. Assim, a estrutura onde, em tempos, se iniciou a construção de um lar, em Caria, junto ao pavilhão gimnodesportivo local, vai ser aproveitada para esta nova resposta, estrutura que vai servir utentes de três concelhos: Belmonte, Fundão e Covilhã. “Estamos satisfeitos por aproveitar esta estrutura para um serviço que não existe muito no País”, afirma o autarca. Este projeto significa um investimento na ordem dos quatro milhões de euros e a criação de mais de uma centena de postos de trabalho.
Este projeto é promovido pela Plataforma Supra Concelhia de Intervenção
Social da Cova da Beira, constituída pela misericórdia de Belmonte, Mutualista Covilhanense e Associação de Solidariedade Social de Silvares. A unidade terá uma capacidade para 80 utentes e será financiada por capitais públicos e privados.
Entretanto, foram submetidas várias candidaturas no âmbito da regeneração urbana, que dizem respeito à requalificação da zona Norte e Sul da Rua Pedro Álvares Cabral, em Belmonte e requalificação dos arruamentos do Centro Histórico da Vila de Belmonte.
Está também projetado pela autarquia, uma via paralela à rua principal de
Belmonte, a Pedro Álvares Cabral, para que o trânsito flua de melhor forma, bem como uma via de acesso direto ao nó sul de Belmonte/Caria da A23.
Sendo que são algumas das várias intervenções que o Município pretende levar a efeito. Relativamente à requalificação da rede viária municipal, irão ser recuperadas diversas estradas que se encontram em estado avançado de degradação provocado pelo tráfego pesado que se fez sentir durante a reconstrução da Linha da Beira Baixa. As boas acessibilidades são uma das preocupações a ter em conta, num Município que diariamente recebe muitos turistas. Proceder-se-á também a intervenções nas estruturas de abastecimento de água e de saneamento que estão degradadas e onde é necessário intervir. Outra das intervenções previstas tem a ver com a colocação de fibra ótica que possa servir toda o território municipal.
No que concerne ainda às acessibilidades, António Rocha afirma estar confiante de que a reabertura da Linha da Beira Baixa, depois da intervenção que foi realizada e que era tão necessária, também irá contribuir significativamente para o crescimento turístico do concelho, “até porque a paisagem na região da Serra da Estrela é muito bonita e, certamente, irá atrair cada vez mais turistas, tanto nacionais como internacionais. “Esperamos ser visitados brevemente por muitas pessoas, sendo que estaremos sempre de braços abertos para as receber”.
O combate à pandemia
No combate a esta pandemia, “o Poder Central fez o que podia, tendo os municípios assumido parte da responsabilidade na ajuda e apoios dados a empresas, instituições e população em geral, até pela nossa proximidade. Considero que o Governo e o Primeiro-ministro tiveram muito bom senso na gestão de todo este processo. Apesar disso, foram vários os apoios concedidos, sendo que estes já ultrapassaram os 650 mil euros, valor elevado para um pequeno município como o nosso, mas que foi necessário e que valeu a pena efetuar. Julgo que a população também reconhece que o esforço foi compensado”, refere o autarca.
Entre as várias medidas tomadas, António Dias Rocha destaca a entrega de equipamentos de proteção individual a toda a população, “muita dela idosa e, por isso, mais frágil perante esta doença, daí que as campanhas de informação e sensibilização que levamos a cabo também tenham desempenhado um importante papel. Foi feito um trabalho de proximidade e articulado com os quatro lares de idosos que existem no concelho, assim como com a corporação local de bombeiros e todas as entidades ligadas ao setor da saúde, aos quais foram entregues centenas de equipamentos de proteção individual”.
O presidente revela que o Município também criou uma linha de apoio social de proximidade para atender às necessidades mais prementes. Este serviço de atendimento telefónico permitiu apoiar as pessoas na aquisição de bens essenciais, realizar outras tarefas identificadas como fundamentais e encaminhar para a linha de apoio psicológico todos aqueles que necessitassem dessa resposta. “Conseguimos ainda prevenir situações de risco, sinalizar, encaminhar e acompanhar situações de fragilidade social para instituições ou serviços existentes, bem como apoiar na procura de emprego ou valorização profissional”. Esta iniciativa contou com a colaboração do Projeto Esperança, no âmbito do Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS 4G) de Belmonte.
No que concerne às escolas, o autarca sublinha os apoios concedidos aos alunos mais carenciados, para que pudessem adquirir equipamentos informáticos e, desta forma, continuar a assistir às aulas, mesmo quando o ensino passou para a modalidade de ensino à distância. Bem como o fornecimento de refeições a todos os necessitados.
“Claro que também não podíamos esquecer o setor da cultura que foi tão afetado com esta pandemia e, assim, criámos uma bolsa de apoio à atividade artística no valor de 15 mil euros para ajudar os profissionais face às dificuldades criadas pela covid-19”, enfatiza António Rocha que explica que podem candidatar-se a este apoio artistas em nome individual ou coletivo e coletividades artísticas existentes no concelho, profissionais ou semiprofissionais nas áreas da música, das artes performativas, da fotografia ou do cinema e da pintura, entre outras.
Por fim, no que concerne à campanha de vacinação, o autarca garante que esta está a correr muito bem e acredita que, a breve trecho, “até porque este é um concelho pequeno, conseguiremos atingir a imunidade de grupo, até porque mais de metade da nossa população tem mais de 50 anos de idade. Assim, as pessoas com mais de 80 anos já foram todas vacinadas, assim como os bombeiros, forças de segurança, profissionais da saúde e do setor social e agentes educativos. Neste momento já estamos a vacinar os maiores de 60”.
António Rocha espera que as pessoas acreditem que vão vencer esta guerra, ainda que também reconheça que a vida nunca mais será vivida da mesma forma. Apesar disso, “temos que acreditar nas potencialidades do nosso concelho e nas possibilidades que este tem de crescimento e de desenvolvimento económico. Cá estaremos para criar as situações de bem-estar e de estabilidade que as pessoas merecem. Queremos que as pessoas se sintam bem aqui e que percebem que podem criar aqui os seus filhos. Quanto aos mais velhos, é importante que percebam que aqui podem viver de forma livre, sossegada, rodeados pela natureza e pela calma, depois de tantos anos de árdua labuta. Espero que as pessoas amem este concelho tanto como eu. Estamos confiantes no futuro e acreditamos que um concelho com o passado que Belmonte tem, só poderá ter um bom futuro”, conclui.
Mandatos de seis anos
“Concordo que seriam mais vantajosos dois mandatos de seis anos, em detrimento de três mandatos de quatro, como acontece na atualidade. O primeiro mandato é sempre de aprendizagem. O autarca tem que conhecer os dossiers, a forma de funcionamento da Autarquia, a sua situação financeira, entre outros. Só depois disso poderá apresentar projetos e abrir concursos. As obras têm depois que ser adjudicadas e, em muitos casos, passar pelo crivo do Tribunal de Contas. Assim, quando a obra começa o mandato está a terminar, o que não faz sentido, daí que fossem muito mais proveitosos mandatos de seis anos”.