Capital dos Açores da Vinha e do Vinho

Em entrevista ao Empresas+®, José Soares, presidente da Câmara Municipal da Madalena do Pico, convida todos os portugueses a visitarem a Capital dos Açores da Vinha e do Vinho, repleta de paisagens únicas já classificadas como Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha e como Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO.
A bonita vila da Madalena situa-se no extremo ocidental da Ilha do Pico e é a grande produtora do famoso Vinho dos Açores, da casta verdelho, que durante anos determinou o estilo de vida das populações locais.
Graças às excelentes condições climatéricas, complementadas pela riqueza dos solos vulcânicos, a Madalena conseguiu criar uma paisagem vínica única, classificada como Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico e Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.
A verdade é que o desenvolvimento do concelho da Madalena e a produção vitivinícola são indissociáveis e construíram a história deste Município. O vinho produzido nestas terras é conhecido em todo o mundo e apelidado por muitos como o verdadeiro néctar dos deuses.
Alicerçado na produção do vinho, o fenómeno do enoturismo está também a crescer no concelho, pelo que têm surgido diversos investidores privados com projetos que pretendem implementar na Região.
Segundo José Soares, presidente da Câmara Municipal da Madalena do Pico, falamos de projetos que “respeitam integralmente a natureza e paisagem onde se pretendem inserir, a começar, desde logo, pela escolha dos materiais. Este tipo de cuidados apraz-nos muito, uma vez que defendemos um turismo sustentável e diferenciador. Defendemos um turismo de respeito total pela natureza e pelo meio ambiente, uma vez que pretendemos manter inalteráveis as nossas características. Claro que queremos que os turistas nos visitem e que as pessoas invistam na Ilha, contudo, este terá que ser um investimento de qualidade, com respeito absoluto pela natureza envolvente”.
De acordo com o autarca, apesar da Madalena do Pico ter sido considerada a Cidade do Vinho 2017, a verdade é que o Município certificou a marca «Madalena, Capital dos Açores da Vinha e do Vinho», antes disso.
O processo iniciado pela autarquia, em fevereiro de 2014, teve como objetivo principal promover o concelho. “Assim, o posterior galardão de Cidade do Vinho permitiu certificar aquilo que se produz nesta paisagem protegida. Os nossos produtores conseguiram obter bastante visibilidade durante aquele ano, ainda que isso tenha implicado também muito trabalho, não só na certificação da qualidade dos produtos, como também no marketing que foi realizado a esses próprios produtos”.
Conhecida pela sua produção vitivinícola, a Madalena do Pico não produz este produto em grandes quantidades e o edil explica porquê: “O nosso produto é muito específico, numa paisagem muito particular, sendo essa a diferenciação que nos acrescenta valor. Este é um produto que tem um sabor único e que deve ser valorizado pela forma como é produzido, daí que as nossas garrafas atinjam preços elevados no mercado. Além disso, a promoção da nossa viticultura, do vinho, das vinhas e das nossas mais intrínsecas tradições é crucial para esta autarquia, que, desta forma, aposta num dos mais importantes setores locais como uma incontornável imagem de marca de promoção de todo o concelho e da Ilha, num reforço da nossa identidade, reconhecendo o magno trabalho de todos aqueles que dedicam ou dedicaram a sua vida à produção de vinho”.
Para o autarca, a existência da Escola Profissional do Pico é outra importante mais-valia para o concelho e para o setor vitivinícola, na medida em que, entre outros, promoveu cursos de viticultura, no decorrer dos últimos anos. “A verdade é que o ensino profissional é de suma importância nas ilhas açorianas, ajudando a fixar os mais jovens na região, para além de nos aproximar das outras ilhas. A nossa ambição é que a Escola Profissional possa ministrar cada vez mais cursos, preparando os jovens para o trabalho, não só nas vinhas, mas também em todas as vertentes do enoturismo, uma vez que começa a faltar mão de obra qualificada nesta área. Assim, além de formarmos as pessoas, conseguiríamos também fixá-las, uma vez que teriam trabalho”.
De acordo com José Soares, o aumento do turismo também potenciou a recuperação de alguns imóveis e a requalificação imobiliária de algumas zonas. Claro que, neste contexto, “também foi importante a nossa participação em alguns fundos existentes para este fim. Para além do potencial turístico, muitas pessoas também optaram por recuperar as suas antigas habitações, uma vez que pretendem voltar para algo que sempre foi seu e que bem conhecem. De assinalar ainda a fixação de muitos estrangeiros que vieram até aqui de férias e que se apaixonaram por esta Ilha e tomaram a decisão de vir para aqui viver. Também eles adquiriram muitos imóveis antigos que depois recuperaram”.
Por fim, o edil lembra que o último quadro comunitário de apoio também permitia a atribuição de verbas para a criação de alojamento local, “o que alavancou a reconstrução e fez com o que a oferta de alojamento local, devidamente licenciada, tenha aumentado exponencialmente”.
José Soares revela ainda um desejo e uma secreta esperança: a recuperação do antigo Hotel Pico. “Faz falta à freguesia a existência de uma unidade hoteleira de média dimensão e, neste caso, a estrutura já existe, precisa apenas de ser recuperada. Foram já realizadas diversas tentativas, contudo, até ao momento, ainda nenhuma conseguiu vencer. Apesar disso, estou confiante de que, um dia, este sonho tornar-se-á realidade”.
Continuar o bom trabalho
“Estes dois anos têm sido a continuação do trabalho iniciado no mandato anterior”, revela o edil. Ao nível de grandes obras e projetos, neste momento, José Soares refere que a autarquia está a desenvolver um projeto de requalificação da rede de águas, “aspeto fundamental para a qualidade de vida das populações e de todos aqueles que nos visitam”.
O Município também iniciou a requalificação do leito da ribeira de São Caetano, “obra que ambicionávamos realizar há muito tempo, mas que ainda não tinha sido possível devido à sua complexidade”.
Para além disso, terminaram recentemente as obras de requalificação do centro da vila, “que vieram dignificar muito mais a nossa porta de entrada” e o novo mercado municipal foi, em setembro, inaugurado.
“Continuamos com os projetos que submetemos aos fundos comunitários do Portugal 2020 e que esperamos que ainda se concretizem no decorrer do presente mandato. Exemplo disso é a construção da ciclovia, que está em fase de adjudicação. Esperamos que, no próximo verão, todos os habitantes assim como todos os visitantes possam já usufruir desta nova infraestrutura, que liga a Madalena ao Cachorro [freguesia das Bandeiras]”, revela o autarca que completa: “Orgulhamo-nos de trabalhar em estreita colaboração com todas as instituições que existem neste concelho, aproveitando ao máximo todos os fundos ou programas nas mais diversas vertentes. Conseguimos fazer muita obra, com muito poucos recursos concelhios o que demonstra esse nosso empenho”.
Ao nível das infraestruturas públicas, de acordo com José Soares, o que o Município da Madalena do Pico ambiciona e onde ainda sente algumas dificuldades são os transportes e a obtenção de serviços de saúde de qualidade. “Estas têm sido estas as nossas maiores lutas. Batalhamos por um centro de saúde que funcione de acordo com as necessidades da população. Sabemos que o Hospital do Faial não está longe, contudo, o facto de não termos respostas efetivas e de qualidade ao nível da saúde acaba por nos prejudicar, também ao nível dos possíveis investimentos que empresas poderiam realizar no concelho. Se conseguíssemos colmatar estas duas lacunas, mais investidores quereriam investir e mais pessoas quereriam ficar na Madalena”.
O edil assegura que o Município vai realizando todas obras que lhe compete, nomeadamente ao nível do saneamento básico, da requalificação da rede de águas e da recolha de resíduos urbanos.