De Celorico de Basto para o Mundo
A Ternox – Equipamentos em Aço Inoxidável, Lda. é uma empresa especializada na conceção e fabrico de equipamentos de apoio à investigação científica. Com a mais-valia de oferecer os seus clientes soluções à medida das suas necessidades, a empresa oferece inovação, criatividades, qualidade, rigor e profissionalismo de Celorico de Basto para o mundo.
Carlos Teixeira criou a Ternox – Equipamentos em Aço Inoxidável, Lda., empresa especializada no fabrico, em pequenas e grandes séries, de materiais e equipamento científico e industrial em aço inox, em 2005, depois de estabelecida uma parceria com uma empresa francesa que laborava já neste setor. “Como essa grande empresa francesa precisava de um player no mercado nacional, consideramos que esta seria uma boa oportunidade e avançarmos”. Hoje, a empresa labora suportada numa equipa de dez pessoas e faturou mais de 900 mil euros, em 2020, suportada em tecnologia de ponta, “porque queremos ser autónomos e não queremos estar dependentes de outros no mercado”.
A empresa oferece soluções para a acomodação de animais em laboratórios, como jaulas para ratos, ratinho, rato chino, coelho, codorniz, galinha, mini pig, porcos, cães e macacos, espaços com e sem retenção e diurese, armários ventilados para roedores, estantes para gaiolas, mesas de autópsia e biópsia, mesas elevatórias, mesas de anestesia, entre muitos outros. A Ternox desenvolve ainda projetos para funerárias, necrotérios e crematórios, concebe e produz materiais e equipamentos para a indústria farmacêutica e para a investigação científica como é o caso dos organizadores de amostras biológicas para equipamentos de conservação a frio -80°C. Recentemente, a empresa começou a apresentar soluções para o setor hospitalar. “Tínhamos começado a produzir soluções para os hospitais pouco tempo antes do início da pandemia que atualmente assola o mundo. Fizemos essa aposta em boa hora, uma vez que este foi um setor de negócio que nos permitiu manter a nossa posição no mercado durante o último ano. Muitas destas infraestruturas estavam equipadas de forma deficitária e a Covid-19 veio colocar a nu todas essas fragilidades que as entidades responsáveis quiseram colmatar de imediato, o que para nós foi muito positivo. Este acréscimo foi muito positivo, até porque registámos um decréscimo em todas as outras áreas de negócio em que estávamos presentes, precisamente, devido à pandemia por suspensão de projetos”, explica o empresário. Completamente vocacionada para o mercado externo, as vendas da Ternox, em Portugal, são residuais. Atualmente, a empresa está presente nos seguintes países França, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Marrocos, Guiana, Gabão, Córsega, Estados Unidos, Xangai e Singapura tendo conquistado, recentemente, clientes no mercado espanhol.
A mais-valia das soluções por medida
A empresa oferece aos seus clientes a mais-valia das soluções por medida, por forma a verem satisfeitas plenamente todas as suas necessidades. “O que temos constatado é que, muitas vezes, criámos uma solução para um determinado cliente. Outra empresa toma conhecimento dessa mais-valia e adquire outro equipamento e assim sucessivamente. Esta nossa especificidade faz com que não tenhamos muitos concorrentes. As grandes empresas existentes neste setor só trabalham em série”, assevera Carlos Teixeira.
O empresário advoga ainda que a Ternox é criadora de inúmeros protótipos, que depois são enviados um pouco para todo o mundo, para países como os Estados Unidos, Singapura, China, entre outros. “O problema neste setor é que falamos de clientes de ocasião e não de clientes que possam ser fidelizados e com os quais possamos estabelecer uma parceria. Isto acontece porque os protótipos são facilmente copiados. O mais difícil é ter a ideia, encontrar a solução. O mais fácil é depois produzi-la, sendo que as empresas recorrem a fábricas onde a mão de obra é mais barata, tudo para que o preço final seja o mais baixo possível”. Carlos Teixeira defende que o recurso a patentes para proteção das suas criações não seria uma solução viável e refere porquê: “Os nossos concorrentes alterariam um pequeno pormenor e alegariam que a solução é completamente diferente, pelo que nem nos damos a esse trabalho. Além disso, o preço destas peças, assim como a sua utilização, não compensa o valor que teríamos que pagar pela emissão das patentes. A única patente realizada foi para uma jaula de codorniz a pedido do cliente”.
Falta apoio e mão-de-obra
O empresário confessa que o maior problema com o qual se debate na atualidade é o da falta de mão-de-obra para trabalhar no setor industrial. “Infelizmente, o País deixou de apostar na formação de quadros técnicos intermédios e optou pela formação de doutores e engenheiros que depois não encontram colocação no mercado de trabalho. A área da metalomecânica ou mecânica de precisão, por exemplo, tem estado completamente esquecida, o que é lamentável. São poucas as entidades que fornecem formação nesta área, até as escolas que o faziam deixaram de o fazer e, além disso, os jovens estão muito desmotivados e desinteressados pelo mercado de trabalho. Não têm objetivos definidos e não sabem o que querem da vida apesar de já terem idade para isso. Os poucos que conseguimos formar aqui, muitas vezes, nem nos deixam capitalizar essa aposta, uma vez que logo que se julgam preparados abandonam a empresa a troco de meia dúzia de euros, ou então partem para o estrangeiro”.
Carlos Teixeira defende que as empresas que fornecem formação deviam ser mais protegidas e deviam receber apoios para isso por parte do Estado. “Realizamos o investimento sem qualquer tipo de salvaguarda de que o iremos capitalizar.
Há 15 anos que pedimos ajuda e a associação empresarial local e esta nada faz. O próprio Instituto de Emprego e Formação Profissional apenas dá formação em áreas que em nada ajudam ou cursos, por exemplo, de serralheiros que no fim não têm formação e não servem a nada à indústria e só servem alguns empresários locais. Deviam formar pessoas para o emprego e não gastar dinheiro para que continuassem desempregadas”.
O empresário também acusa a autarquia local. “Devia ajudar mais as empresas que aqui estão sediadas e que aqui criam riqueza. Devia dar o exemplo e contratar serviços e adquirir os materiais a empresas locais, esta era uma forma de ajudar as empresas e de criar emprego. Todos sairiam a ganhar, cuidado que não é tido na atualidade”. Carlos Teixeira lamenta ainda que a autarquia não lute por melhores acessibilidade e imagem da zona industrial o que se torna vergonhoso aquando da visita de clientes às instalações, embora admita que em parte a culpa também assenta nos proprietários dos edifícios, “tudo para que pudéssemos, de forma rápida e simples, enviar os nossos produtos para o mercado externo, favorecendo a balança comercial portuguesa. A dificuldade viária também nos prejudica no timing das entregas que acaba por ser mais elevado do que o que acontece com o resto do País, o que não faz qualquer sentido”.
Quanto ao futuro, o empresário mostra-se cauteloso e afiança que ficará satisfeito se a Ternox conseguir consolidar a sua posição no mercado e continuar a servir com toda a qualidade todos aqueles que nela acreditam e que apostam na sua qualidade.