Especialistas em amêndoa

A Amendouro, localizada em Alfândega da Fé, é uma empresa que se dedica à transformação, preparação e comercialização de amêndoa. Com uma equipa composta por 20 pessoas e uma faturação que atingiu os 9.5 milhões de euros, em 2020, esta empresa leva o nome e o sabor de Portugal aquém e além-fronteiras, preparando-se agora para conquistar o mundo. Carlos Araújo, juntamente com a irmã, são já a terceira geração desta empresa.
Carlos Araújo, um dos responsáveis pela Amendouro recorda como a história desta empresa começou no século XX. “Na altura, o meu avô vendia toda a produção para o Porto e foi um verdadeiro visionário porque, com os parcos recursos existentes, iniciou o processo de industrialização da empresa. Com o meu pai, a inovação continuou e fomos pioneiros na retirada da pele da amêndoa, assim como no seu processamento em farinha para uso nos setores da padaria e pastelaria. Atualmente também estamos a inovar, apostando claramente na exportação dos nossos produtos e soluções. Neste sentido, estamos a realizar investimentos na ordem dos quatro milhões de euros, o que é significativo, tudo para que possamos implementar novas linhas de produção, o que nos permitirá duplicar os nossos stocks e capacidade de resposta, sendo que também iremos aumentar a nossa área produtiva. Queremos continuar a ser uma empresa de referência neste setor e na região. A ambição é que as pessoas pensem em Amendouro quando pensam em amêndoa, tanto em Portugal como em todos os mercados em que já estamos presentes”.
Com uma equipa composta por 20 pessoas e uma faturação que atingiu os 9.5 milhões de euros, em 2020, o que significou um aumento em comparação com 2019, apesar da pandemia, a Amendouro está presente tanto no mercado nacional, como em diversos países europeus, nomeadamente, Alemanha, Bélgica, Holanda, entre outros, “países onde os frutos secos entraram em definitivo na dieta alimentar das pessoas, na sua forma natural e não processada, o que significou um aumento exponencial do consumo dos nossos produtos”, explica o empresário.
Carlos Araújo explica que trabalha com amêndoas da região e fora dela, como por exemplo do Alentejo “que se tornou um grande produtor graças à Barragem do Alqueva”. Para além disso, a Amendouro importa muita da amêndoa que comercializa, uma vez que a capacidade instalada da empresa podia processar toda a amêndoa produzida na região sem que o limite fosse atingido, “algo impossível porque não somos o único player existente no mercado”. Neste momento, ao nível da matéria-prima a empresa processa cerca de sete milhões de quilos por campanha, “o que é significativo”.
Questionado sobre a concorrência, o empresário assevera que esta está sobretudo em Espanha, o maior produtor europeu de amêndoa em termos agrícolas e o maior transformador a nível mundial, “uma vez que importa grande parte da produção da Califórnia, o maior produtor mundial deste produto. Contudo, devemos sempre encarar a concorrência como o motor que nos faz querar avançar e ser sempre melhores. Seja como for, temos que saber valorizar o que é nosso e aquelas que são as nossas competências e os nossos saberes”.
Carlos Araújo advoga que, infelizmente, muitos europeus não sabem que, em Portugal, se cultiva amêndoa, “pelo que seria de vital importância um trabalho de promoção neste sentido por parte das várias entidades competentes. É preciso tornar público aquilo que Portugal tem de melhor. Se esse caminho for desbravado será mais fácil para as empresas nacionais comercializarem os seus produtos e soluções no estrangeiro. A verdade é que muitas pessoas compram as nossas amêndoas sem a mínima noção de que estas são portuguesas e julgo que esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada desta forma. Lamentavelmente, até ao momento, os nossos governantes sejam locais ou nacionais, não valorizam devidamente as nossas riquezas endógenas e não as apoiam devidamente. O trabalho e o risco ficam todo do lado das micro e pequenas empresas que laboram neste setor de atividade, o que não faz qualquer sentido”, conclui.