“Falta apoio a quem investe na formação”

Em entrevista ao Empresas+®, Manuel Rocha, responsável pela Placoarte – Objetivos Brilhantes, Unipessoal, Lda., fala sobre a tua atualidade no setor da construção civil e revindica apoios para as empresas que investem na formação dos seus quadros e no aparecimento de novos profissionais qualificados. Se assim fosse, “talvez as empresas não considerassem a formação como uma perda de tempo e de dinheiro, mas como uma aposta no futuro do setor”.
Desde 1998 que Manuel Rocha trabalha por conta própria. Em 2008, o empresário cria a Placoarte – Objetivos Brilhantes, Unipessoal, Lda., em Vale de Cambra, com o objetivo de oferecer aos seus clientes soluções construtivas, adequadas às suas reais necessidades, sempre com o máximo conforto e eficiência. Assim, mais do que produtos, a Placoarte disponibiliza um leque completo de soluções inovadoras na área das coberturas, fachadas, interiores e pisos, ideais tanto para novas construções como para a reabilitação de edifícios.
Consciente dos atuais desafios do setor e afirmando-se como uma empresa em constante evolução, às soluções comercializadas a Placoarte oferece ainda serviços de acompanhamento em obra, bem como uma rede de parceiros em todos os sectores no ramo da construção civil, apresentando uma excelente dicotomia qualidade/preço e atendimento personalizado, oferecendo produtos e soluções topo de gama de marcas de prestígio mundial, numa aposta clara na sustentabilidade e na inovação. Vocacionada sobretudo para projetos chave na mão e dedicada ao mercado particular, industrial e obras públicas a Placoarte tem já o plano de obras para 2021 completamente preenchido.
Manuel Rocha advoga que o volume de faturação da Placoarte, no ano passado, não foi significativo, sendo que não atingiu o milhão de euros. Em 2020, apesar de todas as vicissitudes, o ano ainda não terminou, e a empresa irá superar a marca transata. Para o empresário, esta mudança acontece porque os clientes reconhecem a sua qualidade e profissionalismo. “Eu não minto aos meus clientes. Se digo naquele dia eu começo a obra, isso acontece de facto. Esta confiança faz com que a relação com os nossos clientes seja já longa e sustentada”.
A importância da formação
Neste momento, a Placoarte labora com o apoio de uma equipa constituída por 16 profissionais de excelência. Para além disso, recorre ainda à subcontratação, duplicando, desta forma, a equipa de trabalho. “A minha equipa é excelente e tenho que lhe agradecer todo o trabalho e dedicação. Graças aos meus funcionários, a Placoarte é aquilo que é hoje. Eles ouvem-me, respeitam-me e tudo corre sem qualquer sobressalto. Tenho um controlo completo sobre todos os setores. Valorizo a minha equipa e forneço todo o equipamento de trabalho necessário”, explica o empresário.
Apesar de tudo, Manuel Rocha reconhece que, neste momento, é muito complicado encontrar mão de obra qualificada disponível. “Ainda no ano passado integrei sete pessoas e nenhuma ficou. Faltava-lhes método de trabalho, conhecimento e vontade para aprender. Atualmente, a média de idades na equipa é de 40/50 anos. Os mais jovens não se interessam por este setor, não querem aprender. Quando estes funcionários que tenho se reformarem, temo que terei que fechar a empresa, porque não existe a renovação dos quadros”.
Para o empresário, a culpa desta realidade é de todos nós. “As empresas do setor da construção civil deviam ser obrigadas a apostar na formação das suas equipas, para além do dever de estarem disponíveis para formar jovens que demonstrassem esse interesse e vontade. A verdade é que muitas empresas não querem perder esse tempo. Defendo que as entidades competentes, nomeadamente o Governo, deviam apoiar as empresas que apostam na formação dos seus quadros e no aparecimento de novos profissionais qualificados. Se assim fosse, talvez as empresas não considerassem a formação como uma perda de tempo e de dinheiro, mas como uma aposta no futuro do setor”.
A pandemia e o mercado
Olhando para o mercado, Manuel Rocha está confiante de que a empresa não irá sentir muito as consequências resultantes da “crise que se aproxima em resultado da atual pandemia que assola o mundo”. Apesar disso, reconhece que empresas mais pequenas, com apenas meia dúzia de funcionários, verão a sua permanência no mercado mais complicada, “uma vez que não têm estrutura ou capacidade para trabalhar para o setor das obras públicas. Nós temos capacidade para realizar grandes obras, o que nos permite diferenciar no mercado. No nosso patamar, a concorrência é menor. Aliás, costumo afirmar que não tenho concorrência. Nenhuma empresa trabalha com o nosso rigor e profissionalismo e os clientes reconhecem essa diferença. Cumprimos integralmente com as nossas obrigações fiscais e não abdicamos desse facto. Talvez por isso não consigamos pequenas obras particulares, onde as coisas nem sempre são realizadas de forma completamente legal. Assim, neste setor das moradias unifamiliares, estamos vocacionados para um setor mais médio/alto e alto, onde o cliente compreende a necessidade de pagar o valor do IVA de todo o trabalho efetuado. Não entramos em guerras de preços e afirmamo-nos pela nossa qualidade”.
Quanto ao futuro, o empresário está confiante de que a empresa ainda poderá crescer muito, alcançando novos recordes de faturação, já em 2021. “A dificuldade está mesmo em encontrar parceiros certificados que possam trabalhar connosco em regime de subcontratação. Valorizamos a qualidade e não pretendemos abrir mão dela. Assim, se o mercado não nos oferece o que procuramos, teremos que criar as condições para que isso aconteça”. Neste sentido, a Placoarte vai apostar na formação, por forma a ter parceiros capacitados. Manuel Rocha está consciente dos riscos: “Sabemos que será complicado, contudo, estamos certos de que seremos compensados. Já tive funcionários que saíram e foram para outras empresas ou que se lançaram por conta própria e que, passado algum tempo, voltaram. Perceberam que nem todas as empresas trabalham com a nossa seriedade e que não é fácil ser patrão, daí a importância da formação a todos os níveis”.