“Lei precisa de evoluir”
Em entrevista ao Empresas+®, Paula Carneiro, responsável pela Paulicar, fala sobre o mercado e a concorrência no setor das inspeções técnicas de veículos. A empresária mostra-se preocupada em relação ao futuro e assevera que a “lei precisa de evoluir. Não faz sentido que os nossos ensaios e resultados sejam regulados por uma lei de 1999. Os veículos evoluíram muito ao longo destes 20 anos e a lei não se coaduna com a realidade”.
A Paulicar foi fundada em 1995 e foi um dos primeiros centros de inspeções a instalar-se em Vila Nova de Gaia. Com uma vasta experiência no setor e sempre com uma aposta inequívoca na qualidade, rapidez e eficiência dos serviços prestados, a empresa está presente no mercado com uma equipa composta por nove profissionais altamente qualificados e preparados para oferecer o melhor aos clientes.
Com uma faturação de cerca de 800 mil euros, em 2019, a Paulicar realizou recentemente um grande investimento em infraestruturas e equipamentos para a realização de inspeções a motas, “devido à legislação que fomos obrigados a cumprir”, explica Paula Carneiro, responsável pela Paulicar, para quem este investimento nunca será rentabilizado. “O preço que teremos que cumprir versus o número de motas existentes faz com que esta aposta seja pouco rentável, até porque, do valor cobrado, temos ainda que retirar o IVA e a percentagem devida ao IMTT – Instituto a Mobilidade e dos Transportes Terrestres. Temo que esta linha não venha a ter rentabilidade sequer para pagar as calibrações anuais necessárias para o seu funcionamento. A verdade é que o Estado obrigou as empresas a realizar um investimento que nunca será devidamente compensado”.
A empresária defende que o setor beneficiaria com uma alteração legislativa “adaptada à realidade atual do mercado. Não faz sentido que os nossos ensaios e resultados sejam regulados por uma lei de 1999. Os veículos evoluíram muito ao longo destes 20 anos e a lei não se coaduna com a realidade. A lei também precisa de evoluir. Desta forma, os nossos inspetores já não se sentem motivados para o seu trabalho diário e ficaram estagnados na carreira”.
Cada vez mais concorrentes
Paula Carneiro advoga que a Paulicar enfrenta ainda outro grande problema: a concorrência. “Existiam três centros em Vila Nova de Gaia, agora existem seis, sendo que temos ainda a concorrência de um sétimo centro, já em Espinho, mas junto aos limites do concelho. Quando o número de clientes é o mesmo e duplicam os players, a nossa realidade fica muito mais complicada. Assim, temos que encetar todos os esforços para não perdermos os nossos clientes até porque, se as pessoas dispõem de um centro perto de casa, será difícil que se desloquem até aqui. Este é o nosso grande desafio”. Para isso a Paulicar continua a apostar na qualidade inequívoca de todos os serviços que presta. “Sempre primamos pela seriedade e pela rapidez dos nossos serviços e iremos continuar a fazê-lo. Queremos que os nossos clientes saiam daqui satisfeitos, até porque temos a consciência de que um cliente satisfeito é a melhor publicidade que podemos ter. Estamos no mercado há muitos anos e os clientes conhecem-nos e confiam em nós”, completa a empresária.
Para Paula Carneiro, o tipo de concorrência também mudou, uma vez que, hoje, “cada vez mais, os centros pertencem a um mesmo grupo, o que torna a luta desigual para um centro privado como o nosso. Quer queiramos quer não, quando a mesma pessoa passa a deter dez ou 20 centros, os próprios inspetores deixam de ser pessoas e passam a ser números. Acontece o mesmo com os clientes. Nestes grupos, o importante é só o lucro e não a satisfação do cliente, o que, para mim, é uma perda na qualidade de serviço e algo que nunca acontecerá na Paulicar”.