“Pacientes não são negócio”

Em entrevista ao Empresas+®, José Luís Moinheiro e Maria do Rosário Ferreira, responsáveis pela Clínica Moinheiro, falam sobre o setor na atualidade, onde “empresas adotam estratégias de marketing muito agressivas e oferecem soluções desajustadas às reais necessidades dos pacientes.
Muitas vezes é apresentada uma solução com contrato e respetivo plano de pagamentos sem respeitar as necessidades clínicas”. Em contrapartida, os clínicos asseguram que, na Clínica Moinheiro, “o foco tem que ser sempre no paciente, só assim nos podemos intitular médicos. Os nossos pacientes nunca podem ser encarados como um negócio”.
Constituída por uma equipa dinâmica, altamente qualificada e apostada numa permanente atualização de técnica e equipamentos, a Clínica Moinheiro é uma empresa especializada nas áreas da medicina dentária a reabilitação oral, ortodontia, prótese, implantologia, periodontologia, dentisteria, odontopediatria e estética do sorriso. Apresentando um leque alargado de soluções, onde cada caso é estudado de forma única, sempre com o objetivo primordial da criação de um sorriso perfeito, uma função mastigatória eficaz e à medida das necessidades, ambições e bem-estar dos seus clientes, neste espaço todos os tratamentos são devidamente estudados e orçamentados. Qualidade técnica, atendimento profissional, higiene, transparência em relação a tratamentos e aos seus custos e um acompanhamento permanente são valores fundamentais na Clínica Moinheiro.
Tecnologia de ponta
José Luís Moinheiro garante que, cada vez mais, a medicina dentária é condicionada pelas novas tecnologias. Neste sentido, a clínica adquiriu um novo equipamento de leitura 3D. Este equipamento é um scanner intra-oral que faz a leitura precisa da boca do paciente, gerando uma impressão 3D virtual. As mais-valias são inegáveis: “Cada vez menos existe a necessidade de realizarmos os moldes na boca do paciente, algo que as pessoas detestam porque não se sentem confortáveis.
Com recurso a este equipamento conseguimos evitar as impressões físicas. O que acontece é que o scanner envia uma imagem 3D para o laboratório que, assim, consegue realizar o que é necessário para o trabalho de prótese em causa.
José Luís Moinheiro realça que as mais-valias deste equipamento também são evidentes para as novas técnicas de correção dentária. “As impressões 3D servem para realizar o tratamento ortodôntico de forma virtual no computador. Desta forma, o paciente também consegue acompanhar facilmente o tratamento que lhe será prestado, reconhecendo o que poderá esperar, evitando que as suas espectativas saiam defraudadas. Depois do tratamento ser aprovado dar-lhe-emos o devido seguimento”.
“Hoje em dia, já existem alternativas mais confortáveis e com garantias de resultados aos aparelhos de arame convencionais. Os alinhadores transparentes para a correção da posição dos dentes, que só são retirados da boca quando o paciente come. Esta nova solução tem a vantagem de potenciar um menor risco de cáries dentárias, uma vez que os pacientes conseguem remover facilmente o aparelho e escovar os dentes. Estes novos tratamentos também são menos dolorosos e morosos, uma vez que nos permitem a realização de diversos movimentos distintos ao mesmo tempo”.
José Luís Moinheiro explica que estas soluções já existem no mercado há alguns anos, mas que a sua evolução tecnológica tem sido exponencial ao longo dos últimos anos e que as soluções apresentadas e a qualidade das mesmas são incomparáveis. “Se, em 2016, o modelo impresso não me dava quaisquer garantias de qualidade e de precisão para a realização de um trabalho de prótese, hoje, isso não acontece: a garantia é absoluta e as próteses assentam perfeitamente. Atualmente, podemos fazer a impressão no momento, o que faz com que os clientes beneficiem de uma maior rapidez, uma vez que realizamos o scan, enviamos para o laboratório e, dois dias depois, a prótese está a ser colocada. É esta garantia de satisfação que faz com que eu recorra sem qualquer tipo de dúvidas a esta solução”.
A Clínica Moinheiro adquiriu ainda um outro equipamento que permite a realização de tomografias computadorizadas com cone beam (CBCT), estes equipamentos representam um investimento muito considerável.
Maria do Rosário Ferreira explica “Este é um exame radiográfico que nos dá, com precisão, uma imagem dos contornos e qualidade do osso, bem como nos mostra com exatidão todas as estruturas presentes nos maxilares – os nervos dentários, os seios maxilares, os dentes supranumerários, a anatomia dentária entre outros – o que é fantástico para a programação cirúrgica, seja para a colocação de implantes, seja para a regeneração óssea ou outras cirurgias complexas. Esta é uma excelente ferramenta ao nível da implantologia porque, combinada com as impressões virtuais do scanner, permite-nos a realização de cirurgias guiadas minimamente evasivas, mais-valia para nós mas, sobretudo, para os nossos pacientes”.
Os clínicos reconhecem: “Foi mais um investimento que teve que ser realizado, tudo para que possamos oferecer maior qualidade a todos aqueles que confiam em nós. A verdade é que não podemos fazer na boca de ninguém aquilo que não faríamos na nossa. Aqui não vendemos um produto, prestamos um serviço”.
Mercado e concorrência
Olhando para o mercado, José Luís Moinheiro e Maria do Rosário Ferreira asseguram que, apesar de este estar em constante mutação, a postura da clínica que dirigem continua a ser a mesma, “o dente do doente continua a valer sempre mais do que qualquer implante que eu lhe possa colocar. Mesmo que tenhamos que lhe colocar uma coroa ou fazer um restauro, qualquer solução é preferível, uma vez que o paciente manterá o seu dente e beneficiará ao nível de higiene e de longevidade. O recurso ao implante acontece apenas quando o doente já perdeu o dente, ou quando não existe solução e o dente tem mesmo que ser extraído. Não fazemos dos implantes um hábito, nem uma forma de negócio”. Os clínicos são críticos em relação ao estado atual do mercado: “Infelizmente, o que está a acontecer é precisamente o contrário, o que faz com que os problemas sejam cada vez maiores. Espero que esta tendência diminua. A solução de remover os dentes todos, mesmo aqueles que têm alguma viabilidade, em pessoas muito jovens, colocando uma prótese, é um procedimento que não deveria ser realizado de forma rotineira como solução igual para todos. Esta solução, em muito casos é um crime que o profissional, se tal se pode chamar, realiza. Estes tratamentos podem ter complicações que vão desde da fratura das próteses até à perda dos implantes por periimplantite. Em qualquer dos casos acarreta sempre muito desconforto com perda de qualidade de vida e custos desnecessários”.
Aqui não pensamos em nós. O nosso pensamento será sempre: mediante as condições em que o paciente tem a boca, qual é a melhor solução que lhe posso apresentar? O foco tem que ser sempre em prol do paciente e não no possível lucro”.
Maria do Rosário Ferreira defende que estes estabelecimentos fazem com que aumente exponencialmente a desconfiança das pessoas em relação aos médicos dentistas. “Se pagam e os problemas nunca são resolvidos, claro que vão começar a desconfiar. Hoje em dia, existem médicos-dentistas recém-licenciados que, quase sem remuneração, estão um dia inteiro a dar consultas porque, assim, vão estando ocupados e vão ganhando experiência. Claro que, desta forma, quem sofre são as pessoas. Este é um problema sério de saúde pública e as entidades competentes ainda não querem perceber isso”.
Por fim, quanto aos cheques-dentista, José Luís Moinheiro e Maria do Rosário Ferreira defendem que a medida podia ser alargada a outras pessoas com necessidades, ainda que reconheçam que o cheque não está escalonado com o custo real dos tratamentos. “Apesar disso, esta é uma obrigação que temos para com a sociedade e fazemo-lo com todo o gosto e profissionalismo”, concluem.