Prioridade às necessidades da população

Sérgio Humberto está atualmente no seu segundo mandato na Câmara Municipal da Trofa, tendo vencido as últimas eleições autárquicas com um registo de 59,61% dos votos. Quando foi candidato, em 2013, o presidente estava consciente de se estar a candidatar a um dos municípios mais jovens do país, e ao mesmo tempo, com um conjunto de necessidades à espera de serem resolvidas. A primeira preocupação do autarca foi reduzir a dívida do município, sem deixar de lado a resolução das necessidades apresentadas pela população.
Quando Sérgio Humberto assumiu a presidência da Câmara Municipal da Trofa, em 2013, tinha consciência de estar a assumir a gestão autárquica de um dos municípios mais jovens do país, mas com um conjunto de necessidades evidentes. “O Município da Trofa, em 2013, era o segundo mais endividado do país, tendo em conta aquilo que é a receita, versus dívida, mais compromissos. Ou seja, para uma receita de cerca de 19 milhões de euros, o Município da Trofa tinha em dívida e compromissos cerca de 67 milhões de euros. Isto significava, que eu teria que travar todo e qualquer investimento, durante três anos e meio, para poder pagar a dívida que estava para trás. Mas isto tem, em parte, uma justificação”, revela o atual presidente da Câmara Municipal da Trofa. As oito freguesias que compõem o concelho com cerca de 40 mil habitantes tinham uma necessidade visível de infraestruturas, aquando da sua criação, em novembro de 1998. “Nós tínhamos, nessa altura, um parque escolar degradado, uma rede de saneamento a rondar os 12%, uma taxa de cobertura de água a rondar os 20%, uma rede viária desqualificada e nenhuma infraestrutura pública. É aí que está a razão da dívida da autarquia. Fizeram-se um conjunto de obras prementes, nomeadamente nos primeiros anos da Câmara Municipal da Trofa, até 2009, quando se dotou o município de infraestruturas e se fez, por exemplo, o primeiro pavilhão multiusos. Obviamente que isto também trouxe dívida”, afirma.
Atualmente, o cenário é totalmente diferente. Em quatro anos de gestão autárquica (2013-2017), o atual executivo reduziu a dívida em mais de 22 milhões de euros. E no futuro querem continuar. “Em, 2018, o nosso objetivo passa por pedir a nossa saída do PAEL [Programa de Apoio à Economia Local]. Mas claro que ainda continuamos a dever, e vamos ter que continuar a reduzir a dívida. Quando cheguei, em outubro de 2013, ninguém queria fornecer a Câmara Municipal da Trofa, mas hoje pagamos a menos de 30 dias. Desde logo, eu tive a consciência que era preciso mudar a imagem da câmara municipal e fazer honrar os seus compromissos. Foi necessário muito esforço para abatermos mais de 22 milhões na dívida. Tivemos que renegociar as rendas dos vários edifícios municipais, que reduzimos em cerca de 44%. Reduzimos despesas com o pessoal e a despesa primária e gerimos com muita responsabilidade e seriedade o nosso orçamento. Só assim, nos foi possível equilibrar as contas municipais e, em simultâneo, fazer investimento.
Para este mandato, temos uma nova bandeira. Além de continuarmos a reduzir a nossa dívida, já assumimos perante todos os trofenses, que vamos construir os nossos ansiados Paços do Concelho”, revela o presidente.
Uma aposta na educação e na ação social
Sérgio Humberto, professor de profissão, garantiu em entrevista ao Empresas+®, que os setores da educação e da ação social são duas das apostas primordiais da autarquia. Na sua ótica toda e qualquer política deve ser iniciada tendo em vista um único fim: as pessoas.
O presidente revela ainda que “a educação é, e será sempre, uma das nossas grandes prioridades. Nós temos um conjunto de escolas com ótimas condições, mas estamos também a avançar com uma candidatura para requalificar uma importante e central escola básica de 2º e 3º ciclo, com um investimento na ordem dos três milhões de euros”. Segundo Sérgio Humberto, para que os alunos consigam desenvolver um bom percurso escolar, a câmara municipal tem que trabalhar para dotar o concelho de infraestruturas adequadas, respondendo às suas responsabilidades públicas.
A isto acresce “um bom quadro docente e um bom enquadramento familiar. Ao mesmo tempo é essencial manter um acompanhamento daqueles jovens que muitas vezes possam apresentar comportamentos desviantes. É nesses jovens que nós procuramos focar-nos. Pois, na nossa opinião nenhum jovem deve ser tratado de forma diferente. Nós queremos tratar todos da mesma forma”, explica o autarca. Igualmente importante é o trabalho realizado pelas psicólogas da câmara municipal, que diariamente desenvolvem um acompanhamento próximo dos alunos.
Se por um lado, no setor da educação Sérgio Humberto implementou novas medidas, na ação social deu continuidade ao bom trabalho desenvolvido, iniciado já no passado. “Se há uma área que quando eu cá cheguei estava bem desenvolvida e bem trabalhada era a aposta na terceira e na quarta idade. Aliás, o Município da Trofa já recebeu vários prémios de reconhecimento, no que diz respeito à ação social, até 2009. Houve boas ideias e projetos inovadores”, explica Sérgio Humberto. Esses projetos vieram não só das IPSS’s [Instituições Particulares de Solidariedade Social], mas também da câmara municipal que procurou dar seguimento ao trabalho de excelência já desenvolvido. “Demos continuidade ao nosso Centro Comunitário, apoiamos as nossas IPSS’s financeiramente. Ajudamos também aquelas pessoas que vivem, muitas vezes, em isolamento. Temos que ter a consciência de que, cada vez mais, a esperança média de vida está a aumentar e é essencial ter uma terceira e quarta idade, em que a população se sinta útil e envolvida, nomeadamente com os mais jovens. Fazemos isso no Centro Comunitário Municipal da Trofa, onde um conjunto alargado de utentes frequentam as nossas instalações e desenvolvem diversas atividades lúdicas, recreativas, culturais e até de fomento da atividade física”, acrescenta.
Cobertura quase total de rede de abastecimento de água e saneamento
Quando se fala na rede de abastecimento de água e saneamento, o Município da Trofa tem uma taxa de cobertura próxima dos 90%. “No saneamento, devemos estar a rondar os 95%, eu digo rondar porque ainda temos algumas pequenas obras em curso, e na água também estamos nessa ordem de grandeza”, afirma Sérgio Humberto.
“Mas temos dois problemas. A cobertura de rede de água pública está concessionada. Neste caso, o Município da Trofa não tem problemas com a gestão, mas tem o revés de ter um dos tarifários mais caros do país, pois os valores pagos pelos munícipes são muito altos, decorrentes de um contrato blindado.
No que diz respeito ao saneamento, temos uma boa cobertura, mas antes das eleições de 2013, o anterior executivo municipal, concessionou a gestão do saneamento a uma empresa com capitais públicos, durante 60 anos. Isso foi um erro crasso, porque entregámos a rede e as receitas da sua exploração e nós ficámos com a dívida do investimento efetuado”, acrescenta.
Localização empresarial estratégica
O Município da Trofa é composto maioritariamente por empresas. De entre os vários setores de atividade destacam-se a metalomecânica, o têxtil e o da saúde, registando mais de 200 milhões de euros de faturação anual. “A Trofa tem a sorte de estar situada num eixo exportador muito forte. O nosso setor empresarial assenta essencialmente em quatro eixos. O ramo mais importante é o da metalomecânica e metalurgia de precisão. Depois temos o eixo têxtil e o da saúde. Temos na Trofa a maior indústria farmacêutica do país e uma das maiores da Europa, a BIAL, e o maior grupo privado de saúde do Norte, o grupo Trofa Saúde. O quarto eixo é mais abrangente, estendendo-se a várias áreas de mercado. A isto acrescento que uma empresa que se queira licenciar cá, seja qual for o montante de investimento, se entregar toda a documentação, numa semana tem o processo de licenciamento concluído”, revela Sérgio Humberto.
Uma opinião face às limitações do Portugal 2020
Questionado pelo Empresas+® relativamente à sua opinião acerca do atual Quadro Comunitário – Portugal 2020, Sérgio Humberto assume-se como um crítico. “Sou crítico pelo seguinte: o Município da Trofa não teve, no passado, o conjunto de oportunidades que outros municípios tiveram. E como o PT2020 está com um chapéu muito abrangente, não vai de encontro das necessidades reais dos territórios, ou seja, as necessidades de cada concelho são muito diferentes, e por isso, não podem ser tratadas da mesma forma. Neste momento, já submetemos candidaturas para a construção de duas importantes ciclovias, ainda uma candidatura ligada à melhoria das acessibilidades e de conforto e segurança nas paragens de autocarro, e outra ligada à requalificação e construção de espaços municipais.
No entanto, posso dizer que para nós era mais importante, nesta fase, a construção de um auditório ou de uma biblioteca. Face às nossas necessidades muito específicas, o programa Portugal 2020 está desajustado, obrigando-nos a apostar em determinadas áreas, quando as nossas necessidades mais urgentes e prementes são outras”, afirma o presidente da Câmara Municipal da Trofa.
A caminhar para o desenvolvimento turístico
O território que constitui hoje o concelho da Trofa é relativamente recente, devendo grande parte do seu crescimento à instalação da estação de comboios. Devido à sua curta existência enquanto município, a Trofa não possui uma zona histórica que facilite o desenvolvimento do turismo na região. Neste sentido, Sérgio Humberto procura uma estratégia diferente.
“O que podemos promover? O Castro de Alvarelhos, a nossa primeira humanização do território. Uma área onde ainda temos muito trabalho para fazer. Temos também monumentos únicos, nomeadamente a Igreja Matriz de Santiago de Bougado, que foi projetada por Nicolau Nasoni e, claro, a nossa excelente gastronomia, em que se destacam inúmeros pratos, sobejamente conhecidos, como o bom leitão, o bacalhau à Narcisa e o célebre, arroz pica no chão”, revela Sérgio Humberto.
Atualmente, o Município da Trofa está a dar os primeiros passos em termos turísticos. Está prestes a instalar-se uma unidade hoteleira no concelho, que visa dar resposta aos “colaboradores, promotores e um conjunto de pessoas ligadas às nossas empresas, que vêm cá passar temporadas e que não têm onde se instalar”, afirma.
Quando a questão se prende com o setor da cultura, a aposta centra-se no apoio ao movimento associativo. “Nós trabalhamos muito e de forma muito próxima com as nossas associações culturais e tem sido esta a nossa grande aposta, a promoção daquilo que são os nossos talentos locais”, acrescenta Sérgio Humberto.
Mensagem
“As pessoas deram-me um voto de confiança. Mas este reforço da confiança, significa também mais responsabilidade. Nos últimos quatro anos, fizemos um trabalho muito duro. Percorremos um caminho longo e foram quatro anos a pagar dívida, mas ao mesmo tempo a investir e a desenvolver muitas pequenas obras, que eram necessárias há muito, muito tempo. Apostamos muito na proximidade aos munícipes e nas pequenas obras de proximidade, que representam um pequeno investimento, mas que são fundamentais para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes.
Posso afirmar que é uma honra ser presidente de Câmara da minha terra. É de longe o desafio mais difícil da minha vida, mas é também o mais gratificante. É como autarcas que ouvimos a nossa população, que melhoramos o dia a dia das famílias, que conseguimos implementar no terreno a estratégia de desenvolvimento que idealizamos para a Trofa e, para isso, tenho a sorte de ter uma equipa excecional e um corpo técnico muito bom.
Para este novo mandato que agora começa, a população da Trofa pode contar com um Executivo Municipal próximo e atento, empenhado em colocar a Trofa no mapa da excelência nacional, quer do ponto de vista empresarial, quer pela qualidade de vida com políticas focadas nas pessoas”, termina.