Revitalizar um Interior repleto de potencialidades

Apesar de reconhecer que este segundo mandato foi repleto de desafios, Jorge Abreu, presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, garante que o futuro será mais importante porque permitirá revitalizar o Interior do País, região repleta de potencialidades. “O futuro é feito aqui e agora. Tudo o que fazemos é realizado com os olhos postos no amanhã. Podemos demorar mais tempo do que aquele que desejaríamos, contudo, conseguimos sempre atingir os nossos objetivos, porque nunca perdemos a ambição.
Os figueiroenses podem ter a certeza de que estaremos sempre ao seu lado para os ajudar a debelar todas as dificuldades”.
“Sem dúvida que a pandemia limitou a nossa ação em vários aspetos, contudo, conseguimos levar a cabo todos os investimentos previstos, pelo que a estratégia delineada anteriormente não foi alterada. As obras previstas estão a ser realizadas, ainda que admitamos que, em alguns casos, o tempo previsto de execução tenha sido excedido, já que as várias empresas tiveram que laborar com algumas limitações. Além disso, reconhecemos que tivemos que realizar um investimento extra no combate à pandemia devido a todas as medidas que foram implementadas no concelho, custo esse que não estava previsto quando tomámos posse em 2017. Este custo prendeu-se com a proteção das populações e com todo o apoio que demos”, afirma Jorge Abreu, presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos.
Apesar de admitir que a Covid teve os seus aspetos negativos “que todos desejávamos que não tivessem existido”, o autarca também assevera que a pandemia teve uma vertente positiva, na medida em que “despertou as pessoas para a importância da qualidade de vida e segurança que possuem no Interior. Ninguém estava preparado para uma situação como esta. Numa grande cidade, uma família de quatro pessoas, confinada a um pequeno apartamento, reconsiderou e inverteu muitas das suas prioridades. As pessoas passaram a encarar a vida de outra forma e muitas das recordações da vida na aldeia do Interior foram despertas, com a possibilidade de interação com os vizinhos, a vida no campo, a agricultura de subsistência e o contacto permanente com a natureza”. Contudo, Jorge Abreu reconhece que esta mudança não é realizada de forma imediata, mas que a semente foi lançada para que as pessoas reconsiderem as suas opções. “no último verão tivemos um fluxo de visitantes extraordinário. Foram muitos aqueles que se renderam à nossa natureza, cultura e forma de vida. A nossa expetativa é de que, logo que seja possível, muitos outros nos visitem porque as pessoas estão ávidas por respirar e por estar em comunhão com a natureza. O mais importante é que acreditamos que alguns deles podem regressar e aqui construir o seu futuro”.
Revitalização e dinamização do Interior
O autarca esclarece que, apesar de toda as vicissitudes, a totalidade das verbas atribuídas ao Município no âmbito do atual quadro comunitário de apoio Portugal 2020 serão investidas na sua totalidade. Em termos globais, o investimento realizado por Jorge Abreu, quando comparado com o realizado no decorrer dos oito anos anteriores à sua tomada de posse, em 2013, foi muito superior. “Realizámos um investimento de mais de 11 milhões de euros no decurso de sete anos, quatro vezes mais do que o valor investido entre 2006 e 2013. De enaltecer que, para além de todo este investimento que conseguimos realizar, ainda fomos capazes de amortizar a dívida da Autarquia em cerca de seis milhões de euros, à razão de um milhão por ano, o que demonstra o esforço financeiro realizado”. Paralelemente, e de forma progressiva, o Executivo também conseguiu baixar os impostos aos munícipes. Neste momento, o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) está na taxa mínima, ou seja, “no País ninguém paga menos que os figueiroenses. Para além disso, ajudamos ainda a população através de diversos incentivos em áreas como a habitação, a ação social ou o empreendedorismo. No fundo, fizemos aquilo para que formos eleitos. Ajudámos a população, privilegiámos todos os figueiroenses para que optassem por viver em Figueiró dos Vinhos, mitigando o êxodo que se registava no passado”, completa o autarca.
De acordo com Jorge Abreu para o sucesso de todos os investimentos realizados e a realizar foi de vital importância a qualidade dos projetos que a Autarquia apresentou aos programas de apoio europeus. “A maior parte das nossas candidaturas foi aprovada, o que demonstra a sua pertinência e importância para o desenvolvimento da região. O mais importante é que estas candidaturas permitiram a concretização de vários investimentos, tendo estes, na sua maioria, sido comparticipados a 85 por cento. Mesmo tendo a Autarquia que assegurar apenas 15 por cento dos investimentos em causa, a concretização destas obras só foi possível graças a uma gestão criteriosa e cuidada de todas as despesas, uma vez que tínhamos que assegurar o cumprimento das nossas obrigações com a Banca”, lembra.
Entre os investimentos mais recentes que foram realizados no Município, Jorge Abreu destaca o novo Complexo Empresarial Sonuma que significou um investimento na ordem de 1.3 milhões de euros e que permitiu a requalificação e reconversão das antigas instalações de uma recauchutagem, convertendo uma área de 6000 metros quadrados em sete espaços distintos e autónomos onde, a curto prazo, estarão sete empresas a laborar em pleno. Esta obra teve uma comparticipação a 85% do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). “Este foi um investimento muito importante porque potenciou a atratividade do concelho e, com isso, conseguimos a criação de novos postos de trabalho, fator ainda mais importante num período de pandemia como este”. O autarca assevera que o objetivo do Executivo é continuar a atrair empresas e aproveitar os fundos que serão atribuídos aos municípios no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência que será implementado no nosso País.
Jorge Abreu revela que Figueiró dos Vinhos está a trabalhar em conjunto com outros 21 municípios naquele que será um Plano de Revitalização do Interior e que contemplará áreas como a floresta, o turismo, a habitação, as acessibilidades, a saúde, a educação, a ação social, entre outros. “Felizmente, cada vez mais, os municípios não pensam apenas em si próprios, mas nos benefícios para toda a região, o que é muito positivo. O pensamento deve ser sempre realizado de forma macrorregional até porque, desta forma, todos teremos a ganhar. Assim, estamos expectantes de que as entidades competentes irão fornecer uma dotação elevada para a região, pelo que queremos maximizar ao máximo esse apoio. Optámos por apresentar este plano conjunto porque reconhecemos as nossas limitações. Somos um Município pequeno, pelo que com maiores dificuldades no acesso a fundos europeus quando comparado com uma capital de distrito ou com um dos grandes centros urbanos do Litoral do País. Felizmente, o Governo está ciente das verbas a investir no Interior para que o País fique mais equilibrado. Sabemos que este será um projeto a médio/longo prazo, mas também temos a certeza que este pode ser o início de um caminho de revitalização e de verdadeira dinamização do Interior, esbatendo assimetrias e debelando dificuldades”.
A luta contra a covid
O autarca sublinha que, na luta contra a pandemia, o Executivo esteve, desde o primeiro momento, ao lado das populações, das empresas e das diversas instituições, tendo realizado, desde logo, a distribuição de equipamentos de proteção individual. “Também colocámos no terreno diversos programas de apoio às pessoas isoladas e/ou em confinamento para que tivessem acesso, por exemplo, a bens alimentares e medicamentos. Para além disso, prestámos apoio e realizámos um acompanhamento próximo de todas as problemáticas relacionadas com o funcionamento escolar, assim como com as várias IPSS existentes no concelho, sendo que disponibilizámos a realização de inúmeros testes, sempre que necessário e de acordo com as orientações das entidades de saúde locais”.
Já no que diz respeito aos apoios prestados diretamente ao tecido empresarial, Jorge Abreu realça a isenção de pagamento de todo o tipo de taxas municipais, assim como de rendas no caso da ocupação de espaços da Autarquia. O Executivo atribuiu ainda apoios ao nível do pagamento das tarifas de água, saneamento, resíduos”. “Foram várias as medidas levadas a cabo e que continuamos a promover porque queremos continuar a apoiar as populações e a mitigar, de alguma forma, os efeitos negativos desta pandemia, ainda que estejamos cientes das nossas limitações e daquilo que conseguimos fazer. Como acima de tudo está o bem-estar das pessoas e a sua saúde e essa é a luta que travamos”, acrescenta o autarca.
Quanto à campanha de vacinação, Jorge Abreu considera que está a decorrer de forma muito positiva no concelho. “Tenho que dar os parabéns às autoridades de saúde locais que estão envolvidas neste processo, uma vez que está muito bem organizado e tem decorrido de acordo com o planeado. Melhor era impossível”. De acrescentar que o Município dispensou equipas de trabalho para auxílio a todos os profissionais de saúde ao nível logístico e da calendarização da vacinação.
Futuro promissor
Quanto ao futuro, o autarca garante que pretende prosseguir com o projeto que tem operacionalizado ao longo destes oito anos. “Tenho que continuar disponível para promover o desenvolvimento do concelho. Não me sentiria bem com a minha própria consciência se abandonasse Figueiró dos Vinhos num momento tão sensível como este. Ainda existem muitas obras estruturante que devem ser feitas, sendo que quando abandonar este cargo outras tantas haverá, uma vez que o desenvolvimento é um processo dinâmico. Assim, queremos continuar a trabalhar por e para as pessoas, pelo que iremos apostar no aumento da qualidade de vida de todos aqueles que escolheram Figueiró dos Vinhos como casa”.
Jorge Abreu advoga que está já projetada a construção de uma nova área empresarial, uma vez que, “só tendo espaços atrativos e disponíveis podemos ambicionar captar a fixação de novas empresas e, consequentemente, a criação de mais emprego. Dessa forma seremos capazes de, mais facilmente, assegurar a fixação das pessoas”. O autarca sublinha que, recentemente, o Município conseguiu captar o investimento de uma empresa de capitais canadianos que adquiriu cinco hectares na freguesia de Aguda para a implementação do seu projeto de cultivo e transformação de plantas medicinais. O investimento será superior a 15 milhões de euros e está prevista a criação de cerca de 100 postos de trabalho. “Conseguimos ainda a fixação de uma empresa vocacionada para a extração de óleos essências de plantas e que está a realizar um investimento de três milhões de euros”.
No que concerne ao setor social e habitação, o autarca revela que o Município vai investir na criação de habitação a custos controlados. “Temos notado que muitas pessoas querem viver no concelho, contudo, a habitação disponível é pouca, o que faz com que a especulação imobiliária seja uma realidade. É a lei da oferta e da procura, o que faz com que o mercado dite o preço, o que desmotiva muitos interessados, uma vez que os preços chegam a ser proibitivos”.
Jorge Abreu acrescenta ainda que o Município vai ainda apostar no setor na educação, já que o concelho passará a dispor de uma nova escola profissional, projeto a iniciar brevemente. Ainda neste setor, “iremos aumentar as vagas existentes no concelho ao nível das creches, uma vez que temos registado mais nascimentos e muitos munícipes têm já que procurar esta resposta em concelhos vizinhos”.
Já no que diz respeito ao setor do turismo, Jorge Abreu assevera que a Autarquia pretende reforçar a oferta existente ao nível do turismo de natureza até porque o Município dispõe do novo percurso das Fragas de São Simão, estrutura que foi inaugurada no verão passado e que entretanto foi ampliada. “No futuro queremos tornar a estrutura circular depois de termos criado um troço de acesso à zona da ermida de São Simão. Esta empreitada complementou a oferta criada pela construção do percurso que liga o miradouro das Fragas de São Simão à aldeia de xisto de Casal de São Simão, passando pela praia pluvial. No fundo, criámos um percurso que interliga os pontos de interesse turístico com os novos passadiços, nomeadamente o percurso pedestre, a visitação da aldeia, a praia fluvial, o património natural e a oferta turística ao nível da restauração, alojamento e animação turística existente. Além disso, não esperávamos que esta obra tivesse o impacto que teve e que nos catapultasse para os escaparates do turismo nacional. Este é um polo turístico de características ímpares que, sem dúvida, vale a pena visitar”.
Ao nível do turismo e desenvolvimento regional, o autarca enaltece ainda uma parceria que o Município firmou com a Universidade de Aveiro e a Universidade de Évora para um projeto de criação experimental de trutas assilvestradas que servirão para repovoar a ribeira de Alge, na freguesia de Campelo, projeto cofinanciados por fundos comunitários. “Queremos dar um uso eficiente e atrativo ao espaço, com a criação destes peixes, mas com óbvios impactos no turismo, na captação de visitantes, na pesca desportiva, entre outros. Pretendemos ainda que, no futuro, estas trutas obtenham uma certificação, para que possam ser comercializadas a nível nacional com essa mais-valia”.
A nível cultural, Jorge Abreu completa que o Município pretende continuar a apostar no FAZUNCHAR – Festival de Arte Urbana de Figueiró dos Vinhos, projeto que valoriza e dá relevo cultural a Figueiró dos Vinhos e que, no âmbito da marca “arte viva, lembra outras figuras da arte no concelho”, como José Malhoa. Esta iniciativa conta com a curadoria e coorganização da MISTAKER MAKER | Plataforma de Intervenção Artística e o EFFE – Europe for Festivals, Festivals for Europe e é uma iniciativa galardoada com o selo de qualidade atribuído pela European Festivals Association – EFA (Associação Europeia de Festivais), contando ainda com o apoio da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu.