Ribeira Brava sempre em primeiro

A cumprir o segundo mandato como presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, na Madeira, em entrevista ao Empresas+®, Ricardo Nascimento faz o balanço do trabalho levado a cabo no concelho e de todos os obstáculos ultrapassados ao longo dos anos, sempre com a Ribeira Brava em primeiro.
Em jeito de balanço, quando termina a primeira metade do seu segundo mandato, Ricardo Nascimento, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, refere que este é um mandato muito mais dedicado à área social. “No primeiro não tivemos a possibilidade de realizar um grande investimento nesse setor, uma vez que tínhamos que controlar a dívida que a Autarquia apresentava. Neste momento, conseguimos uma redução superior a 75%, o que é significativo”. Apesar desse grande esforço realizado, o autarca assegura que os investimentos existiram sempre e que “a resolução dos problemas dos ribeira-bravenses sempre foram uma prioridade”. No primeiro mandato, por exemplo, o Município realizou a recuperação do campo de futebol municipal, obra orçada em cerca de 600 mil euros, investimento suportado na totalidade pela Autarquia. “Esta era uma obra necessária e, hoje, é um orgulho passar ali e vermos as nossas crianças e jovens a usufruírem de todas as comodidades daquele espaço”, assegura o edil.
De acordo com Ricardo Nascimento, o segredo tem passado por não aumentar a despesa corrente à medida que se reduz a dívida da Câmara, canalizando o valor excedente para o setor social e para a realização de novos investimentos. O autarca enumera as diversas medidas em curso: “Estamos a realizar a recuperação de habitações de diversas famílias carenciadas. Para além disso, apoiamos os idosos mais vulneráveis com a comparticipação ao nível da medicação, assim como na aquisição de fraldas, nos casos em que estas sejam necessárias. De acrescentar, ainda, que comparticipamos a realização de alguns exames de diagnóstico que ribeira-bravenses de parcos recursos financeiros não conseguem realizar no âmbito do Sistema Regional de Saúde. A juntar a tudo isto, ainda conseguimos avançar com a criação da Universidade Sénior, o que permite que dezenas de idosos usufruam de formação nas mais diversas áreas, a custo zero, uma vez que os custos são suportados pela Autarquia”.
No que diz respeito aos mais novos, os apoios da Autarquia também se têm multiplicado. “Apoiamos as famílias desde a creche até ao ensino superior. Começamos logo por assumir 25% do valor que as famílias pagam para que os seus filhos frequentem a creche. Desde que as crianças entram para a escola e até ao final do 6º ano de escolaridade, nenhum pai precisa de comprar manuais, uma vez que a Autarquia suporta esse custo, quando a família não está abrangida pelas medidas de apoio do Governo Regional. Estamos também a fornecer material escolar a todas as crianças do 5º até ao 12º ano de escolaridade. No que concerne ao ensino superior, atribuímos uma bolsa anual de 500 euros a todos os alunos do Concelho que frequentam a universidade e que obtenham aproveitamento escolar. De acrescentar ainda que, no caso das famílias numerosas, desde que o jovem tenha mais dois irmãos a frequentar a escola, independentemente do grau de ensino, atribuímos ainda uma bonificação de 20% na bolsa”.
O autarca assegura que também não esqueceu o apoio às associações do concelho e que, por isso, aumentou em 30 mil euros o apoio distribuído, “o que faz toda a diferença”. Paralelamente, de acordo com o edil, o concelho da Ribeira Brava tem a taxa de IMI no valor mais baixo que a lei permite. “É por tudo isto que afirmo que este é o ano mais social que tivemos desde que assumimos os destinos do concelho”.
Apostar na Ribeira Brava
Ricardo Nascimento afirma que, neste momento, estão a decorrer diversas obras e investimentos, alguns deles, com recurso a fundos comunitários. “Já foram concluídos vários caminhos agrícolas que urgiam concretização. Só em duas destas vias foram realizados investimentos de quase um milhão e meio de euros, sendo que deste valor a Autarquia teve que assegurar 15%. Este tem sido um esforço financeiro que fazemos, auxiliado por uma gestão rigorosa, uma vez que, apesar de estarmos a conseguir reduzir a dívida e suportar todas estas mais-valias para a população, a verdade é que as receitas que recebemos são muito poucas, o que faz com que todas estas obras só sejam possíveis com muita exigência e cuidado na gestão do dinheiro público”.
O autarca acrescenta ainda que também foi levada a cabo a repavimentação de algumas estradas, investimento de quase 200 mil euros. No que concerne às vias de comunicação, o edil revela ainda que a Autarquia e o Governo Regional vão apostar na ligação entre a Ribeira Brava e Tabua, obra que faz parte do plano de mobilidade do Município e que “é de suma importância. Burocraticamente todas as questões estão resolvidas e, no final, esta obra representará um investimento de quase três milhões de euros. Devo dizer que, neste aspeto, assim como em outros, temos contado com a colaboração do Governo Regional”.
O autarca advoga que o turismo na região também continua a crescer e é possível que, no futuro, o concelho possa contar com uma nova unidade hoteleira com 27 quartos, além de uma unidade hoteleira mais vocacionada para a saúde e para o repouso, nomeadamente o tratamento da saúde mental, proveniente de investimento estrangeiro, sendo expectável que possam surgir outros projetos. “Os contactos estão a ser realizados porque ainda existe muito trabalho a fazer na Ribeira Brava nesta área. Quando cheguei à Autarquia existiam apenas quatro alojamentos locais registados. Neste momento são cerca de 90. Estou também a aguardar a abertura de candidaturas a fundos comunitários para que possamos reabilitar diversos trilhos e veredas, mais-valia que seria impulsionadora do turismo na região”, assegura Ricardo Nascimento que completa: “Além do turismo, considero que ainda temos muito trabalho a realizar ao nível da mobilidade. Considero que será crucial que consigamos criar aqui uma estação intermodal que beneficiará toda a zona oeste da ilha, uma vez que as ligações para oeste e para o norte da ilha passam todas pela Ribeira Brava. Temos já esse projeto pronto e fomos o primeiro concelho da ilha a ter o seu projeto de mobilidade aprovado”.
O vale da Ribeira Brava está ainda incorporado num projeto apresentado pelo Governo Regional e que a Autarquia decidiu acarinhar, o Brava Valley que ambiciona transformar a vila num cluster de incentivo à inovação e ao empreendedorismo, transformando-o numa nova centralidade baseada em redes formais e informais, com impacto direto e indireto na economia local do concelho da Ribeira Brava, com potencial para alavancar positivamente todos os municípios da região. “Isto acontece porque empresas ligadas ao setor das novas tecnologias que se queiram fixar na Ribeira Brava têm acesso a reduções fiscais. Este projeto tem sido uma mais-valia ao nível da empregabilidade dos jovens do concelho e de toda a região. Esta foi uma aposta ganha, até porque veio criar novos postos de trabalho, uma preocupação que tive desde o primeiro momento. Ao nível do emprego, o turismo tem sido outra forte alavanca, contudo, neste momento, deparamo-nos com a problemática de muitos ribeira-bravenses e dos seus descentes que voltam para a ilha, vindos da Venezuela. Também aqui temos contado com a colaboração do Governo Regional que tem programas especiais para ajudar a integrar estas pessoas. Paralelamente, a Autarquia também apoia estas pessoas em tudo aquilo que pode”, explica o edil.
Eleições à porta
Segundo o autarca, as próximas eleições regionais serão as mais complicadas dos últimos anos, “tanto para quem está no poder, como para quem está na oposição, uma vez que os resultados são uma incógnita. A região sempre foi liderada com maioria absoluta, algo que, provavelmente, não vai acontecer em setembro onde todos os votos vão contar. É por isso que considero que os madeirenses e porto-santenses devem ter cuidado com estas eleições. Julgo que, independentemente das cores políticas que se candidatam, será importante perceber quem serão as pessoas que compõem as diferentes listas, uma vez que os líderes há muito que são conhecidos. As listas têm que ser compostas por pessoas credíveis, trabalhadoras e com provas dadas, só essas serão capazes de conseguir o melhor para a Madeira”, defende Ricardo Nascimento.
Quanto ao seu percurso como autarca, o edil é perentório: “Quero terminar este mandato com a consciência de que fiz o melhor que podia e sabia por um melhor futuro para a Ribeira Brava. Sinto que os ribeira-bravenses sabem disso e que a minha porta está sempre aberta para eles, para os ouvir e para os ajudar em tudo aquilo que me for possível. Foi assim logo no primeiro dia em que fui eleito e assim será até ao último dia. A minha postura não muda com o aproximar das eleições”.