Santa Marta, uma referência no Douro
Em entrevista ao Empresas+®, Luís Reguengo Machado, presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião faz o balanço deste segundo mandato à frente dos destinos da Autarquia Duriense. Os últimos dois anos foram condicionados, em grande parte, pela atual pandemia, o que obrigou o autarca a redefinir prioridades. Apesar disso, o edil acredita que a marca SANTA MARTA conseguiu a sua afirmação, tornando o concelho numa referência na Região Demarcada e Regulamentada do Douro, a mais antiga do mundo.
Até ao aparecimento da pandemia, Luís Reguengo Machado, presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, realça que a Autarquia que preside continuou o trabalho de afirmação da marca SANTA MARTA, na Região Demarcada e Regulamentada do Douro, na valorização do vinho e na atração turística. Referiu ainda que o concelho é atravessado pela célebre Estrada Nacional N2 e, só em 2020, mais de 75 mil pessoas visitaram Santa Marta de Penaguião. “Queremos afirmar-nos como uma marca diferente e diferenciadora que permita criação de riqueza para todos os penaguienses. Hoje, Santa Marta de Penaguião é conhecida nacionalmente como uma referência nos vinhos, produto que teve uma evolução extraordinária ao nível da qualidade, visibilidade e disponibilidade no mercado mundial. Reafirmou ainda que “conseguimos assim incutir aos nossos vinhos maior valor, o que faz com que eles sejam atualmente comercializados a um preço mais elevado do que acontecia no passado. Este foi um trabalho quase invisível que realizamos, mas que atualmente muito nos orgulha, uma vez que estamos a competir de igual para igual com qualquer outro município produtor de vinhos de qualquer outra região vinhateira”.
Apesar dos objetivos cumpridos, o autarca reconhece que a atual pandemia condicionou a atuação do Executivo Municipal. “O nosso investimento no projeto Santa Marta D’Ouro foi protelado cerca de um ano. Este é um projeto extremamente interessante que visa o aumento exponencial da atratividade do concelho perante todos os turistas que visitam o Douro. Queremos tornar-nos uma referência tanto no número, como na qualidade das visitas que se fazem a toda a Região Demarcada e Regulamentada do Douro e, desta forma, finalmente, conseguir centralizar Santa Marta de Penaguião na região, o que levará, indubitavelmente, à criação de maior riqueza para todos aqueles que aqui vivem, trabalham e investem”. Santa Marta D’Ouro pretende passar a informação de um povo, das suas histórias e tradições como jamais se fez, através da existência de espaços físicos dinâmicos, interativos e apelativos.
Deste projeto fazem parte integrante três grandes empreendimentos: o Miradouro D’Ouro Vivo que terá uma exposição real, viva e mutante das castas do Douro. Nele os visitantes poderão aceder à informação acerca da sua origem, denominação, uso e formato, história e evolução, fazendo da visita uma aventura, um momento diferente e único. O Espaço João de Mansilha – Ligação História D’Ouro que por sua vez apresentará a história do Douro, desde 1756 até aos dias de hoje; a história da criação da Região Demarcada e Regulamentada do Douro (a mais antiga do mundo); do seu povo bem como a biografia do seu Mentor. Nele estará igualmente apresentada a história da criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, os seus estatutos e o selo oficial cuja imagem é a “Santa Marta” – Padroeira da Região Demarcada do Douro. Para finalizar o ciclo D’Ouro, o Espaço Origem D’Ouro será o espaço ex-líbris de Santa Marta de Penaguião que permitirá ter, num só local, um serviço de lazer e de conhecimento, com um espaço 4D que levará os visitantes a uma viagem vitivinícola de 1756 até aos dias de hoje, e uma cave que será ao mesmo tempo uma cápsula do tempo com vinhos de referência e história.
Ainda no âmbito da pandemia, Luís Reguengo Machado destaca o extraordinário trabalho que a Autarquia realizou na área social, criando melhores condições para todos aqueles que vivem mais isolados e com algumas carências. “Hoje posso afirmar que vivem melhor do que acontecia há oito anos. Contudo, tenho que louvar o comportamento exemplar e meritório que os penaguienses tiveram desde o primeiro momento desta nova realidade. Conseguimos sempre manter os números controlados”. O Município investiu, desde logo, em rastreios nos lares, tanto ao nível dos utentes como dos próprios funcionários, rastreando ainda as forças de segurança e bombeiros. “O pequeno comércio teve que encerrar, o que causou alguns constrangimentos. A autarquia atuou de imediato com a realização de várias reuniões, na qual nos apercebemos que a maior ajuda que podíamos dar aos nossos empresários era a do livre acesso aos diversos meios de proteção individual, medida que tomamos de imediato e que continuamos a assegurar até aos dias de hoje”, explica o autarca. Só com estas duas medidas, o Município realizou um investimento de cerca de 150 mil euros.
Neste momento, a Autarquia já tem a decorrer as medidas de apoio “para aquele que julgamos ser o próximo problema: o retomar da atividade”. As várias medidas significam um investimento de mais 150 mil euros e serão operacionalizadas através do Programa Extraordinário de Apoio e Incentivo ao Comércio Local, “tudo para apoiarmos as empresas sediadas no concelho, ajudando-as a mitigar as dificuldades económicas tidas ao longo desta pandemia”. Assim, para além das medidas socioeconómicas já adotadas ao longo do ano de 2020 ao nível da isenção das taxas das esplanadas, da suspensão do pagamento das rendas nos estabelecimentos arrendados ao Município, a Autarquia irá intervir e aliviar várias despesas que os empresários possuem, tais como Rendas, IMI, TSU, taxa de compensação por encerramento, isenção nas taxas anuais de Água, Saneamento e RSU. Também serão distribuídos vouchers por aqueles que estiveram sempre na linha da frente (IPSS’s, Bombeiros, Cuidadores Informais, profissionais docentes e não docentes). “Entendemos que estas medidas irão reanimar a nossa economia de proximidade, com foco na sustentabilidade das empresas mais afetadas pela crise pandémica, mantendo postos de trabalho”, completa o autarca. O Município atribuiu ainda recentemente 64 bolsas de estudo a alunos do ensino superior e seis bolsas a Bombeiros Voluntários, no valor global de 37.750 euros, tudo porque a educação continua a ser uma das grandes prioridades deste Executivo, “uma vez que estamos conscientes do papel que esta desempenha no desenvolvimento da comunidade. Este ano, mais do que nunca, o apoio vem ajudar a aliviar o esforço económico que os estudantes e as suas famílias fazem. Queremos garantir iguais oportunidades para todos”.
Luís Reguengo Machado advoga que o processo de vacinação contra a Covid-19 decorre dentro daquela que é a disponibilização existente de vacinas. “O balanço é positivo, sendo que todos os nossos idosos residentes e funcionários das Instituições de Solidariedade Social já receberam a segunda dose da vacina. Os nossos idosos com mais de 80 anos também já foram inoculados, assim como os nossos bombeiros voluntários e profissionais docentes e não docentes no ensino pré-escolar e 1.º ciclo. De referir que, desde o primeiro momento, disponibilizamos transporte gratuito, em estreita colaboração com as Juntas de Freguesia e IPSS’s, para a toma da vacina de todos aqueles que não o podiam fazer por meios próprios porque, neste concelho, ninguém fica para trás”.
Vencer com coragem e ousadia
O autarca lamenta ainda a forma diferente como as pessoas com responsabilidades de decisão a nível nacional encaram determinados territórios. “Somos um Município que, mercê da sua dimensão geográfica, tem recursos financeiros limitados, o que faz com que o recurso a fundos comunitários seja uma necessidade intransponível. Vejamos por exemplo o que aconteceu no empreendimento Espaço Origem D’Ouro. Depois de dois anos de muita luta, só no passado dia 3 de março, é que foi finalmente assinado o auto de consignação da referida, num investimento aproximado de 1.5 milhões de euros. Esta foi uma luta dura e exigente que tivemos. Corremos o risco, inclusive, de perder os fundos comunitários que tínhamos consignados, mas que conseguimos vencer com coragem e ousadia pelo que fomos reconhecidos. Nunca esmorecemos e conseguimos concretizar os nossos intentos. A questão é que esta luta atrasou todos os outros investimentos que tínhamos previstos. Para nós não fazia sentido avançar, sem que este investimento de fulcral na importância na estratégia para o concelho estivesse assegurado”. Para além deste projeto, a Autarquia tem, neste momento, obras em andamento no valor aproximado de três milhões de euros.
O autarca revela ainda que a obra do Miradouro D’Ouro Vivo já está em fase final. Uma obra que resultará num espaço natural, infraestruturado, com a plantação das castas de vinho mais representativas do Douro, e respetivos conteúdos de história e informação, num investimento superior a 210 mil euros. “Este miradouro único prima pela sua singularidade e complementaridade com outros espaços e equipamentos centrados na vinha e no vinho, garantindo-se assim uma simbiose entre a inovação e a história”, assevera o autarca. Por outro lado, a construção de um miradouro emblemático no topo da Serra do Marão também é um objetivo.
Para finalizar, Luís Reguengo Machado afirma que, para além do investimento de atratividade turística, requalificou 74 quilómetros de trilhos existentes no concelho, ideais para os amantes do turismo de natureza, bem como as praias fluviais de Fornelos e da Veiga (esta última está a aguardar pareceres das entidades para ser brevemente requalificada) e que serão também uma passagem e paragem obrigatória a quem nos visita.
“Quero que quem não nos conhece nos visite e que aqueles que aqui escolheram viver percebam que essa foi a melhor escolha que podiam ter feito”, conclui.