“Sempre encarei o cliente como um amigo”

Sílvia Silva é uma arquiteta sediada no concelho de Miranda do Corvo, situado no distrito de Coimbra, que atua na zona Centro do país. A arquiteta autodefine-se como “arquiteta dos pobres”, mantendo uma ligação próxima não só com os seus parceiros e colaboradores, mas também com os seus clientes, independentemente da classe social de quem se encontra à sua frente.
A arquiteta desejava, inicialmente, tornar-se estilista, na medida em que sempre teve preferência pelas artes e pelo desenho. Em 1993, viu-se obrigada a tomar uma decisão importante na sua vida, quando engravidou. Com a sua nova responsabilidade foi necessário optar por uma profissão mais segura e “deixar de viver de poesia”. Desta forma, decidiu iniciar os estudos de arquitetura, área que, para a entrevistada, “é a junção de todas as Artes”. Manteve uma vida de trabalhadora-estudante, pois trabalhava num gabinete de engenharia e arquitetura em Coimbra. “Um dos responsáveis pela empresa dizia-me sempre: ‘Dar aulas é a melhor solução quando temos faturas para pagar’. Eu achei que eram palavras necessárias de se reter”, explica a arquiteta que se licenciou em 1998 em Arquitetura no mês de Julho e começou a dar aulas em horário noturno em setembro, conciliando assim a Arquitetura e o Ensino.
Arquiteta independente
Desde que, finalmente, decidiu trabalhar em nome próprio em 2006, a arquiteta atua, principalmente, nos distritos de Coimbra, Leiria, Santarém e Viseu. “Sempre encarei o cliente como um amigo”, confessa a entrevistada, em que 90% dos clientes são finais para apenas 10% de clientes empresariais, que representam, maioritariamente, construtores. Sílvia Silva revela, ainda, que os seus clientes preferem materiais e sistemas construtivos tradicionais e económicos como a alvenaria, por exemplo. “É sempre mais fácil trabalhar com um cliente com dinheiro e sem plafond, mas, esse o desafio é maior”, explica a arquiteta, que confessa ainda que quando o cliente é mais abastado, a possibilidade de expressão criativa é maior e sem condicionantes. Contudo, Sílvia Silva admite preferir os projetos de reabilitação aos projetos de construção nova e “conciliar o vernáculo com o contemporâneo”.
Em 2003 pós-graduou-se em Saúde, Higiene e Segurança no trabalho, e quando a crise apertou em 2007 e havia pouco trabalho, frequentou o Mestrado de Segurança Contra Incêndios em edifícios urbanos na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra sendo técnica SCIE de 3ª e 4ª categoria de risco, área que lhe despertou bastante interesse.
“Todos os meus projetos são como um bebé, ponho o coração dentro”, explica, a entrevistada, o seu sucesso e o aumento de faturação de 20%, que se deu, tanto de 2016 para 2017, como de 2017 para 2018. A entrevistada assume, ainda, a conexão que cria com os clientes, os favores e as ajudas que lhes fornece, afirmando: “Tem sempre que haver um arquiteto dos pobres e a Sílvia é o arquiteto dos pobres”.
Projetos de destaque
Dos numerosos projetos executados, a arquiteta destaca três, nomeadamente, a realização de um infantário, em Coimbra, que sobressai pela longa duração que implicou a realização do projeto que, ao longo da construção, foi, em grande parte, modificado. Com uma excepcional vista para o rio Mondego, uma moradia nas Carvalhosas também se destaca pelas condicionantes que foram impostas, tanto pelo cliente, como pelas condições do terreno. Um projeto cujo resultado final surpreendeu, positivamente, a arquiteta.
Finalmente, outro projeto com mais relevo terá sido a construção de uma fábrica, na qual a arquiteta quis inserir vários elementos construtivos com o qual mais nenhum dos seus colaboradores concordava, mas que acabou por concretizar.
O futuro da arquiteta
Quando questionada, em entrevistada ao Empresas+®, sobre os seus planos para o futuro, Sílvia Sílvia afirmou ter alguns sonhos a médio prazo, mas, afirma apenas pretender continuar a conciliar a sua profissão de arquiteta com a sua profissão de formadora e técnica de SCIE e TSHST. Em relação às novas gerações, Sílvia Silva aconselha a emigração temporária para que possam enriquecer-se e voltar para Portugal com uma bagagem suplementar, pois “o nosso país é muito heterogéneo e as zonas são muito diversificadas, a realidade do Algarve não é a mesma realidade de Coimbra”, termina a arquiteta.