Sorte madrasta para Miguel Oliveira

O piloto português Miguel Oliveira (Tech3 KTM) desistiu do Grande Prémio da Grã-Bretanha de MotoGP, depois de ser abalroado pelo seu colega de equipa, o francês Johann Zarco, quando faltavam 11 voltas para o final da prova que foi ganha pelo espanhol Alex Rins (Suzuki).
O piloto de Almada ocupava a 12.ª posição quando caiu, em resultado de um acidente com o seu colega de equipa Johann Zarco. Miguel Oliveira lutava pelo nono lugar, na prova depois de ter partido do 15.º posto da grelha. A verdade é que Zarco, piloto que está de saída da KTM por causa dos maus resultados que tem obtido, tentou ultrapassar o piloto português pelo interior da curva 14 do Circuito de Silverstone, na Grã-Bretanha, na nona volta. Como não tinha espaço para realizar esta manobra em segurança, o francês acabou por chocar com o português, atirando-o ao chão e ditando, desta forma, a desistência do piloto luso que ficou um pouco combalido com a queda. De registar que Miguel Oliveira não desistia de uma corrida desde setembro de 2017, quando caiu no GP de São Marino, quando ainda disputava a categoria de Moto2. Apesar disso, o português já tinha caído esta época no GP da Alemanha, mas tinha conseguido retomar a corrida e terminar na 18.ª e última posição.
Por sua vez, Alex Rins conseguiu garantir a segunda vitória da temporada, depois do 1.º lugar obtido no GP dos Estados Unidos. O piloto espanhol conseguiu bater o seu compatriota Marc Márquez (Honda) mesmo em cima do risco da meta, o que fez com que a incógnita sobre o vencedor se tenha mantido até ao último segundo. O também espanhol Maverick Viñales (Yamaha) foi terceiro.
Expetativas goradas
Depois de conquistar a melhor classificação desde que chegou ao Moto GP, um oitavo lugar no Grande Prémio da Áustria, Miguel Oliveira chegava ao GP da Grã-Bretanha com a ambição de, não só pontuar, como lutar por um espaço entre os dez primeiros. O futuro era auspicioso até porque na qualificação para a corrida britânica, o português apresentou laivos de brilhantismo e cedo terminaram com uma desilusão.
Se na primeira sessão da qualificação, Miguel Oliveira foi o piloto mais rápido da Tech 3 KTM e registou o oitavo melhor tempo — prevendo-se uma presença história nas primeiras linhas da grelha de Silverstone, na segunda, o piloto luso acabou por ser o segundo mais lento, o que determinou que partisse do 15.º lugar. Marc Márquez conquistou mais uma pole position, com uma volta em 1.58,168s, que passa a ser também um novo recorde naquele traçado. Valentino Rossi foi o segundo mais rápido e Jack Miller fechou a primeira linha da grelha.
A corrida começou de forma promissora para o português que, em poucas voltas, conseguiu chegar ao 12.º lugar, tendo mesmo passado pelo 11.º. Depois, numa altura em que estava totalmente envolvido na luta pelo nono lugar que pertencia a Petrucci — Miguel Oliveira estava apenas dois centésimos mais lento do que o italiano e mais um do que Pol Espargaró, que era décimo –, o luso foi totalmente abalroado por Johann Zarco. O piloto português ficou sentado no chão depois de cair e depressa percebeu que não voltaria à pista: terminando uma série absolutamente impressionante de 35 corridas consecutivas sem abandonar. “Foi desapontante. Não há muito mais a dizer. Estava a sentir-me confiante com a mota, era uma oportunidade real de voltar a terminar no top-10, mas, infelizmente, terminou cedo demais. Agora, aguardo ansiosamente que venha a próxima prova”, afirmou Miguel Oliveira.
Na frente da corrida, Marc Márquez permitiu a ultrapassagem de Álex Rins mais do que uma vez durante a competição, mas conseguiu entrar na última curva na liderança. Contudo, na reta da meta, tal como tinha acontecido com Dovizioso na Áustria, o piloto espanhol perdeu na velocidade de ponta e acabou por deixar escapar o primeiro lugar para Rins que fez uma manobra genial que o deixou mais rápido nos derradeiros metros e, em aceleração, passar o surpreendido Márquez mesmo em cima da linha de meta, vencendo por escassos 13 milésimos de segundo. Em terceiro, Maverick Viñaçes foi mais forte do que Valentino Rossi e fechou o pódio.
Outro acidente violento
Esta 12.ª corrida da época ficou ainda marcada pelo violento acidente que envolveu o francês Fabio Quartararo (Yamaha) e o italiano Andrea Dovizioso (Ducati), que colidiram logo depois da primeira curva. Depois de um bom arranque de Marc Márquez, Fabio Quartararo perdeu o controlo da mota e provocou a queda de Dovizioso, que seguia um pouco atrás — os dois pilotos saíram a alta velocidade pela escapatória e caíram de forma violenta. A Ducati de Dovizioso incendiou-se e o piloto sofreu a perda momentânea de memória e ficou praticamente imóvel no chão, em resultado da colisão com o asfalto. Chegou a temer-se que a bandeira vermelha iria aparecer e que a corrida seria adiada, o que não veio a acontecer uma vez que os comissários e os bombeiros presentes em pista conseguiram retirar o piloto de maca de forma rápida e o Grande Prémio prosseguiu. Apesar disso, o piloto italiano foi mesmo transportado para o Centro Médico de Silverstone e, posteriormente, para o Hospital de Coventry para ser examinado, contudo, o acidente não provocou outras mazelas. Quartararo levantou-se pouco depois do acidente e saiu de pista pelo próprio pé.
Com estes resultados, Miguel Oliveira mantém os mesmos 26 pontos que já tinha no campeonato, ainda que tenha baixado do 15.º para o 17.º lugar. A geral continua a ser liderada por Marc Márquez, com 250 pontos, 78 mais do que Dovizioso e 101 pontos de distância para o terceiro que agora é Alex Rins, com 149 pontos. No troféu de pilotos independentes, Miguel Oliveira ocupa a nona posição. A próxima prova é o GP de São Marino que se realiza a 15 de setembro.