“Urge tomar medidas”
A Associação Empresarial Luso-Angolana (AELA) nasceu com o objetivo de criar pontes de entendimento entre empresários portugueses e angolanos que pretendiam investir nos dois países. Hoje, com a atual pandemia, Coutinho Duarte, presidente da AELA, afirma que “urge tomar medidas para que todo o esforço levado a cabo no passado não seja desperdiçado”.
Coutinho Duarte, presidente da AELA garante que os últimos anos, em Angola, não têm sido favoráveis aos empreendedores. “A verdade é que não foi criada a sustentabilidade necessária para o estabelecimento de grandes empresas e sinergias para, através da criação de postos de trabalho, pacificar toda a sociedade. Urge tomar medidas para que todo o esforço levado a cabo no passado não seja desperdiçado”.
O empresário reconhece que este contexto prejudica a própria AELA. “As entidades dos dois países estão afastadas e não articulam com as associações, o que provoca a estagnação do mercado. Além disso, a flutuação da cotação da moeda é uma constante, o que deixa os empresários renitentes. Também não podemos esquecer as taxas aduaneiras que são demasiado elevadas, sendo que esse custo é suportado pelo cliente final, o que faz com que o nível de vida atinja valores que não estão ao alcance da maior parte das pessoas”.
Coutinho Duarte assevera que a atual pandemia afetou muito a atividade da AELA, uma vez que “muitos empresários desistiram de África. Muitos outros deixaram de ver Angola como um país onde podiam projetar as suas ideias e os seus empreendimentos. A própria sociedade está diminuída na sua ambição e não vê qualquer luz ao fundo do túnel, o que torna toda a situação muito mais complicada”.
Quanto ao futuro, o empresário confessa que gostava que as entidades competentes percebessem que “as associações são uma forte alavanca para o desenvolvimento de qualquer país, funcionando como órgão conselheiro e prospetor, contruindo para a pacificação da sociedade”.
Futuro incerto
A Organizações JCD e Aereo Atlantic Service estão presente no mercado angolano há mais de 20 anos. Conhecida e reconhecida no mercado como uma empresa especializada na área da construção civil, obras públicas e despachos aéreos e marítimos, a JCD atravessa agora tempos complicados devido à Covid-19.
Questionado sobre as consequências que a atual pandemia trouxe às empresas que lidera, Coutinho Duarte garante que a maioria das empresas mundiais está a ser penalizada. “Em Angola, os habitantes não têm capacidade financeira e a classe média está a desaparecer, o que faz com que o futuro seja incerto. No nosso caso sem sempre conseguimos obter rentabilidade, contudo temos continuado a laborar e temos conseguido manter os postos de trabalho, que é o mais importante. A moeda desvaloriza constantemente e a inflação é crescente. Além disso, o país está confinado, é difícil ter acesso às vacinas, até porque estas são caras, o que torna esta uma situação difícil de gerir. Este não é o balanço que gostaria de fazer, porém é o possível”.