“A inovação está no nosso ADN”
A EPW – Tecnologia de Extrusão é, atualmente, o maior fabricante da Península Ibérica de perfis extrudidos a partir de um compósito de polímeros e fibras. Com produtos diferenciados onde a qualidade é uma certeza, a empresa é já uma referência a nível mundial. Em entrevista ao Empresas +®, Bruno Pita, administrador da EPW, revela os projetos que tem definidos para o futuro desta empresa que tem a inovação no seu ADN.
A EPW foi criada em 2006. Que balanço faz destes 15 anos de história? Quais os momentos mais marcantes e os maiores desafios ultrapassados?
A EPW nasceu de um conceito de produto e passou transformou-se numa grande organização. Esta tem sido uma boa “viagem”. Olhando para trás, o momento mais marcante que vivi foi, sem dúvida, o facto de nos termos tornado o maior fabricante da Península Ibérica de perfis extrudidos a partir de um compósito de polímeros e fibras, sendo que também estamos no top cinco de produtores europeus. Ao longo dos anos, o maior desafio que tivemos que enfrentar foi o de “educar” o mercado para as vantagens deste novo produto, quando comparado com a madeira, mas, sobretudo, face aos compósitos alveolares. A verdade é que a concorrência optou pelos alveolares por serem mais baratos e acabaram por ter muitos problemas, o que criou má fama nos compósitos. Felizmente, atualmente, os clientes já reconhecem que os nossos produtos tendo um custo de aquisição mais caro, acabam por ser uma melhor opção.
Sendo a EPW uma referência nível europeu e mundial, quais os principais mercados em que a empresa está presente na atualidade?
Neste momento exportamos para mais de 25 países. Entre estes, a Austrália e os diversos países da América do Sul são mercados muito importantes. Para além disso, temos vindo a cimentar a nossa presença na Arábia Saudita, no Qatar e nos Estados Unidos da América.
Do extenso portefólio da empresa, quais os projetos mais marcantes?
Temos vários projetos que foram, de facto, muito relevantes. Apesar disso, nesta altura, a ponte pedonal no Dubai Mall será, sem dúvida, uma referência importante, assim como o Imperial College of London. A verdade é que é difícil eleger apenas uma. Em Portugal, felizmente, os nossos arquitetos têm muita qualidade e grande capacidade de inovação, pelo que os nossos produtos acabam por “apanhar boleia” da sua visão e estão presentes em diversos projetos diferenciadores e disruptivos.
De que forma, a atual pandemia condicionou a atividade da empresa? O que mudou com esta nova realidade?
Conseguimos definir um plano de contingência logo nos momentos iniciais da pandemia. Esse plano aliado à elevada responsabilidade que os nossos colaboradores demonstraram fez com que não tivéssemos nenhum caso na empresa. Apesar disso, tivemos de nos adaptar no relacionamento com clientes e fornecedores, por forma a minimizar os riscos, mas sem prejuízo da qualidade do serviço. Nestes últimos tempos, também reflexo do Covid, os principais desafios têm sido a logística, o acesso às matérias-primas e a escalada vertiginosa do preço destas, o que tem condicionado a nossa atividade.
Inovação de vanguarda
A empresa labora na produção de perfis extrudidos a partir de um compósito de polímeros e fibras apelidado de WPC [Wood Plastic Composite]: mistura homogénea de madeira e polímero, num produto que combina o melhor destes dois materiais. Que diferenças apresenta este produto em relação aos decks mais tradicionais?
Este produto nasce de duas premissas: o baixo nível de manutenção e o baixo impacto que este tem no meio ambiente. Quando comparados com os decks mais tradicionais, os nossos produtos não requerem manutenção, sendo que possibilitam, a quem os utiliza, desfrutar destas soluções de forma mais descontraída e sem o compromisso da manutenção. A nossa produção é feita com base no desperdício de algumas indústrias da madeira e incorporamos ainda uma percentagem de polímeros reciclados. Mesmo ao nível da madeira que utilizamos possuímos certificação FSC [Forest Stewardship Council], por contraposição aos decks de madeira tropical que contribuem, de forma significativa, para a desflorestação.
Atualmente, a EPW oferece aos seus clientes a solução Titanium Deck, apelidado como deck do futuro.
Em que consiste este novo produto e quais as suas vantagens quando comparado com outras soluções existentes no mercado?
A gama Titanium resulta de um esforço contínuo de aperfeiçoamento do produto e materializa já o novo posicionamento da empresa: a aposta no luxury decking. Quanto às principais vantagens desta nova solução, estas residem na elevada resistência às manchas e aos UVs, a par de uma estética que julgamos mais próxima da madeira natural, o que se institui como uma importante mais-valia para muito clientes.
Sendo esta uma área em constante mutação, alicerçada na vanguarda e desenvolvimento de novos produtos e soluções, de que forma a empresa aposta e potencia o seu departamento de inovação e desenvolvimento?
A inovação está no nosso ADN. A constante procura de novos materiais que complementem ou melhorem a nossa produção é uma realidade e, sobretudo, uma certeza na EPW. Além disso, novos materiais, novas estéticas, novos sistemas de instalação são uma aposta constante na empresa.
Sendo a proteção do meio ambiente uma temática cada vez mais na ordem do dia, que cuidados a empresa tem a este nível?
Detemos certificação PEFC [Programme of Endorsement for Forest Certification Schemes], além da já mencionada FSC. Além disso, os nossos produtos incorporam desperdícios de várias indústrias, através de uma produção que reaproveita águas pluviais, num investimento programado de aproveitamento da energia solar. No fundo, toda a nossa atividade está pensada para ser cada vez mais verde e com uma pegada ecológica cada vez menor.
Como é que a EPW encara a concorrência?
Encaramos a concorrência como um desafio permanente. Gostamos de concorrentes fortes, que nos obriguem a estar sempre atentos, a adotar boas práticas em termos de produção, a gerir melhor o relacionamento com os clientes e a ter um entendimento melhor do mercado.
A problemática da mão de obra
A EPW debate-se com a falta de mão de obra? De que forma a empresa minimiza as consequências deste problema?
Procuramos formar e reter talento,
o que nem sempre é fácil. Porém procuramos criar as condições para que
os nossos colaboradores se sintam como uma parte importante do todo que é esta empresa. Este é um desafio permanente.
Não seria pertinente uma melhor articulação entre o ensino profissional e as empresas, por forma a suprir necessidades reais que existem no mercado? A EPW possui alguma parceria neste setor?
O ensino deveria estar mais vocacionado para as necessidades específicas do meio industrial. Neste campo, o ensino profissional é, muitas vezes, encarado como um plano B de carreira, sendo pouco valorizado pela sociedade em geral. Para colmatar este problema deveria existir uma maior aposta na especialização, sendo que as próprias instituições de ensino deveriam ter canais de comunicação e auscultação das necessidades específicas dos meios onde estão inseridas, por forma a formarem os seus alunos com o objetivo de suprirem essas necessidades.
Quais os principais projetos para o futuro?
Vamos reestruturar toda a produção no sentido de aumentarmos, ainda mais, a nossa capacidade de produção. O objetivo é que a nossa área produtiva passe dos sete mil metros quadrados atuais para cerca de onze mil. Desta forma, a EPW ficará com uma capacidade instalada de 400.000m2 por ano, o que será significativo. Por fim, pretendemos ainda entrar de forma consistente no mercado dos Estados Unidos da América.