Autarquias provaram que são capazes de se reinventar”
Filipe Santana Dias atual presidente eleito nas últimas eleições autárquicas de 26 de setembro, tinha assumido a presidência da Câmara Municipal de Rio Maior em 2019, quando a anterior presidente, Isaura Morais, tomou posse como deputada à Assembleia da República.
Apesar de reconhecer que não foi um primeiro mandato fácil, até porque teve que combater uma pandemia, Filipe Santana Dias também garante que, perante esta nova realidade, “as autarquias provaram que são capazes de se reinventar. As autarquias conseguiram ser a primeira tábua de salvação neste combate. É com orgulho que reitero que Rio Maior esteve sempre nessa frente de luta”.
“Sabemos que a vida de um autarca, por definição, não é fácil. Ainda assim este foi um mandato muito exigente, por causa da pandemia que tem vindo a assolar o mundo. Ninguém está preparado para um desafio como este”, assegura Filipe Santana Dias, presidente da Câmara Municipal de Rio Maior. Apesar disso, o autarca também garante que foi nesse momento que ficou provado que as autarquias fazem falta às pessoas. “Temos o trunfo da proximidade. Por isso, podermos ter a real tarefa de fazermos a diferença para melhor na vida das pessoas ter no desempenho da nossa função foi uma bênção. Milhares de autarcas deste País passam por uma câmara ou por uma junta de freguesia sem nunca terem sentido que o seu papel era tão determinante como foi nesta pandemia”.
De acordo com Filipe Santana Dias, ao longo destes dois anos, as autarquias provaram, muito antes de qualquer ação do Governo Central, que “são capazes de se reinventar e de fazer chegar às pessoas soluções que ajudam a apaziguar as suas dificuldades. Além disso, de uma forma geral, as autarquias conseguiram ser a primeira tábua de salvação neste combate. É com orgulho que reitero que Rio Maior esteve sempre nessa frente de luta. Se fizemos tudo bem? Provavelmente não. Apesar disso, não tenho quaisquer dúvidas: estivemos sempre do lado da solução. As pessoas reconhecem que a comunidade, como um todo, trabalhou bem para minimizar esta situação”.
O autarca considera ainda que a reação imediata dos municípios, através da distribuição massiva de equipamentos de proteção individual (EPI) foi vital para o controlo da pandemia, numa primeira fase, “sem o custo de resultados catastróficos para as populações. As forças de segurança, as unidades de saúde e todos os profissionais desde os serviços municipais até aos bombeiros, cruz vermelha, entre outros, não estavam preparados para uma situação como esta, o que fez com que, no início, tenha sido muito difícil o acesso a todo o tipo de EPI. Estas soluções esgotaram rapidamente em todo o mundo. Felizmente, soubemos antecipar-nos e adquirimos estes equipamentos três semanas antes das restantes autarquias, o que se mostrou de suma importância até porque nos permitiu equipar devidamente todos os serviços essenciais ao funcionamento do concelho. Além disso, substituímos o Estado Central e equipámos os profissionais de saúde de Rio Maior, os bombeiros locais e as forças de segurança. A verdade é que se não nos tivéssemos antecipado na aquisição depois não teríamos sido capazes de suprir a falta de resposta da Tutela. Quem está mais perto tem sempre o dever de ajudar, mesmo que essa não seja a sua competência direta”.
Atenção nas pessoas
Com o objetivo de mitigar as consequências da pandemia, Filipe Santana Dias advoga que o Município adotou uma série de medidas. “Fomos um dos primeiros a isentar, por completo, a população do pagamento de todas as taxas ligadas ao consumo de água, resíduos urbanos, entre outros. Agilizámos ainda o funcionamento do nosso Gabinete de Inserção Profissional, por forma a que uma pessoa numa situação mais preocupante pudesse, mais facilmente, obter integração no mercado de trabalho, ainda que a nossa taxa de desemprego seja residual”.
No que diz respeito ao tecido empresarial, o autarca assevera que o Município isentou, na totalidade, os espaços de restauração e hotelaria de todas as tarifas e taxas, sendo que também permitiu o alargamento da ocupação do espaço público sem qualquer contrapartida. Além destes apoios diretos atribuídos ao comércio local, no Natal, a Autarquia desenvolveu diversas atividades e campanhas para que os munícipes se sentissem impelidos e incentivados a consumir localmente, “ajudando os pequenos comerciantes de Rio Maior. No fundo, centramos a nossa atenção nas pessoas, tudo para que saíssemos desta pandemia o menos lesado possível”.
Quanto à campanha de vacinação, Filipe Santana Dias congratula-se por Rio Maior ter sido dos primeiros concelhos a conseguir atingir a meta de metade da população vacinada. “Conseguimos obter um reforço de um milhar de vacinas quando o concelho não cumpria as metas para o desconfinamento. Agradeço a disponibilidade do senhor primeiro-ministro, António Costa, que foi sensível a esta questão e que atendeu a este nosso pedido. Nesta altura a vacinação decorre de acordo com o bom ritmo a nível nacional, estando concelho de Rio Maior já com 85 por cento da população vacinada.
Apesar disso, o presidente sublinha que, apesar do Município nunca ter descurado o combate à pandemia, centrou-se sempre futuro, orientando a sua ação para o regresso à normalidade. “A Autarquia nunca deixou de funcionar e de prestar serviços. Os investimentos também nunca foram colocados em causa, apenas adiados, em alguns casos. Pensamos sempre no nosso setor do turismo durante este período e continuámos a desenvolver as nossas obras estruturantes, o que fará que, logo que a condição sanitária o permita, possamos voltar, de forma quase imediata, à normalidade do desenvolvimento do concelho. A pandemia tem que ter um fim e temos que estar devidamente preparados para esse dia. Toda esta situação fez com que adquiríssemos uma grande capacidade de adaptação e de reação, o que também será uma mais-valia no futuro”.
Investimentos em curso
Filipe Santana Dias enaltece que o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) está em curso, assim como o seu projeto mais marcante: a requalificação da zona ribeirinha de Rio Maior com criação de um novo parque urbano, o “Parque do Rio” obra que está já concluída. “Este é um espaço de lazer de grande qualidade para todos os riomaiorenses, ao mesmo tempo que devolvemos à cidade o rio que lhe dá nome. Infelizmente, durante décadas, o nosso rio foi desprezado. Ainda que o Município possa não ter feito nada para o prejudicar, certo é que também não fez nada para o proteger. Neste momento, a população mostra-se satisfeita com o regresso deste contato com o rio e com o usufruto das suas margens. Notamos este sentimento de pertença sempre que realizamos uma intervenção num curso de água. Este é um dos investimentos que incutiu em todos os riomaiorenses um novo sentimento de amor pela sua cidade. Se ser riomaiorense foi sempre um orgulho, hoje, as pessoas sentem que estão integradas numa comunidade com identidade e esse é o caminho que deve ser trilhado. As pessoas têm que se identificar com a sua terra e com aquilo que as torna únicas”.
A nível cultural, o autarca destaca Ruy Belo, poeta português de renome internacional, oriundo do concelho de Rio Maior. “Estamos a avançar com o projeto de requalificação da casa onde nasceu, onde surgirá agora uma Casa Museu e Residência Artística, o que permitirá a qualquer investigador que pretenda estudar a vida e obra do autor residir na própria casa do talentoso poeta. Para além disso, iremos avançar com a criação de uma rota literária que terá como temática principal a vida e obra de Ruy Belo”.
Filipe Santana Dias salienta ainda o importante projeto de requalificação da histórica “Moagem Maria Celeste”, situada no percurso do rio Maior, em pleno “Parque do Rio”. “Queremos que esta seja uma nova área de exposições e espaço multiusos. Faz ainda parte da intervenção na Zona Ribeirinha, a requalificação e valorização da Villa Romana, grande complexo arqueológico que possuímos, e onde nasceu agora um novo edifício que passou a albergar e proteger todo o espólio e património desta Villa, que esteve escondido da população durante mais de 20 anos. Queremos que a visitação seja uma experiência por isso vamos apostar também na recriação da Villa em 3D. Para além disso, serão ainda criados laboratórios, estes na Moagem Maria Celeste, para que o elemento da investigação ligado ao período Romano, também esteja assegurado e para que esta nova atração turística tenha uma componente didática. Se as Salinas são o ex-líbris do concelho, a Villa Romana, será o ex-líbris da cidade, num projeto global que pretende criar novos equipamentos culturais e potenciar o investimento de privados na recuperação do património edificado da zona histórica”.
O autarca explica que o Executivo está a organizar a cidade, por forma a conseguir atrair cada vez mais visitantes e, por conseguinte, mais investimento. “Rio Maior tem todas as condições para ser uma referência ao nível do turismo, a oferta precisava apenas de ser organizada e divulgada, trabalho que estamos atualmente a levar a cabo”, completa.
Smart sport city
“Rio Maior é hoje um concelho em desenvolvimento por isso queremos continuar a implementar medidas e ações que visem potenciar o que de melhor temos, conquistando novas áreas de atratividade e criação de riqueza, mantendo a qualidade de vida reconhecida por todos os que aqui vivem, trabalham e nos visitam. Queremos manter a sustentabilidade da cidade. Rio Maior é, hoje, um concelho pacato, seguro, onde a qualidade de vida é um dos nossos maiores trunfos. Temos ainda indústrias únicas no mundo sedeadas no nosso concelho, o que se institui como um forte elemento de diferenciação”, garante Filipe Santana Dias.
O autarca acredita que, no futuro, o Executivo que lidera será capaz de projetar Rio Maior na senda do progresso e do crescimento. Para isso, o presidente considera de vital importância a aposta em três linhas essenciais: “Desde logo, a já mencionada organização e divulgação do potencial turístico de Rio Maior. Para além disso, do ponto de vista empresarial e dos serviços, temos que desenvolver, ainda mais, o nosso parque industrial. Tem que existir essa vontade e essa dinâmica de ambicionarmos sempre mais e melhor. Só no último ano e meio foram vendidos 16 lotes num dos nossos parques industriais, o que demonstra a qualidade do trabalho e o esforço que temos levado a cabo a este nível, no intuito de serem criados ainda mais postos de trabalho, incrementando o investimento através da captação de indústria diferenciadora. Por fim, como é de foro público, somos a cidade do desporto. Não existe mais nenhum município no País com a nossa dimensão e com a oferta de equipamentos desportivos que possuímos, sendo que também temos oferta de educação de nível superior ligada ao setor do desporto. Assim, temos que interligar todos estes fatores e captar indústrias ligadas ao desporto que encontrarão em Rio Maior todas as condições para que possam singrar. Falamos tanta da indústria de produção, como daquela que mais ambicionamos: a indústria do conhecimento e do desenvolvimento. De lembrar que os melhores atletas do mundo de várias modalidades estagiam anualmente em Rio Maior, o que faz com que exista capacidade instalada para o desenvolvimento de novos produtos e soluções específicos para este setor de negócio. Queremos tornar Rio Maior na primeira smart sport city do País”, conclui.