“Boticas também é Portugal”
Fernando Queiroga foi reeleito para um terceiro mandato à frente dos destinos do Município de Boticas. Na cerimónia de tomada de posse dos Órgãos do Poder Autárquico, o presidente não tem dúvidas: “Boticas também é Portugal. Assim, é imperativo que saibamos reivindicar, aproveitar e fazer bom uso de instrumentos como o Portugal 2030 e o Plano de Recuperação e Resiliência, exigindo que os territórios de baixa densidade populacional não sejam excluídos, até porque os efeitos desta crise também se fizeram sentir em Boticas e de forma bastante evidente”.
O edifício dos Paços do Concelho recebeu a cerimónia de instalação dos Órgãos Autárquicos do Concelho de Boticas, Câmara e Assembleia Municipal, para o quadriénio 2021/2025. Fernando Queiroga e a sua equipa foram reeleitos para um terceiro mandato. A sessão solene contou com a presença de centenas de botiquenses, várias entidades e representantes de instituições locais e regionais, e com os presidentes de Câmara dos restantes municípios que constituem a região do Alto Tâmega.
No discurso de tomada de posse, Fernando Queiroga começou por enaltecer a confiança que os botiquenses depositaram no projeto que lidera e que determinou a sua reeleição, de forma expressiva, para mais um mandato à frente dos destinos do concelho de Boticas, “uma responsabilidade que honrarei em prol de todos os botiquenses. Esta tomada de posse e instalação dos órgãos autárquicos para o mandato 2021/2025 foi o culminar de um processo eleitoral muito participado e que deixou expressa, de forma bem vincada, a vontade dos botiquenses. Estou confiante de que iremos corresponder às altas expetativas criadas e à confiança que os habitantes de Boticas depositaram em nós”. O autarca destacou ainda a elevação com que decorreu a campanha e o ato eleitoral, salientando o civismo, o respeito e a liberdade com que cada partido, ou movimento de cidadãos apresentaram as suas ideias e os seus programas eleitorais à população. “Agora que o processo eleitoral terminou, a nossa obrigação é trabalharmos, sem demagogia, na valorização do concelho de Boticas e na criação de melhores condições de vida para a nossa população. Boticas precisa de nós”.
O mais importante: as pessoas
“O mais importante serão sempre as pessoas, sendo que não há espaço para quaisquer discursos populistas, até porque não é disso que a nossa terra precisa. Boticas precisa de atos e de trabalho e não de palavras vãs. Só assim poderemos demonstrar o nosso valor e a dedicação que temos ao nosso povo e à nossa terra. Honrarei o compromisso que assumi com este concelho e serei o presidente de todos os botiquenses, sempre empenhado para ajudar a construir um dia a dia mais próspero, solidário e profícuo para o nosso concelho”, garante Fernando Queiroga. Apesar disso, o presidente sabe que os próximos anos serão exigentes e repletos de desafios. “Vamos encontrar muitas dificuldades. Contudo, com entrega e entreajuda iremos superar as adversidades que surjam no nosso caminho. Para isso, o trabalho em equipa é fundamental, pelo que, Câmara, Assembleia Municipal e juntas de freguesia devem estar emanadas do mesmo espírito. Só assim seremos capazes de atingir as metas traçadas e objetivos delineados”, acrescenta.
O autarca reitera que as juntas de freguesia têm realizado um trabalho notável e de grande qualidade, servindo as populações de acordo com as suas necessidades, respondendo de forma positiva à resolução dos seus problemas. “Tenho confiança total em todos os presidentes de junta porque reconheço-lhes o trabalho, a dedicação e, sobretudo, a disponibilidade para ajudarem a garantir melhores condições de vida às nossas populações. Estarei sempre disponível e de portas abertas para, juntos, encontrarmos soluções que resolvam os problemas da nossa população”.
O presidente assevera ainda que procurará manter a relação de grande proximidade que tem com todas as instituições e associações do concelho, “até porque desempenham um papel fundamental no futuro de Boticas, devido à sua atuação junto das populações, mais-valia ainda mais importante num momento como este. É necessário que consigamos recuperar a autoestima das pessoas, combater o isolamento social e voltar a proporcionar momentos de lazer entre todos, criando um espaço onde possamos demonstrar a amizade que temos uns pelos outros. As instituições mantêm-se empenhadas em promover o desenvolvimento do concelho, mostrando-se uma mais-valia importante no conservar das nossas tradições, usos e costumes, dando voz ao espírito e à verdadeira forma de ser do povo barrosão, pelo que é nossa obrigação estarmos disponíveis para as auxiliar neste desígnio”, completa.
De acordo com o autarca as linhas orientadoras para o novo mandato assentam, entre outros, na criação de emprego, a captação de mais investimento para o concelho, a equidade social, a fixação da população, o desenvolvimento do turismo e a promoção dos produtos endógenos, referindo, porém, que “as pessoas continuam a ser a principal prioridade para o meu Executivo, que fará o que está ao seu alcance para salvaguardar os interesses das nossas populações e da nossa terra”.
Mandato repleto de desafios
Fernando Queiroga admite que as exigências são cada vez maiores, “pelo que temos que estar alerta e preparados para enfrentar novos desafios, ao mesmo tempo que teremos que ser capazes de aproveitar as novas oportunidades para, assim, assegurarmos o futuro do nosso concelho e das gerações vindouras, reforçando a coesão territorial e reduzindo, de forma substantiva, as assimetrias que, infelizmente, existem em relação aos grandes centros. Temos orgulho na nossa ruralidade, mas nunca aceitaremos ser tratados como portugueses de segunda, sendo que defenderemos sempre, de forma intransigente, os interesses da nossa terra e da nossa população. Não nos calaremos, até que a voz nos doa e lutaremos até à exaustão das nossas forças para reclamarmos o que é nosso por direito. Boticas também é Portugal. Assim, é imperativo que saibamos reivindicar, aproveitar e fazer bom uso de instrumentos como o Portugal 2030 e o Plano de Recuperação e Resiliência, exigindo que os territórios de baixa densidade populacional não sejam excluídos, até porque os efeitos desta crise também se fizeram sentir em Boticas e de forma bastante evidente”.
O autarca defende que, durante este mandado, será indispensável apoiar o setor económico e o tecido empresarial para que “possamos dar um novo impulso à economia local, acompanhando o ritmo de crescimento do País, da Europa e do mundo. A exigência que temos pela frente não se compadece com experimentalismos. Assim, temos que ter o conhecimento real das necessidades do concelho, apostando nas áreas que mais irão valorizar e enriquecer a nossa terra. Não nos podemos acomodar com o que já alcançamos. Temos sempre que ambicionar mais, ainda que saibamos que só o conseguiremos com total dedicação e empenho, mas, sobretudo, com muito trabalho árduo. Assim, vamos continuar a defender, intransigentemente, os interesses de Boticas e da região, lutando contra todas as injustiças, recusando sermos enganados com promessas ocas de desenvolvimento e de desígnios nacionais”.
O presidente acredita “convictamente que o concelho merece tudo. Contudo, também sei que nada nos é dado de mão beijada. Temos que ser resilientes e trabalhar muito para conseguirmos atingir os nossos objetivos. Há muito trabalho a fazer, novos desafios a cumprir e novas dificuldades a ultrapassar. Apesar disso, sou realista e não prometo aquilo que, em consciência, não será exequível cumprir. Assim, o nosso foco será sempre o de tomarmos as melhores decisões, sobretudo aquelas que realmente contam para operar mudanças positivas e ajustadas à nossa realidade, ao mesmo tempo que nos recusamos a comprometer a boa saúde financeira do Município. Este será o caminho que continuarei a trilhar”, conclui.
Orgulho na ruralidade
Em entrevista ao Empresas+®, Fernando Queiroga, presidente da Câmara Municipal de Boticas, revela os principais projetos que pretende implementar no Concelho neste que será o seu terceiro e último mandato. O autarca não esquece ainda as oportunidades criadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência e pelo novo Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2030.
Venceu as últimas eleições autárquicas. Quais as suas expetativas para este novo mandato?
Sabemos que, durante os próximos anos, vamos encontrar muitas dificuldades, por isso, o trabalho em conjunto entre a Câmara, a Assembleia Municipal e as juntas de freguesia é fundamental. Estamos preparados para as exigências que temos pela frente nos próximos anos que serão, inevitavelmente, marcados por profundas mudanças, sobretudo, em termos sociais. Contudo, as prioridades que defini, quando há oito anos assumi pela primeira vez as funções de presidente da Câmara de Boticas, mantêm-se tão válidas como o eram então, assentando em quatro grandes pilares que se relacionam com todas as outras áreas: apoio à criação de emprego; desenvolvimento do turismo; promoção dos nossos produtos endógenos e a equidade social.
Nos próximos quatro anos, que projetos espera implementar no Concelho no âmbito social?
Os próximos anos irão trazer uma realidade diferente. Desde logo, porque iremos assumir, no início de 2022, as duas últimas competências a transferir pelo Governo para o Município: a Saúde e a Ação Social. Além disso, o apoio à população a às famílias torna-se ainda mais premente, mas esta não é uma realidade nova para nós. Temo-nos preocupado sempre em ir ao encontro das necessidades da nossa população, procurando criar cada vez melhores condições de vida para todos os botiquenses. Assim, iremos dar continuidade às políticas de família que temos vindo a implementar, mantendo o apoio à natalidade, à educação, aos mais carenciados e aos mais idosos, reforçando ainda projetos de cariz social como o “Dar vida aos anos envelhecendo”, que estimula as pessoas com mais de 55 anos a terem uma vida mais ativa e saudável, através da prática de exercício físico, contribuindo para contrariar o sedentarismo e para a prevenção e diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares. Contudo, mais do que implementar novos projetos, é fundamental que consolidemos e reforcemos as iniciativas que já estão em funcionamento, tornando-as ainda mais abrangentes e capazes de chegar a toda a população.
A problemática da habitação está na ordem do dia e multiplicam-se as iniciativas nos grandes centros urbanos com o objetivo de serem criadas condições para que os jovens e a classe média tenham acesso a habitação condigna. Que iniciativas decorrem em Boticas? De que forma a Autarquia planeia fixar a população e combater a desertificação?
O acesso à habitação não é um problema exclusivo dos grandes centros urbanos, sendo que também existe nos territórios do Interior do País. Nos últimos tempos temos apostado na criação de condições para que os casais regressem e se fixem no concelho. Este não é um trabalho de dois ou três anos, mas de um tempo longo, e o acesso à habitação é um fator preponderante. Hoje, no concelho, quem pretende constituir família depara-se com alguma dificuldade em arranjar casa, sobretudo pelo facto do mercado habitacional ser muito reduzido, o que implica o recurso à construção de habitação própria e permanente. Neste momento estamos a implementar a Estratégia Habitacional para que seja mais fácil recuperar e beneficiar habitações que se encontram degradadas e/ou devolutas, mas também pretendemos criar um novo loteamento na Vila de Boticas, com regulamentos específicos, garantindo terrenos a custos mais acessíveis para que os jovens possam construir a sua casa e constituir família. Este é um trabalho que está a ser desenvolvido em conjunto com as Juntas de Freguesia e que acredito que poderemos ter resultados práticos muito em breve.
No que concerne à educação, como classifica a oferta existente em Boticas? Algum projeto pensado nesta área?
Dado o baixo número de crianças, o concelho dispõe apenas de ensino até ao 9º ano de escolaridade. Depois disso, os alunos têm que se deslocar para o concelho vizinho de Chaves para prosseguirem os estudos. Os alunos que temos estão concentrados no Agrupamento de Escolas Gomes Monteiro, que conta com cerca de 350 crianças, distribuídas pelos três ciclos do ensino básico. O Agrupamento tem todas as condições para um ensino de qualidade e a Autarquia garante o apoio a todos os alunos, quer com a oferta das fichas de trabalho e material escolar, quer com os passes escolares gratuitos para todos os alunos e as refeições, também gratuitas, para o 1º ciclo. Fomos dos primeiros municípios a assumir as competências na área da educação e garantimos todas as obras de beneficiação e manutenção do complexo escolar para proporcionarmos sempre as melhores condições de ensino no nosso concelho.
Que consequências a pandemia causou no Concelho? Os níveis do desemprego subiram? A Autarquia ainda fornece algum tipo de apoio aos seus munícipes?
O esforço coletivo da nossa população foi determinante para conseguirmos enfrentar esta pandemia, sendo salientar também o papel determinante dos nossos empresários, em particular os da hotelaria e restauração, que foram dos mais afetados por este período difícil que vivemos, e que, com muito esforço, conseguiram adaptar-se, alterando, em alguns casos, as suas áreas de actividade, para manterem os postos de trabalho. Felizmente, no concelho, esta crise não se traduziu no aumento do desemprego. Contudo, agora é necessário apoiar os empresários locais, restituir-lhes a confiança, incentivando a criação de mais postos de trabalho que contribuam para a fixação de pessoas na nossa terra.
O apoio aos nossos munícipes é permanente. Neste contexto, como temos uma população muito idosa, com problemas de mobilidade, continuamos a assegurar os transportes para o Centro de Saúde, quer para a realização de testes ou para a inoculação de vacinas contra a Covid-19, assim como para outros cuidados de saúde. Estamos em permanente contacto, quer com as autoridades de saúde, quer com as juntas de freguesia, para podermos atuar, com celeridade e máxima eficácia, no apoio à nossa população sempre que se justifique.
O que espera do Concelho para os próximos quatro anos do ponto de vista económico? Que iniciativas espera implementar?
Espero, obviamente, que haja a recuperação da nossa economia e que possamos alavancar o desenvolvimento do concelho. A nossa persistência permitirá criar mais atractividade para o investimento, contribuindo, inequivocamente, para a criação de emprego, para a fixação da população e, claro está, para garantir mais qualidade de vida. Este é um trabalho progressivo e duradouro que nos obriga a manter na linha da frente e a sermos inovadores para conseguirmos tirar partido das nossas riquezas e o nosso trabalho começa agora a dar frutos.
Temos um património histórico, paisagístico e gastronómico riquíssimo que é preciso continuar a valorizar e dar a conhecer, através de uma aposta forte e sustentável na promoção e divulgação dos nossos recursos endógenos. Procuraremos criar todas as condições de atratividade para podermos ir ao encontro das expectativas daqueles que nos visitam, o que implica a existência de atividades e programas capazes de agradar a todos. O envolvimento do setor privado será crucial no desenvolvimento de iniciativas que permitam aumentar a oferta disponível ao longo de todo o ano, para assim dinamizar a economia local.
O turismo e o aproveitamento das grandes potencialidades da nossa terra passarão, igualmente, por um trabalho conjunto de todos, pois só assim conseguiremos um desenvolvimento equilibrado, progressivo e capaz de dar resposta, em quantidade e qualidade, à procura que o concelho tem tido. A valorização dos nossos produtos endógenos e o apoio à agricultura continuarão a ser também uma aposta forte, pelo que aumentaremos as iniciativas de fomento à produção e ao eficaz escoamento desses produtos, garantindo maior rentabilidade aos nossos agricultores.
O Concelho de Boticas é conhecido e reconhecido pelo seu forte dinamismo cultural e turístico, onde o Centro de Artes Nadir Afonso é o exemplo perfeito desta simbiose. Que projetos espera implementar no decorrer deste mandato?
Não podemos cair no erro de realizar iniciativas avulsas e desligadas daquela que é a nossa realidade. O nosso foco está concentrado na dinamização dos equipamentos existentes e na realização de atividades que sejam complementares a essa dinamização. Não procuramos um turismo massificado, nem temos condições para tal. Contudo, o desenvolvimento do turismo e o aumento do número de pessoas que nos visitam tem que ser, obrigatoriamente, acompanhado por iniciativas dos privados, que garantam o suporte e a estrutura necessária à realização de grandes eventos, por exemplo, ao nível de alojamento e restauração.
Neste contexto, o papel das associações culturais, recreativas e desportivas também é fundamental e assume particular importância nesta fase pós-pandemia. É necessário, antes de tudo, recuperar a autoestima das pessoas, combater o isolamento e voltar a proporcionar momentos de lazer e convívio, criando espaço para a realização de iniciativas culturais e de preservação dos nossos hábitos, usos, costumes e tradições. Assim, esperamos reiniciar a habitual programação cultural com normalidade. Esse será o primeiro passo. Só depois começaremos a trabalhar na preparação de novas iniciativas que envolvam os vários agentes locais e que tragam uma nova dinâmica ao concelho.
Boticas é também uma referência na promoção da prática de múltiplos desportos. Quais os seus projetos para esta área?
Boticas é, de facto, uma referência ao nível da prática desportiva, tanto em termos do desporto de formação, como na realização de grandes eventos desportivos, como o desporto automóvel, o ciclismo ou os desportos de natureza e aventura [BTT, trail running]. O próximo ano passará pela consolidação e afirmação desses eventos no panorama desportivo nacional e internacional, esperando que estes se possam realizar sem as restrições impostas pela pandemia. Queremos ainda dinamizar os novos equipamentos recém-construídos como a Pista Multiusos para Desportos Radicais, preparada para receber provas de motociclismo [motocross, trail, enduro] e de ciclismo de montanha (XCO). Esperamos que este novo equipamento, criado de raiz, possa ser palco, a curto prazo, de provas internacionais que tragam mais gente a Boticas, com importantes reflexos para a economia local.
O que espera do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que está a ser implementado no nosso País? Considera que este programa será uma mais-valia real para a valorização do Interior?
Temos orgulho na nossa ruralidade, mas nunca aceitaremos ser tratados como portugueses de segunda. É imperativo que saibamos reivindicar, aproveitar e fazer bom uso do PRR, exigindo que os territórios de baixa densidade populacional não sejam excluídos da chamada “bazuca europeia”, porque aqui também se fizeram sentir, de forma bem evidente, os efeitos desta crise. É indispensável apoiar o setor económico e o tecido empresarial, para darmos um novo impulso à economia local, acompanhando o ritmo de Portugal, da Europa e do Mundo. A coesão territorial depende, em muito, da igualdade de oportunidades para todas as regiões, o que deve ser uma realidade para diminuir as assimetrias existentes. É fundamental que haja contrapartidas para que as empresas e os empresários se instalem nestas regiões e dinamizem o tecido económico. Só com a criação de emprego será possível lutar contra a desertificação e fixar a população.
No que concerne ao Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2030, o Município realizou alguma candidatura? Que obras e projetos espera alavancar?
O desenvolvimento do nosso concelho obriga a que estejamos sempre atentos e que não deixemos escapar as oportunidades para captar investimento. Nos últimos quatro anos conseguimos financiamento superior a dez milhões de euros, o que demonstra o nosso empenho em garantir recursos para gerar verdadeiras mais-valias. Contudo, não podemos acomodar-nos com o que já alcançamos. Temos de ambicionar a muito mais. No âmbito do Portugal 2030, o Município de Boticas apresentará candidaturas, quer individualmente, quer através da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega, nas áreas da inovação e conhecimento; qualificação, formação e emprego; sustentabilidade demográfica; energia e alterações climáticas; competitividade e coesão territorial do Interior; e agricultura/florestas. Aguardamos, com expectativa, a aprovação dos respetivos programas operacionais, prevista para o primeiro trimestre de 2022, bem como a abertura dos posteriores avisos.
Concorda com a limitação de mandatos imposta pela lei ou considera que as pessoas deveriam ser sempre livres para escolher os seus eleitos?
Não se trata de concordar ou não, mas sim de respeitar a Lei em vigor. Entendo que cada caso ‘é um caso’. Acima de tudo, quem ocupa estes cargos tem que trabalhe muito, com empenho, dedicação e, sobretudo, com motivação para corresponder às expectativas e necessidades da população. Tem que ter a consciência de que está nestas funções para servir com humildade e para zelar pelos interesses da população que o elegeu, colocando de parte os seus interesses pessoais. A causa pública é o mais importante e o nosso trabalho é avaliado diariamente pela população. Temos de tomar decisões, muitas delas difíceis, que não agradam a todos, mas temos de o fazer em consciência e não podemos ter dois pesos e duas medidas. É óbvio que o trabalho de um presidente de câmara é muito desgastante, mas esse desgaste e a motivação para continuar a procurar fazer mais e melhor não é, necessariamente, igual em todos. Pelo que compreendo, muitos presidentes de câmara deveriam ter a oportunidade de continuarem a ser eleitos para o cargo, enquanto outros podem não reunir as condições necessárias para tal.
Depois de vários anos em que os autarcas tinham acesso a mais-valias decorrentes do serviço público prestado, neste momento, findos os mandatos, os políticos não possuem qualquer tipo de proteção. Considera justa esta tomada de decisão? Esta realidade não impede as pessoas de abandonarem o setor privado?
Em consciência, entendo que não pode haver portugueses de primeira e de segunda. Cada um, à sua maneira, contribui para o desenvolvimento da nossa sociedade e não é de todo justo acharmos que o nosso trabalho é mais importante do que o dos outros. Estamos todos numa posição de igualdade. Cada um escolhe o caminho que quer seguir e deve estar consciente das dificuldades que encontrará nesse caminho. Cada momento da nossa vida deve ser pensado e decidido quando ocorre. Nunca podemos fechar a porta a novas oportunidades e novos desafios, mas também não podemos ter sempre tudo como adquirido… Temos de estar focados nas nossas responsabilidades e responder positivamente àqueles que acreditam em nós. Não nos devemos preocupar com o que vem a seguir quando ainda não acabaram as tarefas e o trabalho para que fomos mandatados.