“Com distanciamento sim, mas unidos sempre”
Em entrevista ao Empresas+®, Carlos Teles, presidente da Câmara Municipal da Calheta, reconhece que a pandemia penalizou o desenvolvimento do concelho, sobretudo do ponto de vista económico. Apesar disso, o autarca mostra-se confiante no futuro e assegura que a recuperação económica está já a decorrer. Além disso, e apesar de todas as vicissitudes e desafios, Carlos Teles garante que, dentro das possibilidades e sempre com responsabilidade financeira, o Município conseguiu ajudar todos aqueles que mais precisavam. “Somos todos importantes nesta luta. Como costumámos dizer, com distanciamento sim, mas unidos sempre. Acredito que esta luta terá um final feliz”.
“Tal como aconteceu com todos os municípios do País, é óbvio que a pandemia trouxe dificuldades acrescidas ao presente mandato, sobretudo no que diz respeito à gestão do orçamento municipal. Apesar disso, desde a primeira hora, encarámos com muita responsabilidade este combate. O ano passado foi muito difícil e 2021 também o está a ser, uma vez que tivemos que tomar decisões que implicaram o adiamento de alguns projetos. Contudo, valeu a pena, até porque conseguimos ajudar os nossos empresários e todos aqueles que mais precisavam e que, por causa deste vírus, estavam numa situação ainda mais sensível do ponto de vista social. Esta foi a nossa maior e principal prioridade”, assegura Carlos Teles, presidente da Câmara Municipal da Calheta.
Ainda que reconheça as vicissitudes ultrapassadas, o autarca assevera que, este ano, o Município também conseguiu reforçar o investimento, tendo avançado com vários projetos que tinha ficado parados em 2020. “Neste momento, estamos a lançar concursos para a realização de obras nas oito freguesias que compõem o concelho. A Calheta, apesar de não ter uma grande densidade populacional, em termos territoriais, é o maior concelho da Madeira, o que traz dificuldades acrescidas. Apesar disso, sentimos que os impactos da pandemia não foram tão grandes nas zonas mais rurais, em detrimentos dos grandes centros urbanos. Assim, estamos agora preparados para alavancar a recuperação económica, até porque o concelho tem uma forte implantação no setor turístico. Além de diversas ofertas ao nível do alojamento local, temos muitas estruturas hoteleiras de grande qualidade sendo que, quando se regista o desconfinamento, os habitantes do centro urbano do Funchal têm tendência para se deslocarem para outras zonas da ilha mais rurais, o que se tem instituído como um importante balão de oxigénio para este concelho e para os seus empresários da área do turismo e da restauração. Sentimos já o regresso à vida e um movimento acrescido nas ruas, o que potencia a recuperação da economia local. Defendo que o atual período de retoma é tão ou mais importante que o próprio combate à pandemia”, sublinha Carlos Teles.
Postura correta no combate
O presidente defende que a Região Autónoma da Madeira, mais concretamente a Secretaria Geral da Saúde, através do seu secretário, Pedro Ramos adotou, desde o primeiro momento, a postura correta no combate a esta pandemia. “Considero que a gestão da pandemia foi realizada com sucesso. As entidades competentes souberam decidir e atuar rapidamente. Todos percebemos, desde logo, que esta seria uma situação muito grave, pelo que os municípios estiveram sempre em contacto permanente com as autoridades de saúde, o que também nos ajudou a delinear estratégias e a estabelecer metas. Foi ainda fácil planear o combate porque envolvemos na luta todas as instituições do concelho, nomeadamente os bombeiros voluntários, as forças de segurança e a Santa Casa da Misericórdia da Calheta, entidade responsável por dois lares, cuja parceria e disponibilidade de colaboração foi fulcral para o sucesso desta iniciativa”, refere o autarca.
Ainda que acredite que o pior já tenha passado, Carlos Teles também garante que a guerra ainda não está ganha e que os cuidados têm que continuar, “ainda que estejamos confiantes que a retoma económica não será mais interrompida. À medida que o mercado vai abrindo e que o desconfinamento nos vários países vai avançando, a Madeira vai recebendo visitantes de diferentes proveniências, o que faz com que tenhamos que redobrar a vigilância, até porque, diariamente, entram cidadãos infetados na região. Temos que evitar a tão falada quarta vaga que já se sente em território continental e que já afeta muitos países estrangeiros. Neste momento, a situação está perfeitamente controlada no concelho e esperamos que assim continue sendo que, enquanto Município, continuamos a contar com a ajuda de todos para que esta vitória contra o vírus se consolide e de sedimente. Sabemos que somos todos importantes nesta luta. Como costumámos dizer, com distanciamento sim, mas unidos sempre. Acredito que esta luta terá um final feliz”.
Sempre ao lado dos munícipes
O autarca revele que, desde o primeiro momento, o Município disponibilizou 500 mil euros para apoio às empresas do concelho, sendo que destes, 300 mil já foram entregues. “Sabemos que este não é um valor muito elevado, contudo, tendo em conta o orçamento municipal, foi o valor possível. Além disso, criámos um programa rápido, eficaz e pouco burocrático, tal como se exige num período de pandemia. Infelizmente, Portugal é pródigo na criação de regulamentos e programas excecionalmente burocráticos, situação que não se coadunava com as necessidades provocadas pela Covid-19. A resposta dos empresários ao nosso programa foi imediata. Apesar da nossa ajuda não resolver, por completo, as problemáticas que a pandemia criou nas empresas, ajudou-as muito, o que fez com que tenhamos sentido o seu reconhecimento”.
Entre as várias medidas levadas a cabo pela Autarquia, o presidente destaca ainda a entrega de diversos equipamentos de proteção individual (EPI) a todas as instituições e à população em geral. Carlos Teles explica que o Município criou mesmo um apoio especialmente pensado para os agregados mais desfavorecidos, sobretudo aqueles que, a nível habitacional, apresentam algumas carências. “Muitos emigrantes madeirenses voltaram da Venezuela. Alguns deles, regressaram ao País sem grandes meios financeiros e voltaram em procura do seu passado e da ajuda dos familiares. O problema é que estas pessoas não tinham casa preparadas para receber estas pessoas. Assim, reconhecendo esta problemática, quisemos atuar a este nível e criámos um programa social que atribuiu até cinco mil euros, por habitação, para apoio a estas famílias para que possam criar condições que lhes permitam receber condignamente estas pessoas. Esta medida tem sido um sucesso porque permite às famílias que estão a receber os seus familiares em dificuldades facultar uma reintegração plena a estas pessoas na sua terra natal”. Este projeto já ultrapassou os 200 mil euros de investimento por parte do Município. “Penso que dentro das nossas possibilidades, e sempre com responsabilidade financeira, conseguimos ajudar todos aqueles que mais precisavam”, assegura o autarca.
Carlos Teles lembra que o concelho tem um centro de vacinação a funcionar no Pavilhão Gimnodesportivo da freguesia dos Prazeres, “numa zona central, de fácil acesso com ótimas condições para esta missão. Tudo tem decorrido dentro da normalidade e a campanha de vacinação está a decorrer de forma muito positiva, sempre em estreita articulação com as entidades do setor da saúde. A Região é um exemplo, já reconhecido a nível nacional. Estamos confiantes de que, a breve trecho, conseguiremos atingir a tão falada imunidade de grupo. Só faltam mais vacinas, uma vez que a disponibilidade de médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e outros profissionais está assegurada. Ainda no passado dia 24 de junho, dia de aniversário do Município, homenageamos todos os profissionais de saúde do concelho que, durante esta pandemia, não olharam a esforços no socorro a todos aqueles que precisavam de ajuda”.
Projeto partilhado de desenvolvimento
Carlos Teles lembra que, desde o primeiro mandato, juntamente com a sua equipa assumiu um projeto partilhado para o concelho. “Um presidente sozinho não consegue fazer obra, pelo que este é um projeto também de todos aqueles que me acompanham e que me ajudam. É também um projeto das oito juntas de freguesias que a Calheta também, uma vez que trabalhámos sempre em parceria, independentemente das ideologias de cada um, até porque respeitamos todas. O nosso objetivo é sempre servir a população”.
Olhando para trás, se numa primeira fase, o autarca reconhece que o Município não conseguiu fugir à crise que afetava todo o País, o que fez com que alguns projetos tivessem sido interrompidos, depois disso, apesar de todas as dificuldades e desafios, obras estruturantes para o desenvolvimento do concelho avançaram e, hoje, são uma realidade. “Se alguém, em 2013, afirmasse que, em 2021, teríamos a Via Expresso até à Ponta do Pargo praticamente concluída, o Centro de Saúde da Calheta executado, o do Arco já em concurso, o cais do Paul do Mar em execução, a Pista de Patinagem dos Prazeres em bom ritmo, obras nas Igrejas da Fajã e Raposeira, estrada de ligação do Estreito ao Jardim e estacionamento do Jardim do Mar em execução, com certeza ninguém acreditaria. Estas obras, que pareciam inatingíveis em 2013, implicaram um grande esforço financeiro do Governo Regional e da Câmara Municipal e, só assim, foram possíveis! Quando há vontade de dar a volta às dificuldades, tudo é possível”.
O presidente sublinha ainda que o Executivo conseguiu realizar as obras, ao mesmo tempo que equilibrava as contas do Município “O País viveu durante muito tempo a cima das suas possibilidades. É verdade que a dívida do Município era sustentável, contudo, já estávamos perto da linha vermelha, pelo que tivemos que atuar de imediato e avançar com alguns programas de reequilíbrio financeiro. Atualmente, a Autarquia tem uma dívida de 2.1 milhões de euros, valor perfeitamente normal e liquidável, sendo que, no passado, chegou a ser superior a dez milhões, o que significa uma recuperação de oito milhões em apenas oito anos”. Carlos Teles admite que é sempre complicado este equilíbrio entre o investimento que é necessário fazer no concelho e a situação financeira da Autarquia. Contudo, “e por muito premente que seja a obra, nunca devemos colocar em causa a sustentabilidade financeira do concelho e foi isso que conseguimos fazer”, assegura.
Assim, e considerando que “a Calheta hoje é o que é fruto do trabalho de calhetenses com visão e com projetos”, o autarca admite que quer mais, sempre de forma responsável e sustentável. O presidente destaca como obras importantes no futuro o Miradouro do Farol na Ponta do Pargo, “obra emblemática”, o Campo de Golfe, “mais-valia que será criada também na freguesia mais a Oeste do concelho”, passando pela via rápida de quatro faixas até à Calheta, obra da responsabilidade do Governo Regional, “mas para a qual temos a obrigação de chamar a atenção, uma vez que o fluxo diário de trânsito entre a Calheta e a Ribeira Brava, já o justifica. Esta é um sonho que temos e que vamos lutar por concretizar, até porque potencia o investimento que vários privados querem realizar na Calheta. O concelho está a crescer muito do ponto de vista do turismo pelo que temos que estar atentos à realização de todos estes projetos que serão fulcrais para o nosso desenvolvimento. Se durante muitos anos a zona Oeste da ilha foi esquecida pelo turismo, hoje, é a mais procurada”.
Por fim, Carlos Teles advoga que o setor agrícola também não pode ser esquecido. “Alguns empresários já estão a investir neste setor, através da criação de estufas, levando-os a apostar na exportação dos seus produtos, o que é uma importante mais-valia até porque faz com que não dependamos apenas do mercado interno”, conclui.
Mensagem aos munícipes
“Foi neste Concelho que nasci, cresci, foi aqui que constitui família e onde, até hoje, permaneço. Conheço este concelho de lés a lés e, consequentemente, a realidade de todas as freguesias. conheço o antes, quando demorávamos três horas para chegarmos ao Funchal, e conheço o depois. Assim, considero que reúno as condições necessárias para continuar a servir a minha terra. Estou confiante, até porque sinto que os meus cocidadãos reconhecem a qualidade do trabalho que foi realizado. Queremos deixar um legado às novas gerações, pelo que apostamos em políticas que potenciam a fixação da população, ao mesmo tempo que abraçamos novas ideias e alavancamos um crescimento sustentável e responsável do concelho da Calheta”.