De volta ao caminho do desenvolvimento
Oito anos depois da saída, Luís Filipe Silva venceu novamente as eleições autárquicas no Município de São Roque do Pico e com maioria absoluta. O autarca confessa que regressou porque ama a sua terra e porque entendia que esta não estava a ser tratada da melhor forma, “considerava que era necessário realizar algumas obras e colocar em movimento dinâmicas que estavam a ficar esquecidas. Senti a obrigação de regressar e de tentar fazer melhor”. Agora, Luís Filipe Silva pede apenas esperança e tempo porque “estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para colocarmos de volta São Roque no bom caminho do desenvolvimento”.
“Voltei ao papel de autarca porque amo a minha terra e entendia que ela não estava a ser tratada da melhor forma. Considerava que era necessário realizar algumas obras e colocar em movimento dinâmicas que estavam a ficar esquecidas. Assim, oito anos depois, senti a obrigação de regressar e de tentar fazer melhor. Claro que tenho a consciência de que não irei conseguir fazer tudo aquilo que São Roque precisa, contudo, irei apostar em alguns setores vitais para a atividade deste concelho”, afirma Luís Filipe Silva que reitera que “as críticas ocas e sem proatividade em nada ajudariam o meu concelho. Assim, se quero mudanças tenho que ser parte dessa mesma mudança. Quando temos uma relação tão próxima com a terra e com as pessoas que nela habitam temos mesmo que arregaçar as mangas e ser proativos na promoção da mudança”.
Em jeito de balanço sobre os primeiros meses de mandato, o autarca advoga que, até ao momento, o Executivo ainda não conseguiu colocar no terreno grandes projetos e explica porquê: “Primeiro tivemos que, como se diz na gíria, arrumar a casa. Depois disso, constatámos que existiam apenas duas grandes obras em execução. Outros projetos mais pequenos, nem sequer tinham financiamento garantido. A Autarquia não tinha objetivos e projetos, não tinha ambição. Um plano de ação não tinha sido traçado. Além disso, lamentavelmente, já não nos podíamos candidatar a qualquer fundo no âmbito do anterior quadro comunitário de apoio, Portugal 2020, razão pela qual estamos a preparar todos os planos e dossiers para a submissão de novas obras, logo que abram os concursos, para o novo quadro, Portugal 2030. Estamos a começar do zero. Além disso, autarquias de pequena dimensão, como a nossa, têm que ser criteriosas nos concursos, definindo prioridades, e têm que saber aproveitar muito bem estas oportunidades, uma vez que, de outra forma, será impossível a concretização de muitas destas obras, uma vez que o orçamento municipal é limitado”.
Luís Filipe Silva, apesar dos desafios, está confiante que a abertura do novo quadro comunitário de apoio acontecerá no primeiro trimestre de 2023 e possibilitará ao Executivo avançar com diversos projetos estruturantes. “No fundo, a nossa estratégia de ação baseia-se em três grandes áreas: infraestruturas, nomeadamente abastecimento de água, uma vez que a rede é já muito antiga e urge uma remodelação; emprego e economia, sobretudo com o objetivo de fixarmos mais empresas nos nossos parques empresariais; e habitação, setor que tem sofrido mudanças em virtude do crescimento do turismo na ilha, o que faz com que os jovens não consigam encontrar respostas de habitação a preços competitivos no concelho. Sabemos que, nesta vertente, não podemos controlar o mercado, contudo, podemos regular o seu funcionamento, colocando no mercado fogos com rendas acessíveis e novas construções a custos controlados. Neste sentido, estamos já a traçar a nossa Estratégia Local de Habitação o que, em parceria com o IHRU – Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, alavancará projetos e soluções. De ressalvar que também estamos a avançar com uma revisão ao Plano Diretor Municipal”.
O autarca defende que, ao longo dos últimos anos, São Roque do Pico perdeu proeminência na ilha, sendo esta assumida pelo concelho vizinho da Madalena. “A exceção está no setor do turismo onde continuamos a ser uma referência. Somos a capital nacional do turismo rural. Assim, tivemos que negociar com o Governo Regional a realização de obras de suma importância para o concelho e que têm sido adiadas ao longo dos últimos vinte anos. Falo da reordenação do porto comercial, zona que passará a contar com uma área de recreio náutico, obra que vai estimular a frente marítima”. Luís Filipe Silva reitera que as autarquias, apoiadas pelo Estado Central, têm que criar as infraestruturas necessárias para que os privados possam depois apostar nos locais e daí potenciar todas as suas mais-valias. “Assim, agora lutamos para recuperarmos serviços que já tivemos, como a Banca. Este é um trabalho demorado e minucioso, mas que, felizmente, vai dando os seus frutos até porque não podemos continuar, sistematicamente, a perder população. Para isso temos que aumentar os níveis de qualidade de vida no concelho, só assim as pessoas se irão fixar em São Roque do Pico”, completa.
Olhando para a atualidade, o autarca lamenta que a situação pandémica ainda não esteja completamente ultrapassada e que o mundo já se esteja a debater com a problemática do conflito Ucrânia/Rússia e todos os constrangimentos económicos que daí advêm. “A escalada de preços tem sido enorme, situação que prejudica as nossas empresas e a comunidade. Além disso, não podemos esquecer que esse fator faz com que as obras que estão a ser realizadas também fiquem mais dispendiosas e que tenhamos que acautelar o seu devido financiamento. Também não nos podemos esquecer ainda que, este ano, sem qualquer explicação, recebemos menos 300 mil euros do Orçamento de Estado, o que nos penaliza ainda mais. Quando as dificuldades são maiores, o Governo, ao invés de nos ajudar, ainda nos castiga mais. Esta situação torna-se ainda mais grave quando este corte acontece apenas nos municípios mais pequenos, precisamente aqueles que, mercê a sua dimensão, têm menos recursos e oportunidades”, conclui.
Mensagem final a todos os munícipes
“Só posso deixar uma mensagem de esperança, esperando que acreditem que estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para colocarmos de volta São Roque no bom caminho do desenvolvimento. Espero ainda que tenham alguma paciência e que compreendam que muitos dos projetos queremos implementar requerem tempo. Apesar disso, espero que acreditem no futuro e no sucesso do nosso concelho. As pessoas conhecem-me muito bem e sabem que se eu não acreditasse não tinha assumido este desafio”.