“Mais qualidade de vida na nossa terra”
Reeleito para o terceiro mandato nas últimas eleições autárquicas, Fernando Queiroga, presidente da Câmara Municipal de Boticas, não tem dúvidas acerca do rumo a seguir nestes quatro anos: “Mais do que fazer grandes obras ou implementar novos projetos, é fundamental que saibamos consolidar e reforçar as iniciativas que já estão em funcionamento, tornando-as ainda mais abrangentes e capazes de chegar a toda a população, pois só assim poderemos ter uma ação determinante para que haja cada vez mais qualidade de vida na nossa terra”.
Em entrevista ao Empresas+®, Fernando Queiroga, presidente da Câmara Municipal de Boticas, refere que, nestes primeiros meses do seu terceiro mandato tem procurado dar continuidade ao trabalho feito nos mandatos anteriores, “mantendo-nos «fiéis» ao projeto e à ideia que defendemos para o nosso concelho, trabalhando em conjunto com as juntas de freguesia para podermos dar resposta às exigências que temos que enfrentar, sabendo que temos pela frente profundas mudanças, sobretudo em termos sociais, decorrentes das novas competências assumidas”. O autarca reitera que mantém as prioridades que definiu quando assumiu, pela primeira vez, as funções de presidente da Câmara Municipal de Boticas, “até porque estas mantêm-se tão válidas hoje como o eram então”. Assim, de acordo com o edil, a ação do Executivo assenta em quatro grandes pilares que se relacionam com todas as outras áreas: o apoio à criação de emprego; o desenvolvimento do turismo; a promoção dos nossos produtos endógenos e a equidade social.
Contudo, apesar do otimismo em relação ao futuro, Fernando Queiroga confessa-se consciente de que os próximos tempos trarão uma realidade diferente, desde logo, pelas novas competências que a Autarquia assumiu, como a ação social, mas também pelas que se prepara para assumir, como a saúde. Assim, “o apoio à população a às famílias torna-se ainda mais premente, mas não é, para nós, uma realidade nova, já que a nossa preocupação tem sido, sempre, ir ao encontro das necessidades da nossa população, procurando criar cada vez melhores condições de vida para todos os botiquenses. No fundo, iremos dar continuidade às políticas de família que temos vindo a implementar, mantendo os apoios que damos à nossa população. Mais do que fazer grandes obras ou implementar novos projetos, é fundamental que saibamos consolidar e reforçar as iniciativas que já estão em funcionamento, tornando-as ainda mais abrangentes e capazes de chegar a toda a população, pois só assim poderemos ter uma ação determinante para que haja cada vez mais qualidade de vida na nossa terra”.
O problema da habitação
Ainda que reconheça que o Interior do País continua a debater-se com a problemática da desertificação, o autarca assevera que na atualidade o concelho enfrenta outro desafio: o acesso à habitação que já não é um problema exclusivo dos grandes centros urbanos. “Nos últimos tempos temos apostado na criação de condições para que os casais regressem e se fixem em Boticas. Este não é um trabalho de dois ou três anos, mas de longo prazo, sendo que o acesso à habitação é um fator preponderante. Hoje, no concelho, quem pretende constituir família depara-se com a dificuldade em arranjar casa, sobretudo pelo facto do mercado habitacional ser demasiado reduzido, o que, normalmente, implica o recurso à construção de habitação própria e permanente. Nesse sentido, estamos a implementar a Estratégia Municipal Habitacional, para que seja mais fácil recuperar e beneficiar habitações que se encontram degradadas e/ou devolutas, ainda que simultaneamente estejamos a avançar com a criação de um novo loteamento na vila de Boticas, com regulamentos específicos, garantindo custos bem mais acessíveis dos terrenos, tudo para que os jovens possam construir aí a sua casa e constituir família. Este é um trabalho que está a ser desenvolvido em conjunto com as juntas de freguesia e que terá resultados práticos muito em breve”.
“Não somos portugueses de segunda”
Questionado sobre as expectativas que tem em relação ao novo quadro comunitário de apoio, Portugal 2030, e ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que está a ser operacionalizado, Fernando Queiroga não tem dúvidas: “Temos orgulho na nossa ruralidade, mas nunca aceitaremos ser tratados como portugueses de segunda. É imperativo que saibamos reivindicar, aproveitar e fazer bom uso do PRR, exigindo que estes territórios de baixa densidade populacional não sejam excluídos da «bazuca europeia», até porque, também aqui, foram sentidos, de forma bem evidente, os efeitos desta crise”. Perante este facto, o autarca defende ser imperativo o apoio ao setor económico e ao tecido empresarial local, “para darmos um novo impulso à economia, acompanhando o ritmo de Portugal, da Europa e do Mundo. A verdade é que a coesão territorial depende, em muito, da igualdade de oportunidades para todas as regiões, o que tem que ser uma realidade para diminuir as assimetrias existentes”.
Neste contexto, o autarca considera que é fundamental que haja contrapartidas para que as empresas e os empresários se instalem no Interior para dinamização do tecido económico, “pois, só com a criação de emprego será possível criar melhores condições de vida para as gerações atuais e vindouras, lutando contra a desertificação destes territórios e fixando a população. Toda esta dinâmica permitirá revigorar o setor empresarial, gerando riqueza, poder de compra e qualidade de vida”.
Fernando Queiroga garante que o desenvolvimento do concelho obriga a que o Executivo esteja sempre atento, para que nenhuma oportunidade de investimento possa escapar. “Nos últimos quatro anos conseguimos financiamento de mais de dez milhões de euros para projetos, o que demonstra bem o nosso empenho em garantir recursos para gerar verdadeiras mais-valias. Não podemos acomodar-nos com o que já alcançámos. Temos de ambicionar muito mais. É por isso que, no âmbito do Portugal 2030, o Município apresentará candidaturas tanto individuais, como integradas na Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega, nos diversos eixos: Inovação e conhecimento; Qualificação, formação e emprego; Sustentabilidade demográfica; Energia e alterações climáticas; Competitividade e coesão territorial do Interior; Agricultura/Florestas”.
A fatura pandémica
“O esforço coletivo da nossa população foi determinante para conseguirmos enfrentar a pandemia, sendo de salientar, igualmente, o papel determinante que os nossos empresários desempenharam, em particular os da hotelaria e restauração, que foram os mais afetados por este período difícil que vivemos, e que, com muito esforço, conseguiram adaptar-se, mantendo os postos de trabalho. Felizmente, no concelho, esta crise não se traduziu num aumento do desemprego, ainda que reconheçamos que temos que continuar a apoiar os empresários locais, de lhes restituir a confiança, incentivando a criação de mais postos de trabalho que contribuam para a fixação de pessoas na nossa terra”, explica Fernando Queiroga.
Além disso, o autarca garante que, apesar da situação pandémica estar mais controlada, o apoio aos munícipes é permanente. Neste contexto, “como temos uma população muito idosa, com problemas de mobilidade, procuramos assegurar o seu transporte para o centro de saúde, quer para a realização de testes ou vacinas contra a Covid-19, quer para outros cuidados de saúde. Estamos, ainda, tal como no passado, em permanente contacto, quer com as autoridades de saúde, quer com as juntas de freguesia, o que nos permite atuar com celeridade e máxima eficácia no apoio à nossa população sempre que necessário. A verdade é que não nos poupamos a esforços para apoiar a nossa população nestes tempos difíceis que enfrentamos e nunca nos arrependemos dessa decisão. Ainda assim, sabemos que as consequências desta pandemia ainda se farão sentir durante muito tempo. As pessoas estão mais receosas e perdeu-se muito do espírito comunitário que caracteriza o nosso povo, sendo que este levará algum tempo a recuperar. Pedimos às pessoas que se isolassem, que ficassem em casa e que evitassem concentrações e convívios, para travar a disseminação do vírus. Agora estamos a pedir-lhes o contrário, o que não é fácil, sobretudo para os mais idosos”, reconhece Fernando Queiroga.
Regresso atribulado à realidade
Neste regresso à normalidade, o edil considera que o importante é retomar a animação cultural que caracteriza o concelho e que se intensifica nos meses de verão, “aproveitando uma maior disponibilidade das pessoas, mas também o facto da população do concelho quase triplicar, em função da visita dos muitos milhares de emigrantes que, todos os anos, regressam à sua terra para passar férias. Este ano regressam as festas e as romarias às nossas aldeias e a animação típica dos arraiais populares, culminando com as Festas do Concelho, em honra de Nossa Senhora da Livração, que terão o seu ponto forte no fim de semana de 20 e 21 de agosto. Assim, teremos um verão cheio de atividades para desfrutar, para todos os gostos e para todas as idades, que dará para «matar» as saudades causadas por estes dois anos de total paragem”.
Apesar disso, Fernando Queiroga reconhece que este regresso à normalidade tem sido marcado pelo conflito Ucrânia/Rússia, sendo que o Município até já promoveu, em conjunto com os Bombeiros Voluntários de Boticas e o Agrupamento de Escuteiros local, uma campanha de angariação de bens, a campanha “SOS Ucrânia”, que gerou uma enorme onda de solidariedade e que permitiu enviar para aquele país, em diferentes fases, mais de 500 caixas com roupas de agasalho (camisolas térmicas, casacos polares, entre outros) para adulto e criança, mantas e cobertores, medicamentos e kits de primeiros socorros, de higiene para bebés (fraldas, toalhitas, papas e cereais, leite em pó) e uma grande quantidade de bens de primeira necessidade, desde arroz, massa, água, enlatados e conservas, entre outros. “Também foram entregues rações para cães e gatos, o que demonstra que a solidariedade dos botiquenses não esquece os animais afetados por este conflito que se vive na Ucrânia. Os produtos doados foram devidamente separados, identificados por tipo, acondicionados e entregues para envio. De referir ainda que esta é uma iniciativa que ainda se mantém ativa, sendo que, brevemente, será enviada uma nova remessa de produtos doados”, acrescenta o autarca.
Fernando Queiroga também concorda que este conflito levou a uma subida de preços, sobretudo a nível alimentar e energético. “Ninguém está imune a este escalar dos preços e é óbvio que nos afeta a todos. O poder de compra das famílias é cada vez mais reduzido, mas isto é algo que afeta todos os portugueses, com repercussões na nossa economia. Assim, considero que é obrigação do Governo implementar medidas que venham atenuar estas dificuldades. Da nossa parte continuaremos a apoiar, na medida do possível, a nossa população e as nossas famílias, intervindo onde e como entendermos ser mais necessário”, conclui.
Mensagem para todos aqueles que visitam Boticas
“Sou suspeito para falar da minha terra, do concelho que me viu nascer e que me orgulho de presidir. Contudo, desafio todas as pessoas a visitarem o Município de Boticas e a deixarem-se encantar pela fantástica gastronomia e produtos locais, bem como pelo vasto património natural, paisagístico e cultural. Aquilo que realmente nos distingue é a hospitalidade com que recebemos os visitantes, pois a arte de bem receber é, sem dúvida, uma das principais caraterísticas das gentes do Barroso. Visitem o concelho de Boticas. Estamos de braços abertos à vossa espera!”.