“Mão de obra precisa-se!”
Em entrevista ao Empresas+®, Armindo Filho, gerente da Construtora Paulista, Lda., empresa localizada em Sever do Vouga, assevera que a atual pandemia ainda não penalizou em demasia o setor. Apesar disso, o empresário é perentório e afirma: “Mão de obra precisa-se, com urgência! Temos obras para realizar e poucas pessoas para o fazer”.
Armindo Filho, gerente da Construtora Paulista, Lda., relembra como tudo começou: “Este projeto nasceu em 1973, pela mão do meu pai, quando este regressou do Brasil, onde esteve emigrado durante alguns anos, na cidade de São Paulo, o que explica o nome da empresa. Tinha sete anos de idade e cresci com esta empresa. Ainda assim, só comecei a trabalhar verdadeiramente aqui em 1985, na área administrativa. Em 1995, comecei a fazer o acompanhamento de obras e desde 1998 passei também a ser gerente”. Hoje, a Construtora Paulista é uma empresa especializada no setor das obras públicas. Com uma equipa composta por 25 profissionais altamente qualificados, a empresa atingiu, em 2019, um volume de faturação de milhão e meio de euros.
A empresa já iniciou o seu processo de internacionalização, sendo que detém, desde 2005, uma participação numa empresa de construção civil e obras públicas sedeada em São Tomé e Príncipe, a Constromé, SA. Este é um projeto que está a crescer exponencialmente, “o que é muito bom, uma vez que sendo este um mercado de risco, a rentabilidade tende a ser maior. As empresas têm que laborar com diversas condicionantes devido à insularidade. A logística e as deficientes condições portuárias dificultam muito o dia a dia da empresa. Estes países estão muito dependentes das ajudas externas e a economia depende em demasia da política, o que faz com que cada ano seja uma incógnita. Apesar disso, no ano transato, a faturação rondou os quatro milhões de euros”, explica o empresário.
Olhando para o mercado, Armindo Filho considera que, apesar da pandemia, o balanço é positivo. “Algumas empresas, em resultado do receio, refrearam os seus investimentos. Apesar disso, em contraponto, o setor das obras públicas está em crescimento. Assim, ainda que com algum atraso devido ao confinamento, muitas obras estão a ser lançadas, o que é benéfico”. Quanto ao próximo ano, o empresário acredita que tudo dependerá da segunda vaga e das medidas que serão tomadas pelas entidades competentes. “Neste momento, temos obras projetadas até meados do próximo ano”.
Mais do que a pandemia, Armindo Filho garante que o grande problema com o qual o setor se debate é mesmo a falta de mão de obra, sobretudo qualificada. “É impossível encontrar um bom pedreiro ou trolha. Mão de obra precisa-se, com urgência! Temos obras para realizar e poucas pessoas para o fazer. Isto acontece porque, quer queiramos quer não, Sever do Vouga está longe dos grandes centros. Em Lisboa ou no Porto, as empresas conseguem encontrar mão de obra mais facilmente, seja ela nacional ou estrangeira. Aqui, os estrangeiros não se querem fixar. Ou são muito bem remunerados ou preferem um grande centro, onde as possibilidades são outras. Estou em contacto permanente com diversas empresas de trabalho temporário e não consigo arranjar pessoas”.
No que concerne à concorrência, o empresário afirma que esta sempre foi grande neste setor, mas que o problema está na deslealdade de alguns players e explica porquê: “É complicado concorrer com empresas que olham apenas para o preço e nunca para a qualidade. Na Paulista orgulhamo-nos de fazer bem à primeira, contudo, essa qualidade tem um preço que não pode ser regateado”.
Por fim, quanto ao futuro, Armindo Filho advoga que, antecipando uma possível crise nas obras públicas em 2022, está a tentar diversificar a carteira de clientes e apostar mais em obras particulares, sobretudo no setor industrial. “Outra possibilidade poderá ser a construção de moradias para venda, uma vez que detemos alguns lotes de terreno que podemos potenciar. Esta é uma área com melhor rentabilidade, mas também de grande investimento e risco, pelo que deverá ser devidamente analisada”, conclui.