Na onda do crescimento responsável
Prestes a cumprir o sexto ano de mandato como presidente da Câmara Municipal da Nazaré, e após herdar uma das câmaras mais endividadas do país, Walter Chicharro, candidato do partido socialista, mostra-se satisfeito com a revitalização que o concelho tem sentido. O autarca salienta a redução de dívida como uma das suas principais metas – já gradualmente conquistada –, mas aponta outros trajetos por cumprir e esclarece a questão do processo de transferência de competências do Estado e o papel que a Câmara Municipal da Nazaré pretende assumir.
Com medidas fraturantes em relação à política e à gestão assumida nos anteriores mandatos, e num claro combate ao desperdício financeiro, Walter Chicharro, que herdou uma dívida acumulada de 45 milhões de euros, vê os fundos comunitários como uma peça essencial para a reestruturação da “capital do surf”. “Estamos a procurar fundos de investimento em algumas áreas que são eixos vitais para a Nazaré, quer na área da transformação e comércio de pescado, quer na revitalização de algumas zonas”, afirma o autarca que completa: “devemos realçar que os projetos obtidos através da PEDU [Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano], submetidos a fundos comunitários, só foram possíveis porque a Nazaré foi considerada, apesar de pequena, um concelho de nível superior, o que é gratificante para nós”. Estes são projetos que têm como objetivo modernizar a região, não só do ponto de vista do habitante local, mas também do turista. Segundo Walter Chicharro estes projetos incluem, entre outros, um novo terminal rodoviário e a requalificação de uma série de avenidas e ruas que “são fundamentais para a Nazaré. Este é um projeto de mobilidade que está a ser preparado a toda a escala”. Outros projetos do autarca passam por colocar o centro da vila acessível a bicicletas e trotinetes elétricas a partir de 2020, assim como pela criação de um Novo Funicular da Pederneira da Nazaré. O município tem ainda em curso a reestruturação de infraestruturas marcantes no território, como o Forte de S. Miguel Arcanjo, e a conclusão de um novo centro de saúde, que terá as suas obras concluídas nos próximo meses. A vila contará ainda em breve com a abertura do Parque Empresarial do Valado dos Frades, que com as cinco empresas que já estão associadas ao terreno, já criou 300 novos postos de trabalho no concelho.
Atitude responsável vs falta de informação
Numa fase em que a Câmara da Nazaré visa reduzir, ao máximo, os custos excessivos, ao mesmo tempo em que procura apoios nos fundos comunitários para conseguir a realização de algumas obras da vila, a delegação de competências que o Estado pretende realizar é ainda vista com prudência, pelo menos até que haja uma maior clarificação de todo o processo. Esta é a posição assumida, não só por Walter Chicharro, mas também pela maioria dos representantes das câmaras de todo o país. Ainda assim, o município aceitou recentemente a competência referente à área da Educação. “Aceitamo-la além daquelas que já tínhamos provisionado. Esta mudança aconteceu porque agora temos um edifício completamente renovado, obra que conseguimos realizar ao longo do último ano. Infelizmente, o antigo presidente, com verbas para tal, não investiu no edifício. Nós, num ato de seriedade, pegámos nesse dinheiro e, além de resolvermos o problema da cobertura do edifício, conseguimos acrescentar-lhe mais seis salas de ensino, o que era uma necessidade, já que a mesma escola passou a ter o ensino secundário”, explica o autarca.
Já no que concerne à saúde, o autarca deixou algumas reservas quanto a aceitar essa competência, tudo por causa da construção do novo centro de saúde. “Ainda não conseguimos perceber o que é que vai competir à Câmara realizar em termos de investimento em custos de renda e manutenção, em detrimento do Estado, pelo que, enquanto não tivermos essa clarificação, não poderemos arriscar. Apesar disso, acreditamos que iremos assumi-la mais tarde ou mais cedo”.
A falta de informação fornecida pela Administração Central é uma questão que preocupa Walter Chicharro, até pelo número de questões pendentes que ficam em cima da mesa. Apesar disso, o autarca não deslumbra problemas de maior escala num cenário que será, de uma forma ou de outra, aceite pelas câmaras municipais num futuro próximo. “Há aqui a atitude responsável de aceitarmos apenas aquilo para o qual sabemos que estamos preparados e uma das coisas que nos deixa mais reservados é alguma falta de esclarecimento nestas delegações, para além das óbvias questões financeiras. Sabemos que um fundo de descentralização fará a compensação quando aquilo que julgamos gastar não for realmente o valor das transferências, mas não há nada que nos deixe alarmados. Estas são competências que nos temos preparado para obter, até porque, em 2021, elas serão nossas de qualquer forma”, conclui.