Qualidade de vida e oportunidades para todos
Em entrevista ao Empresas+®, Armindo Jacinto, presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, mostra-se orgulhoso do trabalho que tem levado a cabo. “Idanha é o município com menos de dez mil habitantes que apresenta melhor desempenho socioeconómico em Portugal. Os resultados estão no «Portugal City Brand Ranking 2022», da consultora Bloom Consulting, que avalia os 308 municípios portugueses nas categorias «Viver» (qualidade de vida), «Visitar» (turismo) e «Negócios» (atração de investimento). Neste mesmo estudo, Idanha foi distinguida, inclusivamente, como «Marca Estrela»”.
Tendo em conta o início de um novo ciclo autárquico, que balanço faz destes primeiros meses de mandato?
O balanço é positivo. O nosso compromisso é trabalhar diariamente para fazer de Idanha um concelho com qualidade de vida e oportunidades para todos. É isso que temos feito e continuaremos a fazer. Assim, iremos prosseguir com a criação de respostas adequadas e eficazes nas áreas da educação, da saúde, da habitação e da segurança. Ao mesmo tempo, pretendemos fomentar a coesão económica e social, o empreendedorismo, a criação de riqueza e emprego, captar e fixar talento até porque os resultados alcançados mostram que estamos no caminho certo. Idanha está no mapa dos concelhos de referência em atividades como a agricultura e a agroindústria, a economia verde, o turismo, a cultura e as indústrias criativas. Desde 2019, também registamos fluxos migratórios positivos, ou seja, a cada ano, o número de novos residentes é superior ao das pessoas que deixam o concelho. Estamos ainda nos 50 municípios com melhor índice de fecundidade, o que significa que as famílias se sentem apoiadas. Por fim, Idanha-a-Nova é o município com menos de dez mil habitantes que apresenta melhor desempenho socioeconómico em Portugal. Os resultados estão no “Portugal City Brand Ranking 2022”, da consultora Bloom Consulting, que avalia os 308 municípios portugueses nas categorias “Viver” [qualidade de vida], “Visitar” [turismo] e “Negócios” [atração de investimento]. Neste mesmo estudo, Idanha foi distinguida, inclusivamente, como “Marca Estrela”.
Neste novo mandato, que projetos espera implementar nas mais diversas áreas? Quais as obras mais significativas?
Como referi anteriormente, áreas como a educação, a saúde, a segurança, a habitação e a economia são prioritárias. Temos vários projetos em curso e outros em preparação, os quais têm e terão um impacto estrutural. Por exemplo, o Cartão Raiano Saúde 0-114, que foi lançado em 2021, mas iniciou o seu desenvolvimento há vários anos, veio reforçar a nossa resposta de saúde de proximidade, sendo que, em 2022, torna-se ainda mais abrangente e, além dos serviços médicos e de enfermagem que já garantia, passa a incluir também várias especialidades. Em simultâneo, vamos requalificar o Centro de Saúde de Idanha-a-Nova e as diversas extensões de saúde do concelho. Na educação posso destacar o Bio Campus de Idanha-a-Nova, um projeto inovador de alojamento estudantil, empreendedorismo e de dinâmicas académicas e culturais que vai transformar o centro histórico da vila. Já na habitação, a nossa Estratégia Local de Habitação tem uma estimativa de investimento de 12,3 milhões de euros e pretende dar uma resposta acessível e adequada a todas as necessidades habitacionais. Na área da segurança, iremos avançar com a requalificação das atuais instalações da proteção civil, o que resultará na criação do Centro Municipal de Proteção Civil, dotando o espaço de melhores condições operacionais. Na economia, temos projetos como o Green Valley Food Lab que abrange 800 hectares e dezenas de empresas inovadoras e diferenciadoras nas áreas do agroalimentar e da economia verde. Além disso, iremos continuar a trabalhar, por exemplo, com o CoLAB Food4Sustainability, com sede em Idanha, projeto que, um ano após a sua inauguração, conta já com 20 colaboradores altamente qualificados e prevê contratar mais 20 até ao final deste ano. Mas, para nós, todas as áreas de atividade são importantes: a restauração, a hotelaria, a animação turística, o comércio e os mais diversos serviços, a economia social, as indústrias criativas e, conforme referi anteriormente, toda a cadeia produtiva. Por isso, disponibilizamos os serviços do Gabinete de Apoio ao Empreendedor, o Centro Empresarial, benefícios fiscais e outras estruturas e serviços para auxiliar os empresários.
Dois anos depois do início da pandemia que afetou o mundo, olhando para trás, que balanço faz da atuação da Autarquia? O que teria feito diferente? As consequências ainda se sentem no concelho?
Num tempo especialmente desafiante, a Câmara de Idanha-a-Nova continuou a ir ao encontro das necessidades e expectativas da população na área da saúde, através de uma resposta de proximidade e qualidade. Procurámos estar sempre ao lado das pessoas, das instituições e dos agentes económicos. Para o efeito efetuámos um investimento muito significativo na prevenção e mitigação dos efeitos da pandemia no nosso concelho, sendo que, a cada momento, tomámos as medidas necessárias. O nosso compromisso foi ser parte ativa na resposta à crise na saúde, bem como na mitigação do seu impacto social e na economia. Segundo um relatório do Tribunal de Contas que analisou o impacto das medidas adotadas pela Administração Local no âmbito da Covid-19, Idanha era, à data do estudo, o quarto município que mais investiu nesse combate por residente e o segundo que mais investiu em proporção do número de casos registados no seu território. Depois da resposta inicial de emergência, implementámos o Programa Municipal de Apoio à Recuperação da Atividade Económica, dirigido aos empresários em nome individual, micro, pequenas e médias empresas do nosso concelho, cujos resultados também foram muito positivos.
A Europa é agora afetada pelo conflito Ucrânia/Rússia. O Município já desenvolveu alguma iniciativa de apoio e/ou recebeu refugiados? Em caso positivo, que apoios foram fornecidos?
Desde o início do conflito, organizámos e colaborámos em missões humanitárias de apoio ao povo ucraniano. Logo no início de março, organizámos, em 24 horas apenas, uma delegação que se deslocou de Idanha até à fronteira ucraniana para levar bens e trazer 80 refugiados. A operação contou com uma equipa de 14 elementos que incluiu profissionais de enfermagem, de socorro, motoristas, colaboradores da Câmara Municipal e voluntários. No seguimento desta ação, o grupo de refugiados foi acolhido num hotel em Idanha, com o apoio da Autarquia, sempre em articulação com as autoridades governamentais. Participámos, mais tarde, noutras missões humanitárias, em conjunto com outros municípios e instituições. Os cidadãos ucranianos que estão em Idanha frequentam ações de integração, aulas de português para estrangeiros, por exemplo, as crianças e jovens frequentam as aulas e todos beneficiam de um tecido associativo e comunidade muito solidários e dinâmicos, que os envolvem em iniciativas culturais, desportivas e recreativas.
Uma das consequências imediatas deste conflito é a constante subida de preços, sobretudo ao nível alimentar e energético. Esta problemática já causou algum constrangimento às empresas do concelho? A Autarquia irá atuar a este nível?
Idanha é um concelho que se distingue por ser uma Bio-Região, a primeira de Portugal. Essa classificação representa um grande respeito pelo ambiente e pelo seu papel na construção de comunidades mais sustentáveis. Significa isso que, algumas questões, que hoje são incontornáveis, integram há vários anos a estratégia de desenvolvimento de Idanha: a aposta no modo de produção biológico, a economia circular e os circuitos curtos de comercialização, o combate às alterações climáticas, a gestão da água e da energia. Fazemos um forte investimento na implementação de práticas que, no fundo, reduzem a dependência alimentar de Portugal relativamente ao exterior. Além disso, reduzimos a pegada ecológica da produção, transformação, distribuição e comercialização de alimentos, ou seja, minimizamos o impacto das atividades de consumo do ser humano.
O que espera do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que está a ser implementado no nosso País? Que projetos espera implementar no concelho através deste mecanismo? Considera que este programa será uma mais-valia real para a valorização do Interior?
O PRR é uma mais-valia para a valorização do Interior quando utilizado de forma integrada e estratégica. O objetivo é esse e acreditamos que assim acontece. No caso de Idanha-a-Nova, é mais um mecanismo que temos ao nosso dispor para alavancar projetos promotores de desenvolvimento sustentado neste concelho. Um dos projetos que esperamos implementar é o do Bio Campus de Idanha-a-Nova. Conforme já referi, este é um projeto diferenciador para a atração e fixação de estudantes, que alia o conceito de «campus universitário» à estratégia territorial da Bio-Região, com um ecossistema moderno, tecnológico e amigo do ambiente. O projeto do Bio Campus, liderado por nós, obteve a pontuação mais alta entre os 201 projetos de todo o País apresentados ao Programa de Alojamento Estudantil a Custos Acessíveis, do PRR. Paralelamente, existem outros projetos que estamos a preparar com o apoio de instrumentos financeiros. Por fim, em virtude de possuirmos uma situação financeira estável, temos conseguido aceder a programas de apoio ao investimento. Estaremos sempre atentos às oportunidades que o Quadro Comunitário de Apoio oferece, elaborando e submetendo candidaturas e executando projetos de investimento no concelho.
Qual é a sua a opinião acerca da transferência de novas competências do Estado Central para as autarquias?
Consideramos que a descentralização administrativa é positiva. Nesse sentido, já assumimos todas as novas competências. A verdade é que as autarquias têm a vantagem de estarem mais próximas dos territórios e das populações. Essa proximidade facilita a identificação das necessidades e permite que se encontrem soluções mais eficazes, mais céleres e ajustadas às particularidades de cada município. É importante, porém, que o valor do pacote financeiro transferido do Estado Central para as câmaras municipais acompanhe a transferência de competências.
Mensagem final
“Os idanhenses conhecem-nos e sabem que trabalhamos todos os dias em prol de Idanha e de todos os cidadãos – dos 0 aos 114 anos. O desafio é que o nosso concelho continue a ser sinónimo de qualidade de vida para todos, com oportunidades profissionais e empresariais, uma educação de excelência, habitação acessível, uma forte intervenção social, segurança e saúde de proximidade. Neste sentido, continuaremos a investir em condições para a criação de riqueza e emprego, dando resposta às necessidades do tecido empresarial e produtivo. Entendemos que a economia verde, o turismo sustentável, a transição para sistemas de alimentação mais sustentáveis, em particular a agricultura biológica, a economia circular, os circuitos curtos de comercialização e o combate às alterações climáticas são oportunidades para o nosso território se afirmar em Portugal e no Mundo. Temos obra feita. Os números demonstram que Idanha está a contrariar o êxodo populacional característico do Interior do País. Estamos a atrair mais pessoas do que aquelas que saem, o que não acontecia há décadas. A nossa missão é continuar a realizar esse trabalho, sempre em articulação e diálogo com a população, as empresas e as instituições”.