Um Concelho com futuro
António Dias Rocha, presidente da Câmara Municipal de Belmonte, cumpre, atualmente, aquele que, mercê da lei da limitação, será o seu último mandato à frente dos destinos deste concelho icónico do distrito de Castelo Branco. Apesar disso, o autarca mostra-se confiante e garante que este é um concelho com futuro, até porque são inúmeros os projetos a implementar no decurso destes quatro anos.
“Ainda que seja o nosso último mandato, são diversos os projetos emblemáticos que ainda pretendemos implementar. Exemplo disso é o Centro Interpretativo da Torre de Centum Cellas, monumento arqueológico existente no concelho e cuja presença apresenta várias possíveis teses”, refere António Dias Rocha, presidente da Câmara Municipal de Belmonte que explica que este monumento, também chamado de Torre de São Cornélio é um curioso e singular monumento lítico situado na freguesia do Colmeal da Torre, sendo que as suas ruínas têm despertado as atenções de todos, suscitando as mais diversas teorias e gerando-se à sua volta as mais variadas lendas. “Umas dessas tradições refere que teria sido uma prisão com cem celas, daí derivando o nome Centum Cellas, onde teria estado cativo São Cornélio, razão porque também é conhecida pelo nome de Torre de São Cornélio. Este é património histórico de relevo, classificado como Monumento Nacional, mas que não estava a receber a devia atenção, pelo que assumimos a responsabilidade da sua gestão e manutenção. Assim, os trabalhos vão avançar rapidamente e esta será uma obra magnífica. A recuperação da torre de Centum Cellas trará um valor acrescentado àquilo que queremos, que é promover, desenvolver e acreditar nas potencialidades deste concelho do Interior”. De acordo com o autarca este projeto visa preservar e conservar a torre, acautelando o risco iminente de deslizamento de alguma pedra, que já se começava a verificar. De referir que este não será o único centro interpretativo que a Autarquia pretende colocar a funcionar, na medida em que está já a avançar com a implementação de uma estrutura semelhante junto de outras ruínas romanas que existem no concelho: a Quinta da Villa da Fórnea, conjunto de ruínas que remonta o século II, que está localizada entre Belmonte e Caria, e que foi descoberto quando da construção da A23, em 1999.
António Dias Rocha advoga que estas serão mais duas importantes mais-valias culturais que Belmonte passará a deter e que irão alavancar o concelho do ponto de vista turístico. “Estamos confiantes de que as várias apostas de divulgação de Belmonte enquanto destino turístico, foram acertadas, pelo que iremos continuar a crescer neste setor. O concelho tem-se afirmado como referência ao nível do turismo histórico, com os nossos cinco museus temáticos, assim como do ponto de vista religioso, com o museu judaico e a nossa Sinagoga já que a nossa comunidade judaica é única na Península Ibérica, mercê as suas características distintas”, assegura o autarca que reconhece, contudo, que em resultado deste crescimento o Concelho tem agora que aumentar o número de camas disponíveis para “todos aqueles que nos visitam. É verdade que têm surgido diversas respostas pequenas de turismo rural, contudo, seria importante a construção de uma estrutura hoteleira de maior envergadura. Paralelamente, estamos a projetar o lançamento de um conjunto de incentivos para que empresários da restauração se instalem em Belmonte, uma vez que considero que esta também seria uma importante mais-valia”.
Setor social E emprego
Na área social, António Dias Rocha esclarece que o Executivo que lidera irá continuar a apoiar a ação levada a cabo pelas diversas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) que existem no concelho, sobretudo no que concerne ao desenvolvimento de projetos de apoio à terceira idade e infância. Além disso, segundo o autarca continuam no terreno diversas medidas de apoio aos mais desfavorecidos, como a ajuda financeira na compra de medicamentos ou a realização de pequenas obras de manutenção nas habitações. “Ainda que, à partida, o período mais complicado da pandemia já tenha passado, a inflação subiu no nosso País e o conflito entre a Ucrânia e a Rússia fez com que os preços dos bens essenciais subissem. É por isso que temos que continuar a ajudar os mais frágeis, sobretudo os mais idosos, aqueles que já trabalharam anos a fio e que muito contribuíram para fazer de Belmonte, o concelho de excelência que é hoje. Apesar disso também não esquecemos as crianças, assim como os jovens casais a quem auxiliámos na procura de casa e no apoio à natalidade”, explica.
Já no emprego e no combate à desertificação do Interior do País, António Dias Rocha destaca a parceria que a Autarquia estabeleceu com a empresa portuguesa WIT Software e que irá resultar na implementação de um programa de inovação digital, em Belmonte, sendo que este inclui a criação de um centro de desenvolvimento tecnológico e a contratação de profissionais portugueses e estrangeiros. Com a denominação “Belmonte Connect”, este projeto conta ainda com o apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC). De acordo com o autarca, o “Belmonte Connect” prevê ainda a criação de um hub tecnológico que irá captar a instalação de outras empresas, que se identifiquem com a missão do programa, e, assim, criar um ecossistema empresarial com a capacidade de criar postos de trabalho na região. “Neste momento, entre técnicos contratados e as suas famílias falamos já de cerca de 50 pessoas que se mudaram para Belmonte e que aqui irão construir o seu projeto de vida. A meta é a contratação de 300 técnicos qualificados na área da engenharia informática até 2026”. No setor do emprego, António Dias Rocha informa ainda que já foi lançado o concurso para a construção de um novo parque empresarial, “uma vez que o existente se encontra completamente esgotado e já foi criado há 30 anos”.
Apoios esquecem o Interior
“Temos a consciência que urge uma intervenção nas nossas estradas municipais. Contudo, para que esta obra seja possível iremos precisar de ajuda por parte do Governo Central, uma vez que todos sabem que estas intervenções não podem ser candidatas a fundos comunitários, no âmbito dos diversos quadros comunitários de apoio, uma vez que a Comissão Europeia não reconhece a sua pertinência. Este facto dificulta, em muito, o trabalho de pequenas autarquias do Interior como a nossa, uma vez falamos de obras com um custo muito elevado”, esclarece o autarca.
António Dias Rocha afirma que, apesar dos projetos serem muitos, o Executivo permanece atento a todas as candidaturas que possam surgir no âmbito do Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “no sentido de podermos potenciar, ainda mais o Concelho, em direção ao futuro”. O autarca confessa-se bastante expectante em relação à operacionalização do PRR, “até porque falamos de montantes elevados que nunca estiveram disponíveis no nosso País”. Apesar disso, admite que também está preocupado porque tem dúvidas sobre quando desse dinheiro chegará ao Interior do País. “Espero que o Governo passe das palavras aos atos no que concerne à preocupação com a desertificação do Interior. Espero que, finalmente, sejam criadas condições de atratibilidade efetivas para que os empresários se instalem em concelhos distantes do Litoral, acontecendo o mesmo com os profissionais de saúde que tanta falta fazem a estas populações. Ambicionamos que os nossos jovens, uma vez concluída a sua formação académica, não sejam obrigados a sair do concelho para conseguirem locais de trabalho atrativos e com salários dignos. Assim, urge a atribuição de verbas para o Interior para a recuperação do parque habitacional existente que está degradado, por forma a que todos aqueles que aqui moram e aqueles que aqui se querem estabelecer o possam fazer a preços controlados e suportáveis para a classe média e jovens casais. Só assim quem está cá pode ficar, quem saiu pode regressar e quem quer vir conhecer e aqui se estabelecer o poder fazer com todas as condições. Claro que, para que isto aconteça, o Governo terá que tomar medidas assertivas nesse sentido, tudo para que possamos estar em pé de igualdade com os concelhos do Litoral”, defende.
Para concluir, António Dias Rocha considera que a descentralização de competências levada a cabo pelo Governo Central foi uma boa medida, “até porque prepara já o terreno para a possível regionalização. Julgo que a maioria da população portuguesa já percebeu que esta é necessária. Contudo, claro que, para que esta aconteça em setores como a saúde, a educação e a área social, vitais para as populações e para o futuro do País, o Governo tem que atribuir às autarquias a justa compensação financeira para que a operacionalização efetiva destes setores seja uma realidade. Julgo que o Poder Central está a fazer um esforço efetivo de revisão destas questões, pelo que estou confiante que tudo ficará resolvido a curto ou médio prazo. Todos temos que contribuir para que o País avance e julgo que isso apenas será possível com diálogo e entendimentos entre as diversas partes”, completa.
Mensagem aos munícipes
“Quero deixar, sobretudo, uma mensagem de confiança para que acreditem em Belmonte, no concelho de Belmonte, na nossa capacidade e no nosso futuro. Estou convicto de que, com a ajuda de todos, este será um concelho cada vez mais respeitado, onde todos teremos orgulho e prazer em viver”.