A paixão pela pedra…
A história do monte dos Fojos, remonta ao tempo de homens simples e humildes que, com coragem, em confronto diário com a rude natureza do granito, sem tecnologia de ponta, mas com perícia, engenho e arte, transformavam pedra em vida. Hoje, a tecnologia impera, mas a garra, firmeza e empenho subsistem na Oliveira Rodrigues – Granitos de Pedras Salgadas, Lda, onde a paixão pela pedra é uma realidade diária.
José Manuel Oliveira Rodrigues praticamente cresceu na pedreira, para onde “fugia” sempre que podia desde tenra idade. Nas férias da escola ia para lá trabalhar. Já na universidade, trabalhava na pedreira aos sábados, para ganhar dinheiro que depois gastava durante a semana. “As circunstâncias da vida trouxeram-me para aqui”, isso impediu o empresário de terminar o seu curso superior, uma vez que, com 19 anos, abandonou a tempo inteiro os estudos, “dediquei-me a cem por cento a esta arte, onde atualmente trabalho de segunda a domingo”.
Atualmente, a Oliveira Rodrigues – Granitos de Pedras Salgadas, Lda. labora suportada numa equipa constituída por 30 pessoas e faturou 1.8 milhões de euros, em 2020. Ainda que presente no mercado nacional a Oliveira Rodrigues – Granitos de Pedras Salgadas, Lda, exporta cerca de metade da sua produção para a Comunidade Europeia, estando também presente em alguns países nórdicos e nos Estados Unidos da América.
As expectativas para 2021 são elevadas. “Já temos contratualizadas algumas encomendas. Muitas autarquias estão a realizar obras, o que também impulsiona o setor. O mercado particular também tem estado em alta. O estado da construção civil diz muito acerca da realidade da economia de um país, uma vez que é um dos seus principais motores. Apesar disso, infelizmente, muitas pessoas ainda encaram as pedreiras como um setor menor, o que não faz sentido. Temos tido as portas abertas a iniciativas como a “Geologia de Verão“, patrocinada pela UTAD e a outras iniciativas que queiram conhecer esta arte e esta forma de vida”, assegura o empresário que explica que, neste momento, com o apoio de fundos comunitários, estamos a expandir a capacidade da empresa, porque o volume de trabalho a isso obrigou. “Queremos continuar a servir, com toda a qualidade, todos aqueles que confiam em nós”.
De acordo com José Manuel Rodrigues o granito cinza claro, produzido no monte dos Fojos, conhecido como “Granito Pedras Salgadas” é uma marca de grande história e de muita tradição, tanto em Portugal, como no mundo. Apesar disso, ao longo dos anos, “foram várias as tentativas de usurpação da marca por parte de vários concorrentes. Felizmente, os intentos nunca foram concretizados, porque o nosso granito é de qualidade inigualável. Quer se queira, quer não, este granito é distinto. Para além disso, no mercado europeu, o prestígio já nos precede e as pessoas sabem quando estão a adquirir “Pedras Salgadas”, o que muito valoriza o nosso produto”. A empresa também produz e transforma granito Amarelo Real.
Quanto à concorrência, o empresário defende que será sempre motivo de progresso, dinamismo e inovação. “Existe sempre o lado bom e mau como em tudo. Ela ajuda a regular os preços e motiva a competência dos players do mercado, no entanto no limite, verdadeiras guerras de preços prejudicam e fragilizam todo o setor. Será sempre benéfico para o mercado que as empresas sejam mais unidas e que trabalhem de forma positiva em prol do setor. Apesar disso, no monte dos Fojos, as empresas, que se mantiveram depois da ultima crise, têm sabido manter a valorização do produto o que é vantajoso para todos os intervenientes” .
Quanto ao futuro, apesar de todas as incertezas resultantes da atual pandemia, José Manuel Rodrigues está confiante. “O inicio da pandemia coincidiu com a decisão de realizar ou não o atual investimento, no entanto decidimos que é nossa responsabilidade enquanto parte integrante desta região tudo fazer em prol do seu desenvolvimento e aqui estamos lutando todos os dias, todos juntos neste grande desafio, que é o investimento de mais de dois milhões de euros na compra de equipamentos para a transformação do granito. Para além da criação de cerca de dez novos postos de trabalho, este upgrade permitir-nos-á uma poupança energética significativa porque recorre a energias mais limpas. Iremos apostar também na economia circular e na inovação, o que nos trará diferenciação no mercado. Esperamos conseguir implementar e operacionalizar o projeto delineado porque, acima de tudo, temos que lutar pela região, e ela só existe com pessoas.”, conclui.