“A prioridade foi salvar vidas”
Gonçalo Lopes está à frente dos destinos do Município de Leiria desde agosto de 2019. Cerca de meio ano depois, o País e o Mundo mudam devido à atual pandemia e o autarca teve que demonstrar, mais uma vez, a sua capacidade de resistência e de resiliência perante as adversidades até porque “a prioridade foi a de salvar vidas” naquele que foi considerado pelos seus habitantes, num estudo realizado pela Deco, como o município do País que teve o melhor desempenho no combate à Covid.
“O aparecimento da pandemia alterou por completo as nossas prioridades, uma vez que o nosso principal foco passou a ser dar resposta às necessidades da população, adotando uma política de grande proximidade com todas as entidades do setor da saúde”, reitera Gonçalo Lopes, presidente da Câmara Municipal de Leiria, que completa: “Tínhamos previsto apostar muito na área da cultura e na realização de algumas grandes obras que tivemos que relegar para segundo plano, uma vez que tivemos de redirecionar a nossas prioridades para o combate a esta pandemia. Além disso, agora, algumas das nossas opções poderão estar condicionadas por aquilo que será o mundo pós-pandemia, nomeadamente ao nível do desenho das cidades, do tipo de equipamentos coletivos que irão existir, uma vez que, inolvidavelmente, os hábitos das populações mudaram”.
Apesar de todas as vicissitudes, o autarca garante que o município conseguiu manter o nível de execução de todos os projetos detentores de financiamento comunitário, ainda que tenham sido necessários alguns ajustes no que concerne aos períodos de execução, “uma vez que ficou comprometido com a Covid. Assim, iniciámos projetos já com maturidade elevada, nomeadamente as obras no Mercado Municipal, no Castelo de Leiria e no circuito urbano e ribeirinho da cidade, no conhecido circuito Polis. No fundo, o que acabamos por fazer foi substituir projetos que poderiam ficar em perigo por outros que já estavam em andamento e que não eram alvo de qualquer financiamento, fazendo com os fundos comunitários ficassem salvaguardados”.
O edil revela que, no que diz respeito ao mercado, a obra está a ser realizada com o objetivo de modernizar e recuperar aquele espaço, dotando-o de todas as condições necessárias para que os feirantes posso comercializar os seus produtos e que todos os leirienses possam ali fazer as suas compras em segurança.
Já no que diz respeito ao Castelo, este investimento “este investimento na área da cultura e do património cria condições para captar mais visitantes e turistas no futuro”, explica. O investimento, que ainda está em curso, é de cerca de seis milhões de euros e permite que o castelo tenha agora dois acessos mecânicos e um novo anfiteatro, entre várias outras valências.
As obras duraram três anos e a sua reabertura “será um trunfo da cidade para a retoma económica que teremos de abraçar nos próximos anos, depois desta pandemia”, em espacial na área do turismo e cultura. A obra teve preocupações de valorização do património e de mudança de paradigma das visitas, com aposta nas acessibilidades, mas também “no conforto para vivenciar o espaço em termos culturais e artísticos”.
Por fim, a requalificação do troço do percurso Polis, entre São Romão e o Jardim da Vala Real, permitiu a criação de um percurso com via pedonal e ciclável para quem quer “aproveitar a natureza e o ar livre em pleno centro da cidade”.
São 1 870 metros de um itinerário “mais seguro, confortável e inclusivo” com faixas específicas para cada modalidade: uma via para peões e outra para ciclistas.
O combate à pandemia
Olhando para trás, Gonçalo Lopes recorda que, com o apoio de uma equipa muito vasta, o município conseguiu, logo em abril do ano passado, quando começou o primeiro desconfinamento, colocar cem mil máscaras e viseiras ao dispor da população, “o que fez com que tenhamos marcado, desde logo, a necessidade da proteção das pessoas no regresso ao trabalho. Este foi um primeiro passo decisivo na nossa luta contra a Covid.
O nosso segundo trunfo passou pela ligação próxima que temos com todas as estruturas de saúde com a colocação de áreas dedicadas ao atendimento de doentes, por exemplo.
Realizámos um trabalho de muita proximidade com o setor da saúde, o que se instituiu também como um fator de sucesso”.
Em terceiro lugar, o autarca considera que os números nunca foram muito penalizadores em Leiria porque, desde o primeiro momento, a Autarquia esteve atenta e vigilante em relação aos lares.
“Realizámos reuniões regulares e definimos, desde muito cedo, regras restritas de funcionamento, para além da entrega imediata de todo o tipo de equipamentos de proteção individual. Para nós este sempre foi o público alvo a proteger. Estas medidas fizeram com que o número de mortes tenha sido reduzido. Fomos muito mais preventivos, do que reativos e penso que esteve aí parte do nosso sucesso nesta luta”.
O edil afirma que também não podemos ignorar o importante papel da esmagadora maioria das pessoas que sempre adotaram uma atitude muito responsável e que logo perceberam qual era a filosofia e a forma de trabalho da Autarquia, “pelo que o seu apoio tem sido inequívoco na tomada das mais variadas decisões. É por isso que hoje, Leiria, é considerado pelos seus habitantes, num estudo realizado pela Deco, o município do País que teve o melhor desempenho no combate à Covid”.
Gonçalo Lopes reconhece que este sucesso implicou um elevado investimento realizado, superior a um milhão de euros, e que, em alguns casos, o município teve de sobrepor-se ao Estado Central.
“Desde março, já lançamos sete pacotes de medidas de apoio a instituições, empresas e cidadãos, apoios que evoluíram de acordo com as diferentes etapas, estando alguns mais vocacionados para o setor da saúde, outras para a área social ou para a promoção económica. Tivemos um programa de apoio às pequenas e micro empresas no valor total de quase um milhão de euros. Também criámos um Fundo de Emergência Social com o montante de 1,2 milhões de euros para apoio direto a famílias e instituições, entre muitos outros. Com todas estas medidas claro que as nossas prioridades tinham de mudar. A principal prioridade passou a ser a de salvar vidas, ou seja, conter a propagação deste vírus como forma de protegermos as pessoas”.
Para o autarca, a pandemia também deixou muito claro que o desenvolvimento dos territórios só se faz tendo nas autarquias o seu principal aliado. “As autarquias têm que ser proactivas e resolver os problemas aos seus cidadãos. Não podemos estar à espera que o Ministério da Educação venha retirar os telhados de amianto das nossas escolas. Não podemos estar à espera que o Ministério da Saúde venha resolver os problemas que o concelho de Leiria tem nessa área. Se optarmos por esperar, a espera vai ser longa e quem vai sofrer são as populações. Cada vez mais, as autarquias têm que assumir um papel de referência na gestão dos territórios que em muito ultrapassa aquelas que são as suas competências. Assim, o processo de descentralização de competências é incontornável, os municípios têm apenas que estar preparados para receber estas novas aptidões com coragem, cuidado e determinação. Apesar de termos mais trabalho, se as verbas necessárias forem atribuídas, no final, o concelho estará mais desenvolvido e as populações melhor servidas”.
No que concerne à campanha de vacinação, o edil reitera que esta tem decorrido nos centros de saúde locais e no centro de vacinação criado pelo município no Estádio Municipal de Leiria – Dr. Magalhães Pessoa, “espaço que se tornou numa espécie de quartel general de combate à Covid. Foram ali realizados testes e os camarotes seriam usados caso tivesse existido a necessidade de evacuar algum lar. Agora, enquanto centro de vacinação, a campanha decorre de forma normal dentro daquilo que é a gestão da escassez de vacinas disponíveis, sendo este um processo que gerou e que ainda continua a gerar muita ansiedade. Assim, estamos a criar as condições para que os profissionais e os utentes tenham as melhores condições de conforto e de segurança para esse momento tão importante para o seu futuro, sempre em articulação com o Ministério da Saúde”.
Projeto de vida: Leiria
Gonçalo Lopes será recandidato à presidência nas próximas eleições autárquicas e afirma que o faz a pensar nos jovens e num concelho “mais equilibrado, sustentável e harmonioso e mais atrativo para jovens qualificados e empresas de valor acrescentado. Temos que olhar para o concelho como um todo. Todas as freguesias têm as suas especificidades e um papel ativo nesta Leiria nova que deve ser encarada como um todo articulado e harmonioso. Não há cidade sem freguesias e não há freguesias sem cidade. Assim, pretendemos valorizar as nossas características endógenas e transformá-las em desenvolvimento da comunidade concelhia”, assegura.
Segundo o autarca, o seu projeto para os próximos quatro anos está assente em quatro grandes pilares: ambiente, economia sustentável, saúde e cultura. “Só protegendo o ambiente e apostando nunca economia sustentável podemos aspirar a ter um desenvolvimento económico equilibrado e solidário. Este concelho, devido ao grande empreendedorismo económico existente, apresenta problemas ambientais que têm de ser resolvidos. As atividades económicas têm que se adaptar a esta nova era em que o meio ambiente tem de ser preservado. Isto faz com que o concelho necessite de uma nova economia, assente naquelas que são as profissões do futuro, até para que consigamos atrair os mais jovens.
Para além disso, só com uma ampla resposta na saúde e uma sólida base cultural podemos cimentar o futuro.
Também temos que assegurar a proteção das pessoas e lançar fortes raízes para as novas gerações numa tentativa de conquistarmos mais habitantes e incrementarmos a taxa demográfica, um desafio a que não temos dado a devida importância.
Por fim, temos de criar condições para reabilitar o património, apostar mais no turismo e impulsionar o setor da cultura, numa base regional, através da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027”, destaca o edil, para quem as ambições políticas se resumem a servir Leiria e os leirienses. “Este é o projeto da minha vida, é o projeto que se chama Leiria”, conclui.