Concelho onde o desemprego não existe
Silvério Regalado cumpre o segundo mandato como presidente da Câmara Municipal de Vagos. O autarca admite que estes foram oito anos de trabalho árduo, mas altamente compensadores até porque, hoje em dia, em Vagos, o desemprego é praticamente inexistente. Com uma aposta clara no crescimento económico do concelho, o edil está confiante de que o futuro será ainda mais promissor.
Silvério Regalado, presidente da Câmara Municipal de Vagos, assegura que o atual mandato não foi condicionado apenas pela Covid-19 e lembra que os constrangimentos começaram com os incêndios em 2017 que condicionaram, desde logo, a ação do Executivo, “não só pela tragédia ocorrida, mas também porque estivemos com uma equipa a trabalhar nesta calamidade durante cerca de um ano. Tivemos que realizar inúmeras candidaturas, no sentido de recuperarmos aquilo que o fogo consumiu. Tomámos posse poucos dias depois do ocorrido e tivemos que nos adaptar a uma nova realidade”.
O autarca também não esquece as várias intempéries que afligiram o nosso País e que afetaram o concelho, “ainda que numa menor escala”. Por fim, desde março do ano passado, “tal como todos os portugueses, os vaguenses têm aprendido a conviver com esta nova realidade. Perante este cenário, claro que as nossas prioridades mudaram e qualquer mandato autárquico foi condicionado por uma adversidade como esta”. Contudo, apesar das contrariedades, o edil assegura que não gosta de olhar muito para os problemas e que prefere concentrar-se nas soluções. “Foi assim que conseguimos prosseguir com a estratégia que tínhamos delineado para o Município, estratégia essa que nos acompanha desde 2013, ano em que fomos eleitos pela primeira vez”.
Um desafio chamado Covid
Silvério Regalado esclarece que, desde o primeiro momento, a primeira preocupação da Autarquia foi apoiar as instituições que apoiam diretamente os munícipes, nomeadamente os Bombeiros, a GNR local, o centro de saúde e todas as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) que existem e desenvolvem a sua atividade no concelho e que “foram fundamentais nesta luta. Este foi um esforço conjunto de todos os intervenientes e as decisões foram tomadas em equipa, ouvindo os vários parceiros, até porque as suas sensibilidades eram diferentes. Nunca tivemos a preocupação de saber quanto é que determinada medida nos iria custar. O mais importante era ajudar as pessoas a combater este vírus, assegurando a sua saúde e o seu bem-estar e foi isso que fizemos. No fundo, realizámos aquela que era a nossa obrigação e cumprimos a missão que nos foi confiada aquando da nossa eleição”.
O autarca revela que o esforço do Município foi reconhecido, na medida em que, recentemente, venceu o Prémio Autarquia do Ano, na categoria de “Economia”, subcategoria “Medidas COVID 19”, com o Programa de Revitalização da Economia Local “Vagos +Comércio”. Esta foi a segunda edição deste prémio promovido pela Lisbon Awards Group & ECO que tem como principal objetivo realçar as boas e inovadoras práticas que se fazem pelas freguesias e câmaras municipais do País. A iniciativa contou com um total de 50 municípios inscritos.
O edil explica que este programa nasceu da necessidade de apoiar e dinamizar a economia local durante a pandemia. “Este programa contemplava diversas vertentes. Desde a motivação para adquirir o que é localmente produzido com o projeto «Compre (n)o que é nosso, Vagos somos todos nós«, até à implementação da plataforma digital «Vagos +Comércio», destinada a produtores e comerciantes que, desta forma, puderam criar potenciais oportunidades de negócio. Também, não podemos esquecer a campanha de vouchers realizada, onde motivamos os cidadãos a comprar no comércio tradicional, contribuindo, de forma efetiva, para o aumento do volume de negócios dos comerciantes aderentes”.
No que concerne à campanha de vacinação atualmente em vigor, Silvério Regalado é perentório: “Graças à competência dos nossos serviços de saúde e ao apoio da Autarquia, a ação decorre de forma muito positiva, estamos apenas dependentes do número de vacinas disponíveis”. O edil revela que, neste âmbito, a Autarquia disponibilizou funcionários para a realização de contactos, “sendo a este nível fundamental a ação dos nossos presidentes de junta que, melhor do que ninguém, conhecem os seus fregueses e facilmente os conseguem localizar quando não o conseguimos fazer de forma tradicional”. O Município disponibilizou ainda assistentes operacionais que acompanham os vaguenses no processo de vacinação, para além de todos os equipamentos de proteção individual necessários para este efeito.
A aposta no crescimento económico
O edil revela que a principal aposta do Executivo passa pela promoção do crescimento económico do concelho, usando-o como alavanca para o desenvolvimento de setores como a cultura, o desporto, a saúde, a educação e a área social, entre outros. “Durante muito tempo, Vagos foi o concelho mais pobre do distrito de Aveiro e nós quisemos mudar esse fado. Assim, continuamos a trabalhar no crescimento das nossas áreas industriais, atraindo novo investimento, ajudando as empresas a criarem novos postos de trabalho. Já avançámos com a requalificação da Zona Industrial de Vagos, obra adjudicada por um valor superior a um milhão de euros. A empreitada destina-se à melhoria de acessos e outras infraestruturas. Para além disso, aumentamos o Parque Empresarial de Soza, obra orçada em 2,1 milhões de euros”.
De acordo com o autarca, o Município também está a terminar a infraestruturação de 35 hectares de terreno para a instalação de novas empresas, sendo que algumas já avançaram com esse processo, apesar da obra ainda não estar concluída. Para além disso, “como sabemos da importância das acessibilidades para qualquer empresa, também realizamos investimentos nesta área, nomeadamente, através da construção de um novo eixo rodoviário, com cerca de nove quilómetros de extensão, que irá servir uma das nossas novas zonas industriais, neste caso o da Ponte de Vagos, e à zona sul do concelho, até porque estamos a criar dois novos espaços em Covão do Lobo e em Santa Catarina, especialmente vocacionados para pequenos estabelecimentos e indústrias”. O edil revela ainda que a Autarquia também está na fase de aquisição de terrenos para a construção da ligação da Zona Industrial de Vagos à A17, “obra muito importante para o desenvolvimento da competitividade das nossas empresas e que deverá ser levada a cabo independentemente do autarca que vença as próximas eleições”, completa.
Silvério Regalado assevera que, em resultado de todo o esforço pelo Executivo, neste momento, o concelho de Vagos está próximo de atingir o pleno emprego, “apesar de todos os constrangimentos sentidos por muitas empresas em virtude da atual pandemia. A verdade é que, apesar de todas as contrariedades, as empresas continuam com uma dinâmica muito forte, a crescer e a recrutar mais colaboradores, ainda que se queixem de que já começa a ser um problema encontrar mão de obra disponível em número suficiente para fazer face às suas necessidades”.
Questionado sobre as restantes obras a decorrer no concelho, o autarca explica que existem dois tipos de investimento públicos passíveis de serem realizados: por um lado os que resultam de fundos da Autarquia e comparticipados por fundos comunitários e, por outro, aqueles que são realizados em parceria com entidades como as Águas da Região de Aveiro (AdRA) ou o Polis Litoral da Ria de Aveiro. “No que concerne aos primeiros, estes sofreram grandes atrasos em virtude de toda esta situação de pandemia, neste que é já o quadro comunitário que regista o maior atraso desde que a medida existe. A verdade é que se as equipas estão concentradas na realização de outras tarefas mais prementes não conseguem realizar aquelas nas quais deveriam estar concentradas”. Apesar desse facto, o edil decidiu avançar com uma das obras ex-líbris do seu mandato: a requalificação e ampliação do Palacete Visconde de Valdemouro, antigos Paços do concelho, obra com um valor base de 4,5 milhões de euros. De acordo com o autarca, o grande objetivo da empreitada é tornar o Palacete num espaço cultural “único e de referência no concelho, ao mesmo tempo que é preservado o património edificado”.
No que concerne ao segundo tipo de investimentos, Silvério Regalado advoga que decorrem importantes projetos no concelho, sobretudo na área ambiental e explica que, com a AdRA, a Autarquia está a realizar melhorias na rede de saneamento, enquanto que, com a Polis Litoral da Ria de Aveiro o Município está a trabalhar em setores como a proteção costeira, a dragagem no Canal de Mira e do Rio Boco, obras que estão em execução e que “são de suma importância para o concelho e para o seu equilíbrio ambiental”. O autarca garante que o Executivo detém ainda outros projetos previstos, nomeadamente para a área turística, como a requalificação da Marina da Praia da Vagueira e a construção de diversas ciclovias, área para a qual já tem aprovado financiamento no valor de dois milhões de euros.
Amar a terra
Silvério Regalado considera que os próximos quatro anos serão muito importantes para o concelho porque serão de preparação para o novo quadro comunitário de apoio, “numa ótica de potenciação do dinamismo económico e de criação de riqueza. O concelho de Vagos não pode estar dependente dos valores provenientes do Orçamento de Estado. Temos que ser engenhosos, até porque os fundos comunitários têm regras apertadas e o concelho ainda apresenta necessidades ao nível de equipamentos e serviços básicos, como o saneamento que ainda não cobre 60 por cento do território. A rede viária também precisa de várias intervenções. Somos um dos maiores concelhos do Litoral do País, pelo que temos que ser criativos e muito objetivos e aproveitar todas as oportunidades que possam surgir”.
Olhando para trás, o edil garante que, o crescimento de um concelho não é possível apenas com a vontade e o trabalho de um autarca. “O desenvolvimento de um concelho deve ser um esforço conjunto do Executivo, de todos os munícipes, empresas e instituições concelhias. Todos devem estar envolvidos, contribuir e trabalhar em prol do bem comum. Além disso, hoje em dia, só é autarca quem ama a sua terra e quer trabalhar em prol do seu desenvolvimento. Desengane-se quem pensa que temos ADSE, acesso à reforma antecipada ou a outro tipo de benefícios fiscais, uma vez que isso não acontece. Realizamos os descontos como qualquer outro trabalhador”, conclui.