concelho resiliente, de oportunidades e investimento
Carlos Filipe Camelo, presidente da Câmara Municipal de Seia, assegura que está à frente de um concelho resiliente, de oportunidades e de investimento, mesmo quando os desafios e os obstáculos surgem, como é o caso da atual pandemia. O autarca garante que o importante é ter esperança em relação ao futuro até porque acredita que a solução para os problemas emana da capacidade de acreditar “num território único, de gente genuína que tem a capacidade para fazer acontecer, mesmo perante algumas vicissitudes”.
A terminar o seu terceiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal de Seia, Carlos Filipe Camelo assevera que este foi um mandato muito difícil e explica porquê: “Para além da atual pandemia que assola todo o mundo, não podemos esquecer os incêndios que tivemos que enfrentar em outubro de 2017 e as várias tempestades que, entretanto, ocorreram”. O autarca advoga que estas contrariedades são ainda mais penalizadoras quando a Tutela entrega os valores compensatórios por essas intempéries com bastante tempo de atraso, “o que prejudica, em muito, a nossa recuperação económica”.
O edil lembra que, ao longo de 12 anos, foram muitos os desafios apresentados, mas quase todos eles ultrapassados. “Quando tomámos posse, pela primeira vez, financeiramente, a Autarquia não se encontrava na melhor das situações, o que fez com que uma das nossas primeiras medidas tenha sido tomada com o intuito de reequilibrar as contas. Agora, no final do terceiro e último mandato, é reconhecido que conseguimos promover o reequilíbrio financeiro do município e renegociar, em 2018, e sem aumento do limite temporal, a restante dívida com a Banca, medida que, isolada, significou, desde logo, uma poupança da Autarquia em cerca de seis milhões de euros”. Segundo Carlos Filipe Camelo, nos últimos oito anos, o Executivo conseguiu baixar o valor da dívida em 21 milhões de euros, “o que é assinalável”. Apesar disso, o autarca reconhece que este sucesso só foi possível com muito esforço. “Tomámos posse em 2009 e, em meados de 2010, apresentámos o nosso plano de reequilíbrio financeiro. Depois disso, a Tutela demorou bastante tempo na tomada de decisão que foi conhecida apenas em 2011. No fundo, o nosso primeiro mandato serviu, primordialmente, para a reorganização económica e financeira da Autarquia, ao mesmo tempo que tentávamos ter acesso a fundos comunitários, tudo para que conseguíssemos realizar obra no município, potenciando a nossa capacidade de reinventar a forma como lidávamos com os investimentos que tínhamos como necessários e convenientes e que priorizamos de forma rigorosa. Queremos que a economia municipal funcione, se fortaleça e prospere e que todos aqueles que pretendam investir encarem este como um concelho resiliente, de oportunidades e investimento, ainda que reconheçamos que, por vezes, essas mesmas oportunidades sejam mais difíceis de encontrar”.
Já no presente mandato, para além da pandemia, o edil lembra o desafio da transferência de competências. “Mais uma vez, esta mudança não tinha sido prevista aquando da nossa tomada de posse, em 2017, tendo surgido apenas a meio do mandato, o que significou uma mudança que tivemos que acautelar. Os autarcas são obrigados a ter esta flexibilidade para a adaptação a novas circunstâncias e a novas exigências. Nesta temática da transferência de competências, por exemplo, as regras permanecem mutáveis, sendo exemplo disso, as competências nos setores da educação e da saúde. Foram pensados de uma forma que depois não se mostrou exequível. As competências deveriam ter sido todas transferidas para os municípios em janeiro de 2021, realidade que também não se concretizou.
Em vários casos essa transferência só acontecerá em 2022”.
Principais projetos a decorrer
Carlos Filipe Camelo explica que, de acordo com aquelas que seriam os fundos comunitários disponíveis, os projetos pensados para esta mandato estavam vocacionados para o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), “oportunidade de suma importância para um município como o nosso e que foi sufragada pela Comissão de Coordenação da Região Centro e que resultou num investimento de quatro milhões de euros para Seia”. Assim, no âmbito deste programa, o autarca informa que já foi concluída a reabilitação da Casa das Artes, conhecida no município como o Conservatório, assim como a já foi realizada a intervenção na Biblioteca Municipal. Apesar disso, o edil esclarece que a maior parte do valor dos fundos obtidos está a ser aplicada no projeto Porta da Estrela que engloba intervenções de requalificação em vários espaços públicos do centro da cidade, designadamente o largo da feira, parques multiusos, municipal e intergeracional, percurso botânico, Avenida 1º de Maio e os Caminhos da Vila e da Escola. “O objetivo é o de conseguimos afirmar e reforçar a identidade de Seia como referência indissociável de porta de entrada na Serra da Estrela, como produto e resultado da inserção da cidade na história, património natural e sócio cultural e economia da região da Serra da Estrela”, completa.
O autarca afirma ainda que as intervenções a materializar pretendem (re)criar um espaço público urbano de qualidade e de referência no domínio da mobilidade urbana, da sustentabilidade e da qualidade arquitetónica e paisagística. Para além disso, esta ação tem ainda como objetivo “dinamizar o comércio, o turismo e qualificar a área como um pólo urbano de mobilidade entre a cidade e o exterior, com articulação intraurbana”.
Carlos Filipe Camelo destaca ainda a futura construção do novo Centro Interpretativo da República Afonso Costa que será criado através da reabilitação da Escola Primária Afonso Costa e que contará com espaços expositivos, arquivo, biblioteca, centro de estudos e investigação, atividades científicas e culturais e serviços educativos. Este será “um equipamento cultural de referência regional e nacional” e terá como principais objetivos a investigação, conservação e divulgação do conhecimento sobre a República e representa um investimento de um milhão de euros.
O autarca declara ainda que foram realizados investimentos ao nível da recuperação e manutenção da rede viária, custos suportados na totalidade pela Autarquia, “uma vez que, ao contrário do que aconteceu no passado, os atuais apoios comunitários não contemplam este setor. Infelizmente, as nossas estradas, durante muito tempo, serviram mais para a fuga de todos aqueles que queriam abandonar o concelho e não para conduzir todos aqueles que escolhiam aqui construir o seu lar. É por isso que agora trabalhamos na promoção da atratividade do concelho”.
De acordo com o edil, outra grande aposta do Executivo foi o meio ambiente. “Já em 2009 começámos a trabalhar para transformar Seia numa referência a nível ambiental em território nacional. Assim temos implementado diversos modelos económicos ligados à sustentabilidade que trouxeram uma nova realidade de capacitação de negócios do ponto de vista da diferenciação, nomeadamente os caminhos e as aldeias de montanha, o turismo natureza e o turismo desportivo, mais concretamente o bed and bike. Esta foi uma capacitação importante que conseguimos conferir ao território, ao mesmo tempo que o Turismo do Centro também realizava um belíssimo trabalho a este nível. Estas parcerias levaram ao aparecimento de novas unidades hoteleiras que cresceram e consolidaram a sua posição, menos em momentos menos propícios como foi o verão no ano passado”. Apesar disso, o autarca garante que estas unidades hoteleiras deram uma resposta de qualidade e com quantidade a todos aqueles que escolheram “uma nova forma de fazerem as suas férias. Sempre lutei para dar a conhecer Seia como um território para as quatro estações, contrariando aquela que sempre foi a realidade da Serra da Estrela”.
Um concelho resiliente
Carlos Filipe Camelo admite que este último mandato foi um grande teste à capacidade de resiliência do concelho, contudo, “mais importante do que as quedas, o que realmente importa é a nossa capacidade para sempre nos levantarmos. Assim, na resposta à pandemia, quer do ponto de vista económico, sanitário e do apoio que prestamos às pessoas e às empresas realizamos um investimento na ordem de um milhão de euros. O grande desafio foi, por um lado, cumprir o nosso projeto e concretizar aquilo que tínhamos idealizado, ao mesmo tempo que ajudávamos todos os nossos munícipes a fazer face a esta problemática. Para este esforço conjunto foram fundamentais os responsáveis autárquicos pelas várias freguesias. Só com o apoio e trabalho de todos é possível vencer esta pandemia, ao mesmo tempo que melhoramos o bem-estar e qualidade de vida das nossas gentes”.
Quanto à campanha de vacinação que está a decorrer, o autarca confessa-se orgulhoso do trabalho realizado, ainda que reconheça as limitações decorrentes da falta de vacinas disponíveis. “Apesar de muitos dos nossos idosos já estarem vacinados, assim como vários agentes educativo, o ritmo de vacinação realizado não se coaduna com as condições que criámos para o efeito. Se existissem mais vacinas a campanha poderia decorrer de forma mais massificada. Temos a capacitação logística, disponibilizamos e equipámos dois pavilhões gimnodesportivos para o efeito, e dispomos dos recursos humanos, faltam apenas as vacinas. Se assim não fosse, facilmente conseguiríamos administrar 400 a 500 vacinas/dia, sem qualquer constrangimento, igualando o que de melhor se consegue em outros concelhos”. O edil explica ainda que, paralelamente ao processo de vacinação decorre um processo de testagem massivo, nomeadamente nas escolas concelhias, “por forma a certificar a segurança de todos os intervenientes. Orgulhamo-nos do trabalho em equipa que temos feito, sempre em articulação com a Direção Geral de Saúde e as restantes entidades ligadas ao setor da saúde e com responsabilidades a nível local”.
Carlos Filipe Camelo termina com uma mensagem a todos os munícipes: “Quero transmitir sobretudo esperança em relação ao futuro até porque acredito que a solução para os nossos problemas emana da capacidade de acreditarmos num território único, de gente genuína que tem a capacidade para fazer acontecer, mesmo perante algumas vicissitudes”.