Uma MotoGP cada vez mais portuguesa
Foi sob uma imensa tarde de calor que decorreu mais uma prova do Grande Prémio de Espanha de MotoGP, em Jerez de La Frontera, no dia 5 de Maio. A quarta prova do Mundial do presente ano voltou a ser representada por dois portugueses, nomeadamente pelo piloto Miguel Oliveira, e pelo Presidente da Federação Internacional de Motociclismo, Jorge Viegas.
Eleito em 2018, Jorge Viegas é o primeiro português a assumir a presidência da entidade máxima do motociclismo. Sucedendo a Vito Ippolito, o português assume estar nas suas “sete quintas”, e mesmo tratando-se de um “sonho tornado realidade”, não esconde os objetivos já definidos para os próximos tempos. “Depois de resolvidos alguns problemas que faltavam resolver, estamos agora a trabalhar com afinco no futuro da modalidade. Estamos a resolver problemas no Enduro, e lançaremos em breve um concurso para um novo promotor em Speedway. Há ainda um projeto de fundo para tentar criar um verdadeiro Campeonato do Mundo de Rali, em que o circuito de Dakar estará incluído”, refere o antigo gestor.
Com uma vida toda ligada ao mundo das motorizadas, Jorge Viegas foi também o fundador e Presidente da Federação de Motociclismo de Portugal durante 23 anos, e realça que o novo cargo não é “algo que tenha caído do céu”. Assumindo um grande à vontade com toda a gente envolvida na Federação Internacional, o português não esquece o voluntariado que ajuda a competição a ser realizada com sucesso: “Temos um grupo de cerca de 300 profissionais não-remunerados, que são eles que permitem que este desporto progrida, e que haja corridas todos os fins-de-semana com as regras bem aplicadas”, acrescenta.
“Estou convencido que em 2022 Portugal voltará a entrar em cena”
Quando questionado sobre uma eventual presença de Portugal na prova, o agora Presidente da Federação Internacional refere que o Circuito de Portimão “entra imediatamente em cena, se houver algum problema nos circuitos existentes”, e assumiu ao Empresas+ a grande esperança em que o Grande Prémio volte a Portugal, o que não acontece desde 2012. “Estou convencido que em 2022, Portugal voltará a entrar em cena. De tudo farei para que isso aconteça, se possível com uma alternância entre o circuito de Portimão e o circuito de Estoril. Creio que seria a melhor solução para o país”, reitera o português, que não esqueceu o contributo que o piloto português também tem dado à modalidade.
Miguel Oliveira: os objetivos da temporada
Um dos motivos de maior interesse na prova decorrida em Espanha, terá sido inevitavelmente a presença de Miguel Oliveira (KMT). O piloto português da Tech3 terminou o GP de Espanha no 18º lugar, mas pode orgulhar-se de ter sido o único ‘rookie’ a terminar a prova. Em declarações ao jornal, o atleta natural de Almada define o balanço como positivo até ao momento, e não esquece as diferenças na passagem de classes para a MotoGP. “Muda tudo! Na potência na gestão de tudo que é nível eletrónico, no peso da mota na travagem, no funcionamento dos pneus… todos estes aspetos alteram bastante o conceito do que é pilotar uma Moto2, e uma MotoGP”, assume o português, ele que já viu o seu vínculo prolongado com a KTM.
Sendo o circuito de Jerez de La Frontera a mais próxima que o luso disputará de Portugal, o piloto realçou os quatro tipos de compostos que a Michelin fornece à KTM, que “trazem outra confortabilidade na condução”, mas não escondeu as dificuldades do fato de se tratar de um circuito “muito mais estreito que as três percorridas até agora no Mundial”, além do intenso calor que se fez sentir na região. A verdade é que não obstante o 18º lugar na prova, o português continua a assumir-se como um fenómeno no panorama nacional do desporto, e o fato de ser a sua primeira temporada na categoria-rainha do motociclismo não o faz abrandar nas metas da época. “Espero chegar muito além dos 20 pontos!”, afirma.