“Venham conhecer a Vila mais antiga de Portugal!”
“Venham conhecer a vila mais antiga de Portugal”, este é o convite que Victor Mendes, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, deixa a todos os portugueses neste verão. Ponte de Lima está repleta de História e histórias que surgem em cada recanto. Banhada pelo Rio Lima, esta verdadeira vila jardim é ainda conhecida pela sua rica gastronomia e por festas e romarias que marcam gerações. Sejam muito bem-vindos a Ponte de Lima!
Damos-lhe as boas-vindas, à vila onde a gastronomia é rainha, o vinho verde é rei e a história o seu príncipe. Conhecida pelos romanos como Limia, nome que vem do rio que os gregos denominavam de Lethes (significa esquecimento), Ponte de Lima é conhecida e reconhecida pelo seu vasto lastro patrimonial, até porque a sua ocupação remonta à Pré-história. Atualmente, são ainda muitos os vestígios que encontramos, até porque, nesse tempo, os povoados, conhecidos como castros, ocupavam muitas das elevações existentes em toda a região que hoje constitui o concelho de Ponte de Lima. A verdade é que, em pleno coração do Vale do Lima, a beleza castiça e peculiar da vila mais antiga de Portugal esconde raízes profundas e lendas ancestrais. Aqui, História e património estão por todo o lado. Ponte de Lima combina harmoniosamente elementos dos nossos antepassados e cria um pitoresco e bucólico postal.
Terra de História e de Histórias
Em Ponte de Lima, terra de história e de histórias, um passeio pelo centro é um regresso à ancestralidade. O Largo de Camões, sala de visitas da vila, acolhe-o com o Chafariz Nobre, terminado de construir em 1603. A Ponte, logo ali ao lado, vai abrir-lhe o apetite para a respetiva travessia… No final, a beleza da Igreja de Santo António da Torre Velha, aumentada no século XIX. Contígua, a Capela do Anjo da Guarda, uma construção com raízes românicas e góticas, que muitos atribuem ao século XIII. Na margem esquerda, de volta ao centro histórico, podemos admirar a Torre de S. Paulo, do século XIV, o Pelourinho, a Torre da Cadeia Velha, espaço que serviu de encarceramento até aos anos sessenta do século XX, e o Arco da Porta Nova, que dá acesso à velha Rua da Judiaria.
O rio que marca a vila e a vida da região regou durante séculos as terras, abasteceu de águas casas e permite que residentes e visitantes possam banhar-se nele durante o período balnear, uma vez que a poluição, felizmente, ainda não chegou a estas paragens. É por isso que os desportos náuticos são cada vez mais uma constante. A sua prática motiva uma procura crescente das suas águas e das estruturas colocadas à disposição de atletas e de praticantes das mais diversas modalidades desportivas aquáticas.
A caminho de outro expoente máximo de Ponte de Lima, a Avenida dos Plátanos, podemos encontrar a barroca Capela de Nossa Senhora da Penha de França. Na referida avenida, é de visita obrigatória a Capela de Nossa Senhora da Guia (século XVII) e o notável conjunto formado pelas Igrejas de Santo António dos Frades (século XV) e da Ordem Terceira de S. Francisco (século XVIII), que albergam o Museu dos Terceiros. Não podemos ainda esquecer o Teatro Diogo Bernardes, belo exemplar de um teatro à italiana, inaugurado em 1893, que continua a ser o centro cultural, por excelência, da vila. Logo ao lado, o Palacete Villa Moraes, com admiráveis fachadas de imitação neoclássica.
De volta ao centro da vila, a Igreja Matriz, mandada reconstruir por D. João I, é de visita obrigatória. Daí podemos rumar ao Paço do Marquês (século XV) e visitar o Centro de Interpretação da História Militar de Ponte de Lima. Por sua vez, na Praça da República destacam-se o pelourinho e os monumentos evocativos à Rainha D. Teresa e ao poeta António Feijó. Para terminar esta viagem, uma visita à Capela de Nossa Senhora da Misericórdia das Pereiras, onde podemos desfrutar de uma vista sublime para o rio e para a vila.
A vila jardim
Visitar Ponte de Lima é estar num verdadeiro jardim até porque a vila já foi galardoada com três vitórias no Concurso Nacional de Vilas e Cidades Floridas, tendo obtido ainda dois prémios internacionais, uma medalha de bronze e outra de prata, no Concurso das Vilas e Cidades mais floridas da Europa (1999 e 2000).
Como ex-líbris floridos destacam-se o Parque do Arnado e o Festival internacional de Jardins. O primeiro nasceu dentro da Quinta do Arnado e o projeto contempla a história dos jardins ao longo dos tempos, para além de uma estufa e uma área de lazer, onde podemos desfrutar das sombras das videiras instaladas nas ramadas. Dali, depois de percorrida a ecovia junto ao rio, chegamos ao Festival Internacional de Jardins, espaço onde a arte e o jardim se fundem e que pode ser visitado anualmente de maio a outubro. Este evento é constituído por jardins temporários criados com uma diferente temática a cada ano e que se encontram em exibição, tornando-se uma nova descoberta a cada estação.
A inovação já levou à sua distinção, sendo este reconhecido como o Festival do Ano de 2013 no âmbito do Prémio Garden Tourism Awards, integrado no evento internacional “2013 North American Garden Tourism Conference”. Recebeu ainda, em 2017, a distinção “Europe for Festivals, Festivals for Europe” – EFFE Label 2017-2018”.
Neste contexto, o Município de Ponte de Lima tem investido constantemente para que a população sinta os espaços verdes como seus e foi assim que nasceu o concurso “Ponte de Lima – Jardins, Arte e Inovação”, aberto a todos os residentes do concelho. Esta é uma iniciativa que consiste em embelezar as janelas, varandas, espaços comerciais e canteiros, procurando-se incentivar nos limianos um gosto ainda maior pelos jardins e espaços verdes existentes.
A vinha, o vinho e a gastronomia
No centro de uma região agrícola rica, onde o setor primário foi sempre o grande motor da economia, é produzido o famoso vinho verde, néctar dos deuses e que deleita portugueses e estrangeiros. Estes vinhos têm por tradição acompanhar pratos mais substanciais e proteicos, numa conjugação única de estrutura e acidez.
A gastronomia limiana é rica em sabores e saberes. A lampreia, tão apreciada na região, assim como os famosos rojões com arroz de sarrabulho precisam do seu vigor e do seu corte para conseguir equilíbrio e prazer que recompense o trabalho da sua produção. Tal como em outras terras portuguesas, não pode faltar um prato típico de bacalhau, sendo aqui preparado o famoso Bacalhau de Cebolada, um prato popular e muito procurado nas tascas e restaurantes, também ele sempre regado com bom vinho. Para os mais gulosos, para terminar a refeição em beleza, não podemos esquecer o famoso leite-creme queimado.
Os vinhos de Ponte de Lima resultam da vinificação de uvas perfeitamente maduras de castas regionais, provenientes de vinhas ancestrais, assegurando a autenticidade e o carácter do genuíno vinho verde. Nos brancos, a casta branca loureiro, uma das mais notáveis de Portugal, tem aqui a sua expressão suprema, capaz de surpreender até mais do que o alvarinho, dando origem a um vinho muito apreciado pelo aroma e pelas suas excelentes características. Envelhecem bem os bons loureiros do Lima. Mas melhores serão sempre se os deixarmos repousar nos três ou quatro primeiros anos de vida, nas nossas caves. Nos vinhos tintos destaca-se o vinhão produzido exclusivamente da casta com o mesmo nome, vinho que se identifica pelo seu aroma inconfundível a frutos vermelhos e frutos silvestres e pelo seu requintado paladar.
Uma longa e notável História
Ponte de Lima uma das vilas mais antigas de Portugal, com carta de foral outorgada pela rainha D. Teresa e pelo seu filho, D. Afonso Henriques, a 4 de março de 1125, convida-o, hoje, a respirar esta história, vincada nos seus arruamentos medievais, nos monumentos no Centro Histórico, nos Museus e outros serviços municipais que mantêm viva a memória desta identidade cultural. Património que o Homem, ao longo dos séculos, foi construindo e foi felizmente preservando. Ponte de Lima é ainda cultura, natureza, modernidade.
Com a chegada dos romanos à Península Ibérica, Ponte de Lima ganhou uma nova dimensão na história do nosso País. Reza a lenda que o rio Lima tinha poderes místicos. Assim, estava vaticinado que todos aqueles que o atravessassem perderiam a memória. Foi assim que surgiu o famoso episódio da legião romana que, junto à sua orla, se recusou a galgar as suas margens, perante o medo do que poderia acontecer. Perante esta recusa, o comandante Décimo Júnio Bruto nadou até à margem direita e chamou cada legionário pelo seu nome, provando que a perda de memória não passava de um mito.
Os romanos acabariam por construir uma ponte de pedra neste local e em outras duas freguesias próximas, aumentando e enriquecendo a sua rede viária. Aliás, a ponte, que deu nome a esta nobre terra, adquiriu sempre uma importância de grande significado em todo o Alto Minho, atendendo a ser a única passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. Ainda resta um troço significativo na margem direita do rio Lima desta importante via, havendo muito poucos exemplos que se lhe comparem na altivez, beleza e equilíbrio.
No século XV é instituída a alcaidaria na vila. Quem conseguiu este feito foi D. Leonel de Lima, a quem se deve a construção do Convento de Santo António dos Capuchos, onde está atualmente instalado o Museu dos Terceiros. Os seus descendentes foram responsáveis pela configuração do Paço do Marquês, edifício que atualmente alberga o Centro de Interpretação da História Militar de Ponte de Lima. No século XVI realce para as obras no pavimento da ponte e a colocação de merlões, bem como a implantação da Cadeia, numa das torres do sistema defensivo. Todas as reformas foram promovidas por ordem do rei D. Manuel I, cujas armas estão bem patentes nas paredes da Torre da Cadeia. É ainda neste século que surge a Misericórdia de Ponte de Lima.
No século XVII surgiram novas obras de referência como a capela de Nossa Senhora da Penha de França, o Hospital de S. João de Deus e o Chafariz Nobre, construído na entrada da rua do Souto, extramuros, servindo para o abastecimento de água potável. No século XX este foi deslocalizado para o Largo de Camões, onde ainda hoje se encontra. Por fim, durante os séculos XVIII e XIX o aspeto urbanístico da vila alterou-se. Os solares barrocos multiplicaram-se, dentro e fora de muralhas. Ao longo dos tempos, Ponte de Lima foi, assim, somando à sua beleza natural magníficas fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas, aumentando significativamente o valor histórico, cultural e arquitetónico deste rincão único em todo o Portugal.
Possibilidades a perder de vista
Atualmente, Ponte de Lima é um dos principais destinos turísticos do Norte do País, pela sua vivacidade cultural e artística. São dezenas os festivais, feiras e certames de projeção nacional e internacional que têm lugar durante todo o ano e que vão ao encontro das expectativas e dos desejos dos mais variados públicos. A verdade é que a vila mais antiga de Portugal preserva as suas tradições e enaltece a sua história e as potencialidades turísticas do concelho, através da rede museológica constituída pelo Museu do Brinquedo Português, o Museu dos Terceiros, Centro de Interpretação do Vinho Verde e o Centro de Interpretação da História Militar.
Ponte de Lima possui ainda um património ambiental notável, elevando ao patamar máximo os níveis de qualidade de vida de todos aqueles que vivem no concelho e o visitam. As possibilidades são inúmeras e vão desde os passeios a cavalo ou de bicicleta, às atividades no rio, passando pelo golfe e até mesmo o ténis. Neste âmbito, não podemos esquecer a Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro d’Arcos, declarada Zona Húmida de Importância Internacional, pela raridade dos seus habitats e pela elevada biodiversidade que sustenta. Esta Área Protegida que se desenvolve em torno de duas lagoas e nas margens do Rio Estorãos, numa área total de cerca de 350 hectares.
Vaca das Cordas e Feiras Novas
Podemos chamar à Vaca das Cordas a tradição mais tradicional de Ponte de Lima, pois perde-se no pó dos tempos a origem de tão peculiar manifestação. Em véspera do Dia de Corpo de Deus, ao final da tarde, milhares de pessoas aguardam para ver a vaca, guiada por cordas, percorrer algumas ruas do centro histórico e terminar a sua jornada no areal junto ao Rio Lima, numa cadência de espetáculo e emoção.
Já as Feiras Novas acontecem no segundo fim de semana de setembro, quando o verão se prepara para a sua despedida. É aí que Ponte de Lima se engalana para a sua festa maior em honra de Nossa Senhora das Dores, que não sendo a padroeira de Ponte de Lima, cedo ganhou protagonismo entre os devotos. É o povo com a sua alegria e espontaneidade, a sua forma de fazer e estar na festa, as rusgas e os cantares ao desafio, o folclore em qualquer canto da cila que transforma as Feiras Novas num momento único e na romaria que é considerada o ‘maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal.” O fim de semana, esse é grande, porque a romaria é de noite e de dia; onde a música e o fogo de artifício, gigantones e cabeçudos reinam, assim como o folclore e as concertinas ou os concursos pecuário e de garranos. Os cortejos envolvem todos os limianos, engalanados para bem receber, os seus e os forasteiros que queiram conhecer aquela que é a rainha das romarias.
Em 2017, Ponte de Lima escreveu mesmo o seu nome no livro de recordes do GUINNESS com o maior número de Tocadores de concertina a tocar a mesma música durante cinco minutos. No total a iniciativa, que decorreu na cerimónia de abertura das Feiras Novas, juntou 897 tocadores de concertina que animaram o público com o tema “Rosinha”.
Texto construído com informação recolhida em: www.visitepontedelima.pt
A bebida perfeita para o verão
Com o calor a chegar, nada melhor que uma bela sidra fresquinha para refrescar. Esta é uma bebida que todos os dias conquista os portugueses e mais um motivo para visitar Ponte de Lima, vila que já é conhecida como a Capital da Sidra no nosso País.
Em Portugal, havia, em 2018, 1,6 milhões de consumidores de sidra, valor que representava 19,3% da população, quando, um ano antes, essa percentagem era de apenas 18,5%, de acordo com a Marktest, que assegura que “o consumo desta bebida tem crescido sistematicamente desde 2015, aumentando 51% desde então”. Foi precisamente este potencial, tanto a nível de consumo, como de possibilidades de investimento, que levou Octávio Costa, fundador e diretor de projetos da OG&Associados, em parceria com a Câmara Municipal de Ponte de Lima, a preparar uma plataforma física onde produtores e consumidores se pudessem encontrar. O primeiro passo foi a organização da Sidra Talks, a 1.ª Conferência Internacional sobre Sidras e Bebidas do Pomar, que decorreu em Ponte de Lima, no final do mês de novembro do ano passado.
Com lotação esgotada, a iniciativa contou com a participação de sete dezenas de participantes, atraindo a Ponte de Lima palestrantes, produtores e comunicadores de referência nacional e internacional. O evento serviu para analisar o potencial do produto nas suas múltiplas vertentes e incluiu ainda uma degustação da sidra rústica e tradicional. O encontro promoveu também um fórum de abordagens e partilha de saberes, bem como o relevo do acervo limiano, visando a recuperação da tradição produtiva sidreira de outrora, assim como o aproveitamento dos recursos endógenos do Pomar da Ribeira Lima. Todos os participantes tiveram a oportunidade de revitalizar e empreender, pensar e adquirir conhecimento sobre este novo potencial de mercado.
Ponte de Lima na linha da frente
A região da Ribeira Lima, onde se inclui todo o vale do rio Lima, de Ponte da Barca até Viana do Castelo, está na linha da frente na produção de sidra 100% nacional. É também no Minho que estão identificadas múltiplas variedades autóctones de maçã, algumas mais associadas à produção de sidra, por serem mais aromáticas, com o açúcar certo e a acidez adequada à produção de sidra.
Octávio Costa explica que “há muitas maçãs na região que estão a ser desperdiçadas. Servem quase em exclusividade para dar aos animais. Se rentabilizássemos a nossa produção, uma vez que que é autóctone, todos sairíamos a ganhar”.
O amento exponencial da procura no consumo desta bebida perspetivava a promoção do primeiro grande festival internacional da sidra. O evento esteve previsto para este ano, contudo a pandemia provocada pela Covid-19 levou ao adiamento do evento. O certame iria reunir agentes e especialistas das grandes regiões europeias com a tradição da bebida, como as Astúrias, o País Basco ou a Galiza, sem esquecer a Escócia, várias regiões em França, Itália e Áustria. Segundo Octávio Costa, há “quatro ou cinco produtores” de sidra em Portugal, em vários pontos do País, e “há muitos recursos endógenos”, mas “o mercado só agora começa a ser trabalhado”. Apesar disso, a produção da sidra tem muita história na região e no País, por isso, o objetivo passa por “recuperar a tradição que havia”.
A nível mundial existe a organização Ciderlands, que reúne sidreiros de toda a Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, e se dedica à promoção do produto, da cultura local e de cada território considerado. O objetivo é agora colocar Ponte de Lima nesse roteiro, para que a região possa ter esta nova mais-valia turística.