“A Covid suspendeu a vida das pessoas”
Fernando Caçoilo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, assegura que a atual pandemia entrou nas vidas de todos os portugueses, como um verdadeiro murro no estômago, e que o seu aparecimento teve reflexos na vida e no quotidiano de todos os cidadãos em qualquer município deste País. Assim, esta nova realidade refletiu-se negativamente na atividade do município e na sua economia. No fundo, “a Covid suspendeu a vida das pessoas”.
“É um facto que a atual pandemia foi uma realidade que nos entrou pela porta dentro, aquilo que costumamos chamar de murro no estômago e que o seu aparecimento teve reflexos na vida e no quotidiano de todos os cidadãos em qualquer município deste País. Assim, claro que a pandemia acabou por se refletir negativamente na atividade do próprio município e na sua economia. Teve também reflexos nas empresas no seu desempenho económico. No fundo, a Covid suspendeu a vida das pessoas”, assegura Fernando Caçoilo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo.
O autarca explica que este mandato, metade dele a lidar com a pandemia, tem sido de difícil gestão, numa tentativa permanente de equilíbrio “entre o que se quer fazer e aquilo que efetivamente é possível fazer. Para isso, tivemos que nos ajustar e adaptar, reconhecendo que a vida como a conhecemos parou, mas tendo também a certeza de que o futuro é já amanhã. Assim, nada mais nos restou fazer que resolver essa terrível equação entre a saúde da comunidade, a vida das pessoas e a economia, ou seja, tivemos que respeitar e estar atentos a todas as questões sanitárias e de saúde, mas também tivemos que acautelar a vida das pessoas, uma vez que muitas perderam o emprego, outras estão em lay-off, enquanto que outras atravessam sérios problemas do ponto de vista social. Atualmente, temos cumprido esse equilíbrio, aliando-nos nesse combate a todas as associações concelhias e IPSS, uma vez que sabemos que estas estão na linha da frente na luta junto das populações”.
De acordo com o edil, em virtude da atual pandemia, as autarquias, em muitos casos, acabaram por substituir aquela que era a obrigação do Governo, ultrapassando por vezes, as suas competências. Numa primeira fase, por exemplo, segundo Fernando Caçoilo, a Segurança Social esteve longe de todo o processo, deixando as IPSS que já vivem com tantas dificuldades, sem qualquer apoio por parte da Tutela. “As instituições não receberam qualquer apoio do Estado ao nível dos equipamentos de proteção individual, na exigência dos confinamentos, na realização de testes, qualquer tipo de apoio financeiro, entre muitos outros, papel que a Autarquia teve que assumir desde a primeira hora. Este é um apoio que mantemos até hoje, até porque o esforço tem sido contínuo”.
No que concerne às pessoas, o autarca informa que serviços de ação social municipal, em estreita colaboração com as IPSS locais, têm estado atentos e têm, por exemplo, adquirido bens, medicação e respetiva entrega a todos aqueles que estão confinados e que não têm qualquer retaguarda. O edil ressalva ainda as várias medidas tomadas como forma de apoio a todo o comércio local, nomeadamente através da isenção de pagamento de todo o tipo de taxas, assim como a campanha de incentivo ao consumo que foi colocada em funcionamento, “Compre o que está mais a mão! Opte pelo comércio no nosso município”, “tudo com o objetivo de apoiar a nossa economia e as nossas empresas. O nosso trabalho é diário, contínuo e permanente. Resumidamente, entre as várias medidas tomadas, os apoios prestados e a redução de receitas, falamos de um esforço financeiro no orçamento municipal que contribuiu para que as famílias e as empresas ficassem com mais 1,2 milhões de euros de rendimento disponível. Apesar disso, reconhecemos que outras medidas poderiam ter sido tomadas, contudo, ultrapassam amplamente as nossas competências e essas sim, deveriam ser implementadas pelo Ministério da Economia”, acusa Fernando Caçoilo.
Por outro lado, segundo o autarca, a vacinação decorre no concelho ainda a um ritmo bastante abaixo do que seria desejável, em virtude da falta de vacinas disponíveis, sendo que, também neste campo, “o município nada pode fazer. Assim, ajudamos no que é possível, nomeadamente através do transporte de todos os que não têm condições para o fazer, sobretudo pessoas mais velhas e com limitações de mobilidade, alguns deles acamados, em parceria com os nossos bombeiros. Para além disso, em parceria com o ACeS Baixo Vouga [Agrupamento de Centros de Saúde], logo que a campanha de vacinação seja massificada, disponibilizámos para esse efeito, alguns equipamentos municipais, nomeadamente a Casa da Cultura de Ílhavo. Venham as vacinas em quantidade porque as condições para a sua inoculação estão asseguradas”.
Plano repensado e ajustado
Em virtude de todas as vicissitudes ocorridas, o edil afirma que o plano que tinha idealizado no início do mandato teve que ser repensado e ajustado à nova realidade. “O mesmo aconteceu com o País e com a própria União Europeia que prorrogou os fundos comunitários por mais três anos, uma medida verdadeiramente excecional. Apesar disso, continuamos a investir e a apostar no aumento e melhoria da qualidade de vida dos nossos munícipes, algo só possível com muita organização, cuidado e trabalho rigoroso, sustentado e sustentável. Não é por acaso que somos o 29º município, a nível nacional, com maior equilíbrio orçamental, facto a registar tendo em conta a nossa dimensão mediana. Em 2013, quando assumi a presidência desta Autarquia, a realidade era muito distinta, sendo que tínhamos cerca de 21 milhões de euros de dívida à banca. Terminaremos este ano com apenas 3,5 milhões. Ao longo deste percurso conseguimos investir, ao mesmo tempo que reduzíamos a dívida. A verdade é que, com esforço, com trabalho sério e tendo em vista a sustentabilidade, conseguimos equilibrar a gestão financeira da Autarquia e ter obras em curso no concelho em conjunto com alguns parceiros, num valor superior a 12 milhões de euros. Para isso foram essenciais os fundos comunitários que conseguimos capitalizar e que explorámos até à exaustão. Apesar disso, estamos a trabalhar incessantemente no desenvolvimento do nosso território até porque está no meu ADN [graças ao meu pai], trabalhar com foco bem definido, e mediante objetivos. Estou na política por amor à causa, por amor à terra onde nasci, onde vivo e onde quero continuar a viver”. O autarca informa ainda que, durante o presente mandato conseguiu ainda baixar, por duas vezes, o valor do IMI (Imposto Municipal Sobre Imóveis), “receita com grande peso no nosso pacote financeiro”.
Fernando Caçoilo reconhece que algumas pessoas consideram Ílhavo um estaleiro na atualidade, contudo também assegura que, bendito é o munícipe que tem obras à sua porta, uma vez que estas são o sinal de que estão a ser realizadas melhorias. “Sabemos que muitas pessoas são adversas a grandes obras, porém elas têm que perceber que só assim se conseguimos melhorar os níveis de qualidade de vida dos nossos munícipes. As pessoas têm que perceber que não é possível realizar uma obra de um dia para o outro, ou durante a noite sem qualquer ruído. Sabemos que as obras criam transtornos, mas consideramo-nos fazedores, ainda que reconheçamos que são complicadas e que demoram a concretizar, situação agravada pelo atraso na chegada dos fundos comunitários, pela pandemia, já para não falar da falta de mão de obra no sector da construção civil e de todos os atrasos na entrega de material que se têm registado. Algumas obras ultrapassam o prazo previsto, mas temos que ser sensatos, reconhecer a atual realidade e os seus constrangimentos, e continuar a batalhar arduamente para a sua resolução, trabalhando em prol do bem-estar de todos os munícipes. Queremos que, ano após ano, o concelho de Ílhavo esteja cada vez melhor”.
Futuro incerto, mas de esperança
Em relação aos próximos anos, o autarca garante que estes serão incertos devido à indefinição sobre a forma como o País e o Mundo vão recuperar da pandemia, o que trará novos desafios para os municípios. Independentemente do que aconteça, o edil afirma que as autarquias terão que se instituir como parte ativa da recuperação económica e social do País, setores onde o Município de Ílhavo terá uma ação ativa, até porque o número de desempregados é razoavelmente baixo e o número de pessoas a receber Rendimento Social de Inserção (RSI) não subiu exponencialmente, “o que demonstra a estabilidade da nossa economia”.
Em segundo lugar, Fernando Caçoilo não esquece o processo obrigacionista da descentralização de competências que se iniciou “de forma atabalhoada” e que exigiu uma grande capacidade de adaptação a todos os municípios. “Neste âmbito, espero que o próximo mandato seja de estabilização, ainda que reconheça que algumas áreas serão de difícil resolução”.
Por último, o autarca assegura que o futuro estará dependente do novo Quadro Comunitário de Apoio 2030 e que será “fundamental para nos adaptarmos ao novo mundo digital, das novas tecnologias e da inovação, alicerçado numa especial atenção às alterações climáticas e à preservação do meio ambiente”. Neste âmbito, o edil destaca investimentos já realizados no concelho, nomeadamente, o novo Parque de Ciência e Inovação da Universidade de Aveiro, num investimento de 35 milhões de euros e que servirá para atrair empresas de dimensão internacional, funcionando como elemento de projeção internacional do município e da Região. Fernando Caçoilo enaltece ainda o ECOMARE – Laboratório para a Inovação e Sustentabilidade dos Recursos Biológicos Marinhos, também da Universidade de Aveiro, que conta com o Centro de Extensão e de Pesquisa em Aquacultura e Mar (CEPAM) e com o Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (CPRAM). Por fim, o edil evidencia o Centro de Inovação e Tecnologia em Aquacultura (CITAQUA) que está a nascer e que pretende atuar como catalisador de soluções, processos e tecnologias, potenciando a sua associação ao ECOMARE , sob a orientação científica da Universidade de Aveiro, prestando serviços qualificados ao sector da aquacultura, promovendo a formação profissional, inovando e diferenciando os produtos desta área específica da economia do mar, fomentando novas soluções e produtos aquícolas com elevada segurança alimentar.
Fernando Caçoilo deixa uma mensagem final a todos os munícipes: “O Município de Ílhavo tem esperança e tem futuro e é um concelho onde vale a pena viver.
Hoje somos um município central, dotado de todos os serviços necessários, que oferece um nível de qualidade de vida acima da média. Assim, escolher Ílhavo e viver em Ílhavo é um garante de futuro e de confiança”.