“Estamos convictos de que a mudança vai chegar”

Emanuel Câmara, presidente da Câmara Municipal de Porto Moniz e presidente do PS-Madeira, acredita que o Partido Socialista vai ganhar as próximas eleições regionais a 22 de setembro “e que se concretizará a alternância democrática que é o cerne de uma verdadeira democracia”. O autarca é um crítico do Governo Regional em funções e garante que o PS tratará todos os municípios por igual, “independentemente da sua cor política”.
“O que nos notabilizou no primeiro mandato foi a nossa envolvência com a população. No fundo, aquilo que é ser realmente autarca, trabalhando sempre com tranquilidade e com proximidade junto das populações. Agora, neste segundo mandato, estamos a consolidar todo o trabalho levado a cabo anteriormente, não só junto dos mais novos, como dos mais velhos, sem grandes preocupações ou timings. Com os mais idosos, por exemplo, fizemos com que saíssem de casa e tivessem direito a um envelhecimento ativo, participativo e salutar, integrados na sociedade. Cumprimos com os pressupostos que estão na base do Partido Socialista, a preocupação com as pessoas. Essa tem sido a marca do nosso trabalho no dia a dia. Adotamos medidas socialistas com as pessoas e para as pessoas e aqui são elas quem mais importa”, assegura Emanuel Câmara, presidente da Câmara Municipal de Porto Moniz.
O autarca defende que os porto-monicenses reconhecem o trabalho que tem sido realizado e, por isso, hoje em dia, todo o concelho é socialista, autarquia e juntas de freguesia, “cenário impensável há uma dúzia de anos. Depois de um trabalho árduo realizado por mim e por todos aqueles que acreditaram em mim, conseguimos chegar ao poder e fazer aquilo que sabemos melhor que é servir as populações. As pessoas reconheceram a qualidade do nosso trabalho e foi por isso que, há dois anos, voltaram a confiar em nós e no nosso trabalho”.
O edil acusa o Governo Regional de não ser imparcial nas suas escolhas e de favorecer as autarquias PSD. “Penso que o Governo Regional devia assumir o seu papel da mesma forma que o fizemos, de forma altruísta com todos e para todos, não discriminando ninguém. No meu primeiro mandato, duas das juntas de freguesia não eram da minha cor política e não foi por isso que não foram tratadas da mesma forma. A nossa postura foi reconhecida e, quatro anos depois, a nossa vitória foi consolidada. Isto só demonstra que os nossos princípios, a nossa marca, as nossas políticas e o nosso dia a dia foram sufragados pela população de forma inequívoca, respeitando a nossa forma de ser e de estar.
É por isso que, diariamente, incuto em todos aqueles que me rodeiam, na gestão autárquica e nas juntas de freguesia, um sentido de responsabilidade e de proximidade nas políticas do dia a dia junto de todos aqueles que em nós confiam”.
Críticas construtivas são bem-vindas
Emanuel Câmara reconhece que existem sempre pontos em que é possível fazer melhor e mostra-se disponível para ouvir críticas. “Durante 20 anos fomos oposição e reconhecemos que esta deve existir, até porque as críticas construtivas são sempre bem-vindas e, desde que falemos de mais-valias para o concelho de Porto Moniz, estamos sempre disponíveis para ouvir. Contudo, um partido que governou este concelho durante 40 anos não nos pode dar lições seja do que for, quando nunca conseguiram implementar as medidas que agora levamos a cabo. Não podemos ouvir simples críticas, sem qualquer conteúdo ou fundamento, sobretudo vindas de pessoas que não utilizam a melhor linguagem e que tentam colar as nossas medidas socialistas e a nossa atuação àquela que é levada a cabo na Venezuela, com o simples intuito de confundir as pessoas. Estas são formas medíocres de estar na política com as quais não nos revemos. Uma das pessoas que tem por hábito esse tipo de discurso é o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque”.
O autarca revela que, quando tomou posse em 2013, o primeiro desafio passou por controlar a dívida que o Município apresentava, que rondava os quatro milhões de euros. “Ainda que possa parecer um valor baixo, este é um número elevado tendo em conta a nossa dimensão. Com muito trabalho conseguimos sanar grande parte dessa dívida e estamos, com tranquilidade, a resolver todos os processos que encontramos e que necessitavam da nossa atenção imediata, alguns bastante antigos e ainda pendentes. Também conseguimos resolver eficazmente alguns processos de contencioso que existiam tanto com empresas, como com particulares, tendo sempre por base o bom senso. Hoje em dia, orgulhamo-nos de ter uma gestão equilibrada, onde honramos os nossos compromissos, mesmo aqueles que não foram assumidos por nós e que prejudicaram o concelho e todos os porto-monicenses”, advoga o edil.
De acordo com Emanuel Câmara uma gestão equilibrada ganha ainda maior importância no contexto de uma candidatura a fundos comunitários, “ação vital para a região”. Neste âmbito, a Autarquia já conseguiu a aprovação de cerca de um milhão de euros em fundos comunitários que estão agora a ser aplicados, nomeadamente na reabilitação de três veredas na freguesia do Seixal. Também estão, neste momento, em execução três obras relacionadas com a construção de caminhos agrícolas. Numa outra vertente, o autarca informa que o Município também realizou uma candidatura para a construção de uma estação de tratamento de resíduos, “o que nos permitiria dar outro tipo de resposta do ponto de vista ambiental. Esta não foi considerada numa primeira fase, contudo, espero que agora haja bom senso e que o Governo Regional a aprove, ainda antes das próximas eleições. Também recuperámos o teleférico das Achadas da Cruz que faz a ligação com a Fajã da Quebrada Nova, um local paradisíaco que merece a visita de todos aqueles que se deslocam à Madeira. Este é um lugar de excelência muito procurado para filmes e telenovelas, como recentemente aconteceu com a TVI. Esta fajã é ímpar e a nível paisagístico é difícil encontrar outra na região com tamanha beleza. Este é apenas o início e temos outros projetos que aguardam aprovação para que possamos avançar”, reitera o edil.
Emanuel Câmara reitera que não consegue perceber como é que uma câmara pequena como Porto Moniz consegue apresentar os projetos e depois estes não têm o devido seguimento no Governo Regional. “Não há boa vontade política para a sua concretização, o que nos prejudica, sobretudo quando o Governo Regional é o interlocutor para o acesso aos fundos comunitários. Estes são na ordem dos 85% a fundo perdido. Não se percebe porque é que o Governo bloqueia obras com as quais não teria qualquer despesa. Estes investimentos significam mais-valias para a região, não apenas para o concelho. É difícil quando o progresso encontra o obstáculo da política e quando os seus dirigentes tudo fazem para prejudicar as câmaras que não são da sua cor politica”, revela o autarca que acrescenta: “Há mais exemplos. Realizamos uma candidatura para um banco de ajudas técnicas e aquisição e uma viatura adaptada ao transporte de pessoas com mobilidade reduzida, candidatura essa que foi reprovada pelo Governo Regional. O que é que o Governo Regional perdia com o facto de Porto Moniz oferecer serviços tão importantes para a nossa população? Porque é que o nosso projeto foi recusado? A desculpa de que o concelho vizinho, São Vicente, dispõe desta resposta não me convence. Eles são autónomos e as suas respostas não têm que servir, nem servem efetivamente, o concelho vizinho! Uma decisão destas só pode vir de um Governo Regional míope e transtornado que, de forma deliberada, tenta prejudicar uma população”.
Afirmar Porto Moniz
Em relação ao futuro, Emanuel Câmara garante que pretende que o concelho de Porto Moniz seja, cada vez mais, “uma realidade e uma afirmação não só no contexto regional, mas também nacional e internacional nas mais diversas áreas. Claro que também temos consciência das nossas limitações, nomeadamente a nível geográfico. O Porto Moniz é o concelho mais pequeno na Madeira em termos de número de habitantes, contudo, dos maiores em termos de dimensão”.
De acordo com o edil, o resultado das próximas Eleições Regionais será fundamental para determinar da forma como decorrerá a segunda metade do seu mandato. “Garanto que se o Partido Socialista ganhar não iremos fazer às câmaras sociais-democratas aquilo que o PSD nos faz. Temos que ser isentos em todos os processos, tratando todos por igual. Se o PS ganhar, Porto Moniz irá ver reconhecidos os seus direitos e toda a sua capacidade de trabalho e vai poder evoluir. Agora se o PSD continuar a dominar o Governo Regional, terei que adotar um comportamento diferente, denunciador junto das entidades competentes, denúncias essas que poderão chegar à União Europeia. Não compreendo nem aceito que Porto Moniz continue a sofrer com uma discriminação negativa por parte do Governo Regional. Já provei que é possível governar em equidade e justiça e que as populações sabem reconhecer esse esforço e essa forma justa de fazer política. A visão que pretendemos implementar é completamente diferente daquela que tem sido levada a cabo pelo PSD que olha para as autarquias como departamentos do Governo Regional e não como instituições independentes. O PSD sempre castrou a vontade e os projetos dos seus autarcas. É por isso que quando são confrontados com um poder próprio que dá voz aos anseios das populações ficam claramente perturbados, fruto da sua incompetência política”.
Emanuel Câmara acredita que nas últimas eleições o resultado já poderia ter sido diferente, mas que “os madeirenses foram iludidos com a dita renovação. Mas, o PSD de hoje continua a ser o PPD do passado e, infelizmente, para pior, na medida em que tentam condicionar a forma como as pessoas pensam e se exprimem. As pessoas continuam com receio, porém, sentimos que, cada vez mais, existe uma libertação de todos os medos e de tudo aquilo que perpetuou o PSD durante tantos anos na Madeira”. O autarca acusa ainda que “as Casas do Povo são braços armados do Governo Regional, onde tem havido muito dinheiro derramado, usado para propaganda política combater nos locais onde o PSD não conseguiu ganhar, o que demonstra, inequivocamente, o desespero de um Governo que está sem soluções”.
O edil acredita que, nas próximas eleições, “finalmente, virá ao de cima aquela que é a verdadeira vontade dos madeirenses e que o PS vai vencer, concretizando a tão desejada mudança. Penso que é inequívoca a vontade de mudar de todos os madeirenses e porto-santenses. Esperamos que venha a desejada lufada de ar fresco que irá solucionar muitos dos nossos problemas”.
Pronto para lutar por Porto Moniz
“Sempre me habituei a não virar a cara à luta, talvez fruto da minha educação e da minha formação. Os meus pais, apesar de pessoas simples, sempre me incutiram valores e sempre me ensinaram que nada é fácil na vida. Prova disso foi a vida de emigrantes que levaram. Também por isso, com 14 anos, fiquei a viver com os meus avós, porque os meus pais estavam ausentes, e aprendi a desenrascar-me e a ter a capacidade de gerir e de ajudar os meus avós nas mais variadas tarefas. Eu sei o que custa a vida e comecei a trabalhar muito cedo, com apenas 17 anos de idade, na hotelaria, ainda que, atualmente, a minha vida profissional seja ligada às Finanças. Também já estive durante muitos anos ligado ao desporto por isso a luta nunca me meteu medo e sempre aprendi a viver as vitórias e as derrotas”, assegura Emanuel Câmara.
Apesar de confiante na vitória, o autarca reconhece que, na vida, “as coisas nem sempre são como queremos e que nos vamos deparar com muitos obstáculos. Quando assumi a liderança do Partido Socialista fi-lo de forma consciente, sabendo o tamanho dos desafios que iria ter pela frente. Sei que estes só poderão ser transpostos com muita humildade e com o chamado «trabalho de formiguinha», diário e junto das populações, com inteligência e sabedoria, mas sempre de olho nas «cigarras», exímias na arte de ludibriar, para que estas não levem de vencida a mudança com recurso à demagogia e à mentira vil”.
Emanuel Câmara afirma que o PS quer mostrar a todos os madeirenses e porto-santenses que “existe mais mundo político para além daquele que o PSD mostra e oferece. Estou convicto que, a partir do dia 22 de setembro, seremos poder na Região Autónoma da Madeira”. Contudo, o autarca é perentório: “Não queremos o poder pelo poder, queremos sim fazer diferente e melhor. Quanto ao meu futuro pessoal estou tranquilo. Digo muitas vezes que aquilo que valho politicamente o devo à população de Porto Moniz. Em 1993, quando me candidatei pela primeira vez, o Partido Socialista era quase inexistente no concelho. Vinte anos depois, e fruto do tal «trabalho de formiguinha», vencemos a Autarquia com mais de 65% dos votos. Nunca pensei ser presidente do PS/Madeira, mas aceitei o desafio e a responsabilidade com muito orgulho, profundamente agradecido pela confiança que os militantes socialistas e os madeirenses em geral depositaram neste projeto que lidero. A História faz-se com pessoas que não têm medo do combate e, por isso, acredito que estou no caminho certo e não tenho medo do futuro. A minha profissão nunca foi a política”, conclui.