Solucionar a problemática da falta de água
Em entrevista ao Empresas +®, Paulo Santos, presidente da Câmara Municipal de Sátão, acredita que, brevemente, o Município vai conseguir resolver a problemática da falta de água que atinge o concelho em anos de maior calor. O autarca revela ainda que a Autarquia continua sem aceitar a transferência de competências na área da educação, saúde e bem-estar animal.
Questionado sobre a forma como está a decorrer o presente mandato, Paulo Santos, presidente da Câmara Municipal de Sátão, advoga que, no decorrer destes dois últimos anos, o Executivo esteve sempre muito preocupado e empenhado, “eu e toda a equipa de vereação, um presidente sozinho não consegue fazer nada”, em conseguir o melhor para o Município de Sátão e para toda a sua população. Apesar disso, e de todo o esforço levado a cabo, “ainda não estamos completamente satisfeitos porque reconhecemos que ainda existe muito trabalho a fazer”.
De acordo com o autarca, a sua maior preocupação e o dossier no qual mais tem trabalhado prende-se com o abastecimento de água e explica porquê: “Este é um concelho do Interior que se debate com a falta de água. Enquanto não caem as primeiras chuvas, o abastecimento fica limitado, isto porque 65% do concelho é abastecido pelo rio Vouga. Quando este seca, durante os meses de verão, surge uma um problema grave para todo o concelho que urge solucionar”. Segundo o edil, a solução passou pela criação e reparação de diversos açudes, “o que nos permitiu aumentar exponencialmente a nossa capacidade de retenção de água, e salvaguardou que o concelho não tivesse falta de água durante os meses mais quentes”. Apesar dessa conquista, Paulo Santos ressalva que a resolução definitiva para esta problemática não depende apenas do Município de Sátão, “mas de todos os municípios desta região. Neste sentido, tentamos em tempos criar a empresa Águas de Viseu, composta por oito concelhos, projeto que não se concretizou. Neste momento estão a ser dados os primeiros passos para a criação de uma nova Águas de Viseu, mas apenas com cinco concelhos: Sátão, Penalva do Castelo, Mangualde, Nelas e Viseu. Com este novo projeto estou esperançado que a questão ficará resolvida, ainda que tenha consciência de que este plano carecerá de tempo até que esteja em pleno funcionamento. Acredito ainda que, dentro de dois ou três anos, Sátão será servida por água proveniente da Barragem do Balsemão ou de Trancoso. Esta é uma grande preocupação para nós porque, sem água, não existe vida e não podemos correr o risco de voltar a repetir 2015 quando, julho de 2015, andávamos já preocupados em contratar tanques de água para que esta pudesse ser distribuída às populações”.
Preocupações constantes
Para Paulo Santos outra questão preocupante e que a Autarquia ainda não conseguiu solucionar, “apesar de não ser da nossa competência”, prende-se com a requalificação da ligação Sátão/Viseu. “Não faz sentido demorarmos 30 ou 45 minutos para fazermos 18 quilómetros”. Contudo, as preocupações não ficam por aqui e o autarca revela que, na área social, está em andamento um projeto de habitação social, para o realojamento de famílias que vivam em condições “indignas” no concelho. Já no passado o Município realojou algumas famílias, mas o problema ainda não está solucionado. Já no que diz respeito ao ensino, o edil garante que o concelho possui boas condições, ainda que se debata com um problema transversal a todos os concelhos do Interior: “A diminuição da população em idade escolar. Algumas escolas já fecharam e outras irão fechar no futuro, o que é inquietante”.
Em relação às obras que estão atualmente a decorrer, Paulo Santos advoga que, com recurso a fundos comunitários do Portugal 2020, estão a decorrer projetos no âmbito do PARU (Planos de Ação de Regeneração Urbana) no centro da vila. Estas construções prolongar-se-ão até 2021. “Já realizámos obras na Quinta das Vigárias e estão a decorrer melhoramentos nos espaços centrais. Vamos ainda realizar melhorias na biblioteca, assim como na alameda junto ao Centro de Saúde, para mencionar apenas alguns projetos”. Além de todas estas mais-valias, o autarca ressalva que a grande obra que está, neste momento, a decorrer é a construção da nova ETAR do Sátão, “que possibilitará a eliminação de todas as fossas sépticas que existem e que estão a nascente de Sátão. Esta é uma obra estruturante para a melhoria do meio ambiente e para um aumento considerável da qualidade de vida dos nossos cidadãos”. Esta é uma obra orçada em um milhão e oitocentos mil euros, comparticipada a 80% por fundos comunitários, “o que é significativo”.
O edil revela ainda que a Autarquia se candidatou a outros projetos no âmbito do PAMUS (Plano de Ação para a Mobilidade Urbana Sustentável), assim como procedeu a candidaturas para a renovação das aldeias, “no âmbito das quais pretendemos criar o Museu Zoológico do Sátão, através da recuperação de uma antiga escola – Decermilo, para além da reconstrução da Casa das Aves, em Castelo – Ferreira de Aves, onde será construído um Centro Interpretativo. Este último objetivo foi um desafio difícil de transpor pela dificuldade na aquisição da casa. Apesar de pequena apresenta um grande valor histórico, uma vez que aí se encontra o pelourinho e terá funcionado a prisão. Penso que esta obra estará concluída no próximo ano. Estamos também muito comprometidos com o bom funcionamento da nossa zona industrial, onde está já a laborar uma empresa e se irão implantar outros projetos, nomeadamente alguns de capital estrangeiro, que vão transformar, por completo, a economia local, a região e, até mesmo, o país”.
A transferência de competências
No que concerne à transferência de competências do Estado Central para os municípios, Paulo Santos assevera que o Município não aceitou as competências na área da educação por dois motivos, “ainda que saibamos que, independentemente da nossa vontade, em 2021, estas terão que ser aceites”. O autarca afirma que tentou assegurar que o Governo substituía os telhados de amianto na Escola Secundária de Sátão e na Escola EB de Ferreira de Aves, que pertencem ao mesmo Agrupamento, antes que a Autarquia assumisse a competência, “exigência que não foi aceite pelo Poder Central. Não queremos receber a responsabilidade de escolas nestas condições porque sabemos que depois não seremos capazes, sozinhos, de realizar estas obras num prazo estabelecido pelo próprio Governo quando este não foi capaz de as realizar durante todos estes anos. A questão é tão simples quanto isto”.
Quanto à saúde, o edil assegura que condições para a aceitação também não eram de grande monta. “A questão prendeu-se com duas paredes no Centro de Saúde de Sátão que permitem a entrada de água e que fazem com que o espaço não ofereça as melhores condições aos seus utentes. Se estas duas paredes forem devidamente intervencionadas pelo Governo Central não temos qualquer questão contra a aceitação a competência”. Por fim, Paulo Santos refere que a Autarquia também não aceitou a competência relacionada com a saúde animal porque “não dispomos das estruturas necessárias para a prestação desse serviço, sobretudo humanas. Apesar de possuirmos veterinário e de sermos associados de um canil/gatil localizado em Rãs – Sátão, temos falta de outros técnicos especializados para a oferta de um serviço de qualidade”.
Paulo Santos ressalva ainda que a oposição, “apesar de forte, tem sido colaborante nas questões verdadeiramente importantes para o futuro das populações”. O autarca garante que o Executivo se vai continuar a empenhar para que “aquilo que o Sátão tem de bom, o turismo, o património religioso e a natureza, sejam ainda mais potencializados, continuando, assim, a atrair todos aqueles que ano após ano nos visitam”, conclui.