Terra de encantos e paixões
Em entrevista ao Empresas+®, Fernando Barros, presidente da Câmara Municipal de Vila Flor, faz o balanço deste segundo mandato à frente dos destinos da Autarquia transmontana. Com obras marcantes e de referência para o concelho e, sobretudo, para todos os vilaflorenses o autarca garante que muito ainda há para fazer nesta “terra de encantos e paixões, de gente boa e hospitaleira, que sabe receber bem quem nos visita”.
Com uma pandemia a irromper a meio do seu mandato, Fernando Barros, presidente da Câmara Municipal de Vila Flor confessa que alguns planos tiveram que ficar adiados e que muitos outros foram adaptados perante esta nova realidade. Contudo, apesar de todas as vicissitudes, olhando para trás, o autarca confessa um sentimento de dever cumprido, uma vez que conseguiu cumprir a quase totalidade das promessas eleitorais que fez a todos os vilaflorenses. “Este sucesso só foi possível porque a execução de todos os projetos foi realizada com todo o cuidado e foi devidamente planeada. Neste momento, deveremos ser um dos concelhos que apresenta uma maior taxa de execução de obras, o que muito nos orgulha. Chegámos a ter em execução, em simultâneo, investimentos superiores a sete milhões de euros em obras, valor significativo para uma autarquia como a nossa. Atualmente, muitos outros projetos têm financiamento comunitário já assegurado, sendo que outros ainda aguardam aprovação da respetiva candidatura”.
Principais obras
Sendo a educação um dos principais estandartes deste mandato, o autarca revela que foram concluídas as obras de requalificação da escola secundária, investimento no valor de 600 mil euros. Foram ainda terminadas as obras na escola básica, orçadas em mais de um milhão de euros. “Os alunos têm agora uma infraestrutura que lhes proporciona mais comodidade, conforto e acesso a uma educação de qualidade. Aqui investimos nos equipamentos de ensino antes da sua degradação. É por isso que já temos aprovados mais 500 mil euros de apoio para continuarmos a melhorar as condições para todos os nossos alunos que frequentam a EB 2,3 de Vila Flor”.
Outra das obras mais emblemáticas realizadas foi a grande requalificação do edifício dos Paços do Concelho, tornando-o num espaço funcional, versátil e adaptado às necessidades do século XXI. “Esta era uma obra que não podíamos adiar mais e que era de vital importância para todos os vilaflorenses”, garante o autarca.
Fernando Barros destaca ainda o renovado Complexo do Peneireiro, espaço municipal que é dos mais procurados em todo o Nordeste Transmontano. Este é um espaço com 60 hectares de terreno, dotado de parque de merendas, parque infantil, três piscinas, um restaurante, espaços desportivos, loja de artesanato e produtos regionais e que está interligado com o Parque de Campismo Municipal, “quer em termos da estratégia de promoção do turismo do concelho, quer como instrumento de integração e desenvolvimento de atividades promotoras de qualidade de vida, destacando o nosso ambiente, história e património”. Em jeito de balanço, o autarca advoga que a utilização deste espaço tem superado as expectativas mais otimistas.
Fernando Barros também enaltece o novo edifício e espaço envolvente do Encontro das Artes Graça Morais, um projeto que pretende homenagear a pintora portuguesa natural deste concelho do distrito de Bragança. “Graça Morais é do Vieiro, uma aldeia onde mantém um ateliê de trabalho, e foi a inspiração para este novo espaço que representou um investimento de 1,2 milhões de euros e que servirá para acolher exposições e ateliês de várias áreas artísticas como a pintura, escultura, música, artes gráficas, entre outros”.
Ainda na área da cultura, o presidente elogia o Centro Interpretativo do Cabeço da Mina (CICM), cujo objetivo passa pela divulgação do património natural e cultural da região da Vilariça e que tem como base o importante achado arqueológico da década de 80, no Cabeço da Mina, classificado de Interesse Público em 2014. “Falamos de um conjunto de estelas antropomórficas atribuídas às primeiras comunidades agro-pastoris que habitaram o vale há cerca de 4.000 anos”. O CICM promove ainda a biodiversidade, tanto a nível de flora como da fauna autóctone.
Fernando Barros também não esquece o Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT), composto por aproximadamente 25 mil hectares e que está situado no Baixo Tua, integrando os municípios de Alijó, Murça (margem direita do rio Tua), Vila Flor, Carrazeda de Ansiães (margem esquerda do rio Tua) e Mirandela. “Neste parque as possibilidades são infinitas uma vez que congrega cinco concelhos de culturas e tradições identitárias completamente distintas, o que faz com que exista uma grande diversidade de escolha, por parte de quem a visita, tanto ao nível da gastronomia, como dos vinhos e artesanato, geologia e hidrogeologia, microrreservas, fauna, flora e agro-sistemas”.
Por fim, o edil destaca o FabLab– Laboratório de Fabricação Digital e Prototipagem, criado com o objetivo de potenciar a capacitação tecnológica e empreendedora do concelho, fomentando a inovação e a criatividade. “Este será um espaço aberto a toda a comunidade, onde se pode fazer quase tudo, em diversas escalas de tamanho e em diferentes materiais”. Este espaço está equipado com máquinas de utilização acessível que permitem a impressão de objetos tridimensionais, o corte computadorizado de materiais, a realização de moldes e até a execução de trabalhos de eletrónica.
“O nosso Fablab ainda não foi inaugurado ou aberto ao público e já se encontrava em atividade no sentido de auxiliar o nosso concelho e outros próximos na luta contra a Covid-19, nomeadamente, através da produção de viseiras de proteção. Todo o equipamento produzido foi distribuído pelas instituições socias do concelho e forças de segurança, uma vez que a principal prioridade é apoiar toda a população nesta fase difícil”, assevera Fernando Barros.
Neste combate à pandemia, o autarca assegura que os serviços municipais estiveram sempre a funcionar. “Tenho que agradecer esse esforço à nossa equipa de trabalho que, de forma abnegada, esteve sempre a lutar em prol dos interesses de todos os vilaflorenses, tudo para que os impactos desta pandemia pudessem ser os menores possíveis”. Neste sentido, a Autarquia distribuiu de forma maciça, por toda a população máscaras cirúrgicas, comunitárias e gel desinfetante, distribuindo ainda cabazes alimentares, sempre que necessário.
O edil esclarece que as empresas também não foram esquecidas. “No primeiro confinamento criámos um fundo de 200 mil euros de apoio direto ao comércio local. Quando fomos atingidos pela segunda vaga, criámos um novo fundo destinado a apoiar as empresas que tivessem registado uma quebra de 25 por cento da sua faturação, em relação a 2019. Por fim, dinamizamos outras iniciativas de apoio ao comércio local, na medida em que, por cada dez euros de compras no concelho nas várias lojas aderentes, as pessoas recebem um talão de participação para se candidatarem a um de três sorteios, com cinco prémios de 500 euros, oito prémios de 250 euros e dez prémios de 150 euros, num total de seis mil euros. Estes prémios são sempre reconvertidos em vouchers, tudo para que as pessoas reinvistam esse dinheiro nas empresas de Vila Flor”.
O que faltou fazer?
Apesar de tudo, Fernando Barros lamenta que a construção da Barragem Redonda das Olgas ainda não tenha iniciado, apesar dos projetos de execução estarem concluídos e do estudo de impacte ambiental ter já terminado e ter sido entregue para análise e aprovação, no dia 10 de Julho de 2020. “Neste momento aguardamos, apenas, a aprovação do estudo de impacte ambiental para podermos dar início às obras. Infelizmente, a pandemia atrasou, inevitavelmente, a análise dos processos”. (O projeto aprovado contempla a construção da barragem e do sistema de regadio e, vai custar cerca de 10,17 milhões de euros e vai beneficiar uma área de 600 hectares de terrenos agrícolas). A albufeira terá uma capacidade de 1,7 milhões de metros cúbicos de água e para além do regadio “servirá como apoio no combate aos incêndios florestais, já que a zona para onde está localizada é frequentemente fustigada pelas chamas, na época crítica dos fogos”.
O autarca advoga ainda que a revisão do PDM (Plano Diretor Municipal) já está concluída. Temos, hoje, um PDM de terceira geração, um dos primeiros municípios do Norte do País a ter um instrumento de gestão territorial inovador, o que permitiu a criação de uma nova Zona de Acolhimento Empresarial, “uma vez que a existente não satisfaz a crescente procura das empresas que se querem estabelecer no concelho. “Ainda que sejamos um concelho de pequena dimensão, somos o segundo do distrito de Bragança nas exportações, o que é assinalável”. A criação de emprego é muito importante para população, pelo que é fundamental executar as obras estruturantes que criam as condições necessárias para fixar empresas que desenvolvam atividades geradoras de postos de trabalho. O autarca prevê que as obras arranquem ainda este ano e significarão um investimento de dois milhões de euros.
Quanto ao futuro, para além da conclusão de todas estas obras ainda a decorrer ou que ainda irão iniciar, o autarca garante que tem ainda muitos projetos para o futuro de Vila Flor que pretende ver concretizados num próximo mandado. “Desejamos, por exemplo, continuar a promover o abastecimento de água a mais aldeias, mais-valia vital para o bem-estar das populações. Para além disso, queremos melhorar as 31 ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] que existem espalhadas por todo o concelho e torná-las, ainda mais, eficientes e amigas do ambiente. Também não podemos esquecer o projeto de criação de um novo parque pedagógico e biológico, num investimento de, pelo menos, 2.5 milhões de euros, junto ao Parque de Campismo. Por fim, o mercado municipal, obra que não nos foi possível concretizar ainda, mas que é de suma importância para nós. Este espaço fica no centro da Vila e funcionará como uma espécie de incubadora de empresas. Queremos renovar e rentabilizar todo aquele espaço desaproveitado e colocá-lo ao dispor dos nossos empresários e das nossas gentes. Este espaço central funcionará ainda como montra daquilo que de melhor se faz e se produz neste concelho, alavancando o trabalho realizado por todos os produtores locais”.
Fernando Barros revela que o futuro terá que passar, forçosamente, pela revitalização da economia e pela constante promoção de Vila Flor, como destino turístico de eleição tanto para o turismo ecológico e de natureza como para o turismo religioso “até porque possuímos uma grande riqueza arquitetónica e patrimonial a este nível, sem nunca esquecer a dinamização de espaços e eventos culturais de excelência, como tem sido sempre o nosso apanágio. Esta é uma terra de encantos e paixões, de gente boa e hospitaleira, que sabe receber bem quem nos visita”.